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Pedaços de bondes de Santa Teresa foram abandonados em terreno na Leopoldina

Restos de bondinhos de Santa Teresa jazem na Leopoldina (Foto: Marcelo Carnaval Agência O Globo)
Restos de bondinhos de Santa Teresa jazem na Leopoldina (Foto: Marcelo Carnaval Agência O Globo)

RIO - Num cemitério de veículos, localizado atrás da Estação Ferroviária da Leopoldina, estão sepultados pedaços de trens, restos mortais de dormentes e também alguns dos tradicionais bondinhos de Santa Teresa. A denúncia é do vereador Paulo Messina (PV), que esteve no local e gravou vídeos onde, segundo ele, aparecem chassis, volantes e partes dos veículos, que são tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e não poderiam virar sucata.

Uma das principais atrações turísticas de Santa Teresa e um dos meios de transporte preferidos dos moradores, os bondinhos pararam de circular depois de um acidente que deixou seis mortos e 35 feridos, em agosto. Laudo do ICCE apontou 23 falhas no veículo que colidiu .

Segundo Messina, é um absurdo que bondinhos tenham sido desmontados e levados para o terreno.

- É um patrimônio histórico destruído. É chocante. Há peças aparentemente novas expostas ao tempo, estragando - diz Messina.

O vereador afirma ainda que o secretário estadual de Transporte, Júlio Lopes, autorizou a doação de cerca de 60 toneladas de aço e ferro dos bondinhos de Santa Teresa à ONG Rio Solidário, cuja presidente de honra é a primeira-dama do estado, Adriana Ancelmo. Datado de 2008, o documento diz que foram doados aço e sucata ferrosa, que eram bens imprestáveis de bondes de Santa Teresa.

- Se os bondes são tombados, não podem ter partes doadas. Precisam ser recuperados - diz Messina, que entregou as fotos do cemitério e uma cópia do documento sobre a doação ao MP.

A Secretaria de Transporte afirmou que a doação feita à ONG não foi de material oriundo dos veículos, mas sim de trilhos retirados das ruas de Santa Teresa entre 2006 e 2007, durante uma reforma. Em nota, a assessoria da ONG, por sua vez, informou que a doação feita pela Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central), responsável pelos bondes, era formada apenas por "restos de materiais inservíveis (ferro-velho, mesas, cadeiras)". Segundo a nota, não seriam "partes ou peças de bondes". O material teria sido vendido a uma empresa de Campo Grande por R$ 25 mil.

Já a Central disse que vai apurar a denúncia de que há bondes sucateados no terreno atrás da estação de trem. Atualmente, segundo a empresa, há 12 bondes na oficina em Santa Teresa, um na estação Carioca e outro na TTrans, empresa que começou a fazer a reforma dos veículos, mas teve o contrato cancelado por determinação do Tribunal de Contas do Estado em 2009. O Inepac vai mandar técnicos ao cemitério hoje para verificar se a sucata é de bens tombados.