Com 13 longas em disputa, divididos em títulos nacionais e latinos, começa nesta sexta-feira (26) a 44ª edição do Festival de Cinema de Gramado, na serra gaúcha. Ao todo, serão exibidos 50 filmes, entre curtas e longas-metragens, no telão do Palácio dos Festivais. A mostra competitiva acontece até o dia 3 de setembro, data da premiação. Obras brasileiras e estrangeiras foram selecionadas por um trio de curadores, entre um total de 931 produções inscritas.
(Foto: REUTERS/Yves Herman)
O pontapé inicial será dado em grande estilo: a atriz Sônia Braga receberá Troféu Oscarito, a principal honraria de Gramado, já na noite desta sexta (26). Logo após, será exibido “Aquarius”, do diretor Kleber Mendonça Filho, o representante do Brasil no último Festival de Cannes. Hors-concours, o filme é um dos mais aguardados do ano e é estrelado pela homenageada da noite.
“A gente sempre quis abrir o Festival de Gramado com um filme que realmente movimentasse o universo cinematográfico brasileiro. Como já aconteceu com o próprio Kleber, com o ‘O Som ao Redor’ em 2012”, lembra o jornalista Marcos Santuario, que forma, ao lado do crítico Rubens Ewald Filho e da diretora e atriz argentina Eva Piwowarski, o trio de curadores.
Na disputa pelo cobiçado Kikito dourado, entre os trabalhos brasileiros predominam os dramas e as comédias, em especial. “Neste ano a novidade é a presença de comédias de tons diferentes que geralmente são esquecidas pelos festivais, mas que Gramado tem sempre tentando prestigiar”, analisa Rubens.
“Dentro desse recorte, tem um drama forte e com temática contemporânea, como a agressão à mulher. Tem uma biografia, que não é um documentário, e tem as comédias mesmo, que conseguem fazer rir e fazer pensar”, colabora Santuario.
Prata (Foto: Divulgação)
A biografia em questão é “Elis”, de Hugo Prata, que abre a mostra competitiva no sábado (27). A obra de ficção é baseada na vida da cantora Elis Regina e protagonizada pela atriz Andreia Horta.
O dramático "O Silêncio do Céu", dirigido por Marco Dutra, aborda a questão da violência doméstica. Traz Carolina Dieckmann no papel de uma mulher vítima de estupro, mas que esconde do marido a agressão. O homem, no entanto, também preserva um segredo, e esse silêncio compromete a vida do casal.
Concorrem ainda “O Roubo da Taça”, de Caito Ortiz, cujo pano de fundo é o roubo da Taça Jules Rimet, em 1983, no Rio de Janeiro. “El Mate” de Bruno Kott e “Tamo Junto”, de Matheus Souza, também integram a competição.
O veterano Domingos de Oliveira encerra a mostra na corrida pelo Kikito com “Barata Ribeiro, 716”. Caio Blat, habitué de Gramado, vive o alterego do cineasta, em uma história sobