Política

Abalado, Lula diz que 'nem nos piores momentos' imaginou a atual situação

A aliados, ex-presidente se mostrou preocupado com discurso de Dilma e pediu tom político na fala

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Foto: Michel Filho / Agência O Globo / 14-8-2014
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Michel Filho / Agência O Globo / 14-8-2014

BRASÍLIA - Pouco após ter sido indiciado pela Polícia Federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Brasília nesta sexta-feira para se encontrar com a presidente afastada, Dilma Rousseff. Na volta da visita, já prestes a embarcar de volta a São Paulo, o ex-presidente fez um desabafo a aliados:

–  Nem nos piores momentos da minha vida eu imaginei que aconteceria o que está acontecendo hoje.

Lula debateu com Dilma a presença dela na sessão do julgamento do impeachment no Senado, marcada para a próxima segunda-feira, e fez uma avaliação negativa do que já ocorreu até agora. Segundo relatos, ele não tem expectativa de virada no impeachment e disse que, se algum voto mudar, será uma surpresa.

– Não adianta vir aqui achar vai virar um ou outro voto. Mas, se fosse qualquer outra pessoa no lugar dela, tenho certeza que reverteria – disse um petista que esteve com Lula.

O ex-presidente está preocupado com o discurso que Dilma fará na segunda-feira. Ele quer um tom politizado, sem focar em argumentos técnicos. Algo para “entrar para a história”, em que fique registrada a denúncia do “golpe”. Mas teme que sua sucessora não o escute, a exemplo do que fez diversas outras vezes, e perca a oportunidade de ajudar a construir uma versão futura para o PT.

– Ela não deve ficar entrando em detalhes de pedaladas, tentando convencer alguém com argumentos técnicos. Tem que olhar para frente, denunciar a agenda que eles querem implementar, privatizar a Petrobras, entregar tudo para o capital privado, e por isto deram o golpe – relatou um dos senadores que esteve com Lula.

Os aliados que estiveram com o ex-presidente nesta sexta afirmaram que ele estava muito abalado, como se tivessem finalmente “caído as últimas fichas”. E também muito preocupado com o futuro do PT. Para Lula, é importante ganhar a versão dos fatos, mesmo perdendo o processo, e dando um indicativo do que será a luta para o futuro para o partido.

Havia dúvida sobre a presença de Lula no plenário do Senado durante a fala de Dilma, mas ele decidiu que estará no momento para prestar solidariedade:

–  Eu vou, é uma questão de solidariedade –  disse aos aliados, emocionado.

No próprio aeroporto da capital, o ex-presidente se encontrou com um grupo de senadores do PT para fazer uma análise do cenário. Jaques Wagner, ex-ministro de Dilma, acompanhou Lula na visita. Wagner e a mulher dele, Maria de Fátima Carneiro, estão entre os convidados da defesa que estarão presentes à sessão de segunda-feira, quando Dilma irá depor no Senado.

Na reunião com Lula, estavam presentes os senadores petistas Paulo Rocha (PA), Jorge Viana (AC), Humberto Costa (PE) e José Pimentel (CE). A expectativa é que nem mesmo a presença de Dilma sirva para mudar votos:

— Acho que não mudará muita coisa depois da fala dela. A esta altura, todo mundo já definiu seu voto. Claro que vamos continuar trabalhando, mas acho difícil virar o jogo — admitiu Paulo Rocha.

Lula retornou ainda nesta sexta a São Paulo. O ex-presidente somente voltará a Brasília no domingo, para participar da sessão do julgamento em que Dilma estará presente no Senado.

Principais passos do julgamento final

ABERTURA

Questões de ordem

25 AGO

O julgamento final da presidente afastada começa às

9h deste dia. A sessão já será aberta pelo presidente

do STF, ministro Ricardo Lewandowski. A sessão terá

intervalos das 13h às 14h e depois das 18h às 19h.

Mas, como presidente do processo de impeachment,

Lewandowski pode interromper sempre que entender

necessário.

Serão apresentadas as questões

de ordem pela acusação, defesa

ou senadores. Cada um poderá

falar por cinco minutos.

As questões serão decididas

por Lewandowski.

TESTEMUNHAS

25 a 27 AGO

É a primeira fase. Começa a fase de ouvir as testemunhas: duas da acusação e seis da defesa.

As testemunhas não falarão antes, apenas responderão a perguntas. Serão feitas perguntas por

três minutos, qe deverão ser respondidas por mais três minutos, com mais réplica e tréplica,

levando até 12 minutos cada vez. Essa primeira fase deve terminar dia 27 de agosto.

