Reuters

27/07/2016 16h42 - Atualizado em 27/07/2016 16h42

'De Longe Te Observo' retrata relação ambígua de homens na Venezuela

Longa de diretor estreante ganhou Leão de Ouro do Festival de Veneza.
Roteiro tem Guillermo Arriaga ('21 Gramas' e 'Babel') entre autores.

Da Reuters

'De Longe Te Observo', do estreante Lorenzo Vigas, ganhou Leão de Ouro do Festival de Veneza 2015 (Foto: Divulgação)'De Longe Te Observo', do estreante Lorenzo Vigas, ganhou Leão de Ouro do Festival de Veneza 2015 (Foto: Divulgação)

Foi uma grande surpresa e um fato inédito o filme venezuelano-mexicano “De Longe Te Observo”, do diretor estreante Lorenzo Vigas, ter vencido o Leão de Ouro do Festival de Veneza 2015.

A premiação também dividiu opiniões, já que havia concorrentes com credenciais mais expressivas, como o drama “O Clã”, do argentino Pablo Trapero, a animação norte-americana “Anomalisa”, de Charlie Kaufman e Duke Johnson, o docudrama “Francofonia”, do russo Alexander Sokurov, e o britânico “A Garota Dinamarquesa”, de Tom Hooper.

Em “De Longe Te Observo”, Armando (o ator chileno Alfredo Castro) é um protético solitário, de 50 anos, que mantém uma estranha e clandestina vida sexual. Ele procura adolescentes pobres nas periferias de Caracas e paga-lhes bom dinheiro simplesmente para vê-los despidos, incapaz de tocá-los ou deixar-se tocar.

Um desses garotos é Elder (Luis Silva), que mantém com Armando um primeiro encontro que termina em violência. Isso não impede que Armando volte a procurá-lo, criando-se entre os dois uma relação inquietante, tensa e cheia de segredos.

Apesar da notória diferença etária, social e cultural, Armando e Elder compartilham a carência de uma figura paterna que, aparentemente à sua revelia, ele acaba desempenhando na vida de Elder.

Ator-fetiche do premiado diretor chileno Pablo Larraín, em filmes como “Tony Manero”, “Post Mortem”, “No” e “O Clube”, Alfredo Castro é um ator preciso e magnético e que aqui, como sempre, está em pleno domínio de seu personagem. É capaz de delineá-lo com poucos diálogos e expressões corporais e faciais sutis, mas intensas.

Da mesma forma, o jovem novato Luis Silva tem a energia necessária a Elder, encarnando uma agressividade que encobre mal sua vulnerabilidade extrema, no contexto de uma Caracas desigual e violenta.

O roteiro de Vigas foi desenvolvido a partir de um argumento elaborado por ele e um de seus produtores, o mexicano Guillermo Arriaga. Ele foi roteirista de Alejandro González Iñárritu em filmes como “Amores Brutos”, “21 Gramas” e “Babel” (que lhe valeu uma indicação ao Oscar de roteiro original, em 2007).

Fiel ao estilo de Arriaga, a história se desenrola a partir de muitas noções fluidas, subentendidas, que deixam ao espectador a tarefa de preencher lacunas. Ainda tendo em vista este pressuposto, o filme deixa à mostra algumas fragilidades, com um desfecho na verdade bastante previsível e uma série de pontas soltas.

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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