12/07/2013 12h11 - Atualizado em 12/07/2013 15h21

Conheça a estratégia ‘Black Bloc’, que influencia protestos no Brasil

Tática se autodenomina anarquista e prega a desobediência civil.
Grupos usam roupas pretas e máscaras para dificultar identificação.

Do G1, em São Paulo

Manifestantes no Rio de Janeiro protegem o rosto com roupa e até máscara de mergulho para evitar aspirar gás lacrimogêneo  (Foto: Rodrigo Gorosito/G1)Jovens protegem o rosto com roupa e máscara de mergulho no Rio, em junho (Foto: Rodrigo Gorosito/G1)

Nos protestos que têm ocorrido nas últimas semanas em diversas cidades brasileiras e também nas manifestações que ocuparam as ruas do Egito no início do ano e nos últimos dias, grupos de pessoas vestidas de preto e encapuzadas têm sido vistos promovendo episódios de violência e vandalismo. Em muitos casos, eles são influenciados pela "Black Bloc", estratégia de manifestação que se autodenomina anarquista e prega a desobediência civil nas redes sociais.

Os símbolos do Black Bloc, como o uso do capuz, parecem se inspirar em grupos antiglobalização presentes na Europa desde os anos 1980. Sua existência chamou a atenção da mídia pela primeira vez em 1999, quando protestos contra uma conferência da Organização Mundial do Comércio destruíram fachadas de diversas lojas em Seattle, nos Estados Unidos.

No Egito, o Black Bloc se posicionou contra o presidente islamita Mohamed Morsi em manifestações no início do ano, e acabou acusado pelo governo de "realizar ações terroristas".

Pessoas correm no Cairo para se esconder de um tiroteiro na madrugada de segunda-feira (8) (Foto: Khaled Mahmoud/ AFP)Pessoas correm no Cairo para se esconder de tiroteiro na madrugada do dia 8 (Foto: Khaled Mahmoud/ AFP)

No Brasil, o movimento tem se agrupado pelas redes sociais. Na página do Black Bloc Brasil no Facebook são postadas diariamente imagens de protestos e de ações da polícia, além de manuais de como proceder nas manifestações. Textos que elogiam atos de violência, como os que têm ocorrido no Egito, também foram publicados.

Protesto em Porto Alegre tem violência e confronto (Foto: Jefferson Botega/Ag. RBS/Folhapress)Durante protesto em Porto Alegre, no mês de junho,
muitos manifestantes usaram lenços e roupas nas
ruas (Foto: Jefferson Botega/Ag. RBS/Folhapress)
Manifestante com rosto coberto durante protesto em SP  (Foto: Caio Kenji/G1)Manifestante com o rosto coberto durante protesto
em São Paulo, mês passado (Foto: Caio Kenji/G1)
Manifestante com o rosto coberto segura cartaz que diz 'Viva a revolução' durante manifestação no Rio de Janeiro (Foto: Luis Gene/AFP)Homem com o rosto coberto segura cartaz  durante
manifestação no Rio (Foto: Luis Gene/AFP)

O manual que dá dicas de como proceder nos protestos abre com uma descrição do que é a desobediência civil, que pode ser feita com ou sem violência, e explica que atos violentos podem ser interpretados de maneira diferente para diversas pessoas. O texto, entretanto, lembra que "o que eles fazem conosco todos os dias é uma violência, a desobediência violenta é uma reação a isso e, portanto, não é gratuita, como eles tentam fazer parecer".

Destruição
As roupas negras e as máscaras utilizadas pelos grupos visam esconder os participantes e dificultar sua identificação pelas autoridades. A estratégia também faz com que eles se unifiquem, criando a impressão de uma só massa.

Entre os preceitos pregados, estão a destruição de propriedades como forma de protesto e de chamar a atenção para suas posições. Sedes de empresas que costumam apoiar os governos contra os quais se protesta costumam ser alvo, assim como bancos, por sua relação com o capitalismo – a essência do movimento é anticapitalista.

Por se tratar de uma estratégia, o grupo não é unificado – em um mesmo protesto, é possível haver várias aglomerações de Black Blocs, seguindo os mesmos preceitos, mas com táticas diferentes.

No Egito, os militantes se definem como "uma geração que descende do sangue dos mártires" da mobilização popular de 2011, que obrigou Hosni Mubarak a abandonar a presidência do país, depois de ter ocupado o cargo durante três décadas.

"As revoluções não são feitas com água de flor de laranjeira, mas com sangue", dizem,  afirmando serem "potenciais mártires".

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