Saúde

Astronautas que foram à Lua têm mais risco de morte cardiovascular

Radiação prejudicou saúde de Neil Armstrong e outros do programa Apollo, diz estudo
Astronauta do programa Apollo na Lua, em 1969 Foto: Divulgação/NASA
Astronauta do programa Apollo na Lua, em 1969 Foto: Divulgação/NASA

CAPE CANAVERAL, Flórida - Os astronautas do programa espacial Apollo que pisaram na Lua têm índices cinco vezes maiores de morte por problemas cardíacos do que aqueles observados em astronautas que ficaram a bordo de ônibus espaciais. Esta é a conclusão de uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira que cita os perigos da radiação cósmica acima do campo magnético da Terra.

Realizado por cientistas da Nasa e da Universidade do Estado da Flórida, o estudo descobriu que três astronautas do programa Apollo, incluindo Neil Armstrong, primeira pessoa a andar sobre a Lua, morreram devido a doença cardiovascular. Eles são 43% dos participantes do programa Apollo avaliados. A conclusão tem sérias implicações para futuras viagens humanas para fora a Terra.

A pesquisa publicada pelo periódico "Scientific Research" foi a primeira a investigar a mortalidade de astronautas do Apollo, que foram as únicas pessoas até hoje a viajar para além de centenas de quilômetros acima da Terra. O estudo conclui que a principal ameaça à saúde dos astronautas são os raios cósmicos, muito mais prevalentes e poderosos fora da bolha magnética que envolve o nosso planeta.

A agência espacial americana contestou os resultados, dizendo que é cedo demais para fazer conclusões sobre o efeito dos raios cósmicos sobre astronautas do Apollo, já que a quantidade de dados é limitada. Mas especialistas veem implicações fortes para os Estados Unidos e outros países com ambições espaciais, assim como para empresas privadas a exemplo da SpaceX, do bilionário Elon Musk, que planeja enviar missões tripuladas a Marte e outros destinos do Sistema Solar nas próximas décadas.

A pesquisa examinou informações sobre a morte de 42 astronautas que foram para o espaço, incluindo sete veteranos do programa Apollo, e 35 astronautas que morreram sem nunca terem saído do planeta.

Os cientistas descobriram que a taxa de mortalidade por motivação cardiovascular em astronautas quem foram à Lua é cinco vezes mais alta do que entre aqueles que não foram ao espaço ou do que entre os astronautas que fizeram missões de baixa altitude a borto de ônibus espaciais que orbitaram a Terra a algumas centenas de quilômetros acima de sua superfície.

Um estudo de acompanhamento, que simulou a falta de peso e a exposição à radiação em camundongos, mostrou que a exposição a radiação era muito mais ameaçadora para o sistema cardiológico do que outros fatores, disse o pesquisador Michael Delp, principal autor do estudo.

- Os dados de camundongos mostraram que a radiação espacial profunda é prejudicial para a saúde vascular - destacou o estudioso.

Até hoje, apenas 24 pessoas voaram para além do campo magnético que protege a Terra da radiação solar, em missões de dezembro de 1968 a dezembro de 1972. Oito destes astronautas morreram, sendo que sete foram incluídos no estudo. A causa da morte de Edgar Mitchell, que não foi incluído na pesquisa, ainda não foi divulgada. Ele faleceu em fevereiro deste ano, e por isso não entrou na análise.