A expectativa é que 40 senadores façam perguntas às oito testemunhas, o que daria 8 horas

para cada uma das testemunhas, ou 64 horas no total (2,6 dias).

PERGUNTAS

29 AGO

É a segunda fase. Dilma vai ao Senado e falará por 30 minutos, podendo ter seu tempo prorrogado

pelo presidente do STF, a seu critério. Em seguida, os senadores, acusação e defesa poderão fazer

perguntas. Cada um poderá falar por cinco minutos. Mas ela tem direito a ficar calada.

DEBATES

30 e 31 AGO

É a terceira fase. Falam acusação e a defesa, por 1,5 hora cada uma, com direito a réplica e

tréplica por mais uma hora para cada lado. Em seguida, os 81 senadores terão direito a falar

por dez minutos cada um, como na primeira fase. Encerrada a discussão, Lewandowski apresenta

um relatório resumido dos fundamentos da acusação e da defesa.

VOTAÇÃO FINAL (noite/madrugada)

30 / 31 AGO

Fase final. Votação pelo painel eletrônico 81 senadores. São necessários 2/3 dos votos, ou

54 votos, para aprovar o impeachment. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),

não deve votar. Antes da votação, poderão falar dois senadores a favor do impeachment e dois

contra, por cinco minutos cada um.

Resultado

Aprovado o impeachment por 2/3 dos senadores, o presidente do Supremo lavrará a sentença e

solicitará que todos assinem a sentença. As partes do processo são comunicadas da decisão,

inclusive o vice-presidente.

Aprovado o impeachment, Dilma é imediatamente destítuída do cargo e fica inelegível por oito

anos. O vice-presidente da República e presidente interino, Michel Temer, assume a Presidência

em definitivo.

Principais passos do

julgamento final

25 AGO

ABERTURA

O julgamento final da presidente afastada começa às 9h deste dia. A sessão já será aberta pelo presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski. A sessão terá intervalos das 13h às 14h e depois das 18h às 19h. Mas, como presidente do processo de impeachment, Lewandowski pode interromper sempre que entender necessário.

Serão apresentadas as questões de ordem pela acusação, defesa ou senadores. Cada um poderá falar por cinco minutos. As questões serão decididas por Lewandowski.

TESTEMUNHAS

25 a 27 AGO

É a primeira fase. Começa a fase de ouvir as testemunhas: duas da acusação e seis da defesa. As testemunhas não falarão antes, apenas responderão a perguntas. Serão feitas perguntas por três minutos, qe deverão ser respondidas por mais três minutos, com mais réplica e tréplica, levando até 12 minutos cada vez. Essa primeira fase deve terminar dia 27 de agosto. A expectativa é que 40 senadores façam perguntas às oito restemunhas, o que daria 8 horas para cada uma das testemunhas, ou 64 horas no total (2,6 dias).

29 AGO

PERGUNTAS

É a segunda fase. Dilma vai ao Senado e falará por 30 minutos, podendo ter seu tempo prorrogado pelo presidente do STF, a seu critério. Em seguida, os senadores, acusação e defesa poderão fazer perguntas. Cada um poderá falar por cinco minutos. Mas ela tem direito a ficar calada.

Debates

30 e 31 AGO

É a terceira fase. Falam acusação e a defesa, por 1,5 hora cada uma, com direito a réplica e tréplica por mais uma hora para cada lado. Em seguida, os 81 senadores terão direito a falar por dez minutos cada um, como na primeira fase. Encerrada a discussão, Lewandowski apresenta um relatório resumido dos fundamentos da acusação e da defesa.

30 / 31 AGO

votação final

(noite/madrugada)

Fase final. Votação pelo painel eletrônico 81 senadores. São necessários 2/3 dos votos, ou 54 votos, para aprovar o impeachment. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não deve votar. Antes da votação, poderão falar dois senadores a favor do impeachment e dois contra, por cinco minutos cada um.

Resultado

Aprovado o impeachment por 2/3 dos senadores, o presidente do Supremo lavrará a sentença e solicitará que todos assinem a sentença. As partes do processo são comunicadas da decisão, inclusive o vice-presidente.

Aprovado o impeachment, Dilma é imediatamente destítuída do cargo e fica inelegível por oito anos. O vice-presidente da República e presidente interino, Michel Temer, assume a Presidência em definitivo.