Ao ser lançado em 2002, “A identidade Bourne” acabou revolucionando quase que sem querer o gênero de filmes de espião. Depois do primeiro filme da franquia estrelada por Matt Damon, nem mesmo James Bond conseguiu ser o mesmo.
"Jason Bourne", quinto capítulo da série, estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (28) com o intenso realismo e as cenas viscerais de ação que marcaram a trilogia.
A saga criada a partir dos livros de Robert Ludlum volta aos eixos nestes 123 minutos de longa, mas fica o sentimento de que falta algo. Assista ao trailer acima.
Os retornos de Damon e do diretor Paul Greengrass são muito bem-vindos. Principalmente após “O legado Bourne” (2012), tentativa malfadada de continuar a série com Jeremy Renner como protagonista. A empreitada agradou pouco os críticos. O público também não morreu de amores.
A caracterização de Damon como o assassino desmemoriado treinado pela CIA foi sempre um dos responsáveis pelo sucesso da série. E foi o cineasta quem assinou os dois episódios mais bem-sucedidos: “A supremacia Bourne” (2004) e “O ultimato Bourne” (2007). A nova parceria é uma volta digna após nove anos, mas está longe de ser o auge da dupla.
Matt Damon volta a interpretar o assassino em 'Jason Bourne' (Foto: Divulgação)'Esta vez é pessoal'
Apesar de se passar em um mundo de alta espionagem, a história foi ficando mais pessoal para o protagonista. Bourne nunca esteve interessado em salvar o mundo ou o estilo de vida americano. Tampouco queria denunciar uma agência que desrespeita os limites da moral. No fim do dia, o importante sempre foi descobrir a verdade sobre seu passado.
Em “Jason Bourne”, o interesse é ainda mais pessoal, depois que a antiga agente da CIA e agora hacker Nicky Parsons (Julia Stiles) revela o envolvimento do pai de Bourne na criação do programa responsável pela sua lavagem cerebral.
A informação obriga Bourne a sair da “aposentadoria” como um lutador de rua em Atenas e adentrar uma nova trama. A história bebe muito do caso Edward Snowden e da polêmica da privacidade nas redes sociais -- em um momento que lembra muito a Justiça de alguns países que pedem pela suspensão de certo aplicativos de comunicação.
Além de Stiles, que repete o papel pela terceira vez, o longa conta com a adição de um elenco respeitável. Estão lá Tommy Lee Jones ("Homens de Preto"), Alicia Vikander ("A garota dinamarquesa") e Vicent Cassel ("Crimes ocultos").
Alicia Vikander é uma das adições ao elenco (Foto: Divulgação)Menos complexo
O enredo pode até ser atual, mas chega a ser bobinho se comparado à complexidade de “Ultimato”. O desfecho da trilogia original parecia ter dado ponto final à história do assassino. Diferente dos demais filmes protagonizados por Damon na série, este não exigirá segunda ou terceira assistida para ser compreendido. O que, em parte, é explicado pelo fato de ser o único deles que não adapta um livro de Ludlum.
Além disso, a ambientação europeia e a direção contida de Doug Liman em “Identidade” fizeram dele o favorito de muitos. Tais atributos são substituídos agora por uma trama global que vai da Islândia, passa por Grécia e Inglaterra e termina em uma cena apoteótica em Las Vegas. O clímax chega a dar saudade da perseguição pelas ruas apertadas de Paris.
“Jason Bourne” faz lembrar mais “Supremacia”, um filme competente, mas que servia como ligação entre o primeiro e segundo capítulos. Pelo desfecho, que introduz um novo inimigo para Bourne após a conclusão de sua busca, a ideia parece ter sido sempre essa.
Tommy Lee Jones é o novo diretor da CIA (Foto: Divulgação)
Vicent Cassel é o novo assassino da franquia (Foto: Divulgação)
Damon pode estar mais velho, mas está mais parrudo do que nunca(Foto: Divulgação)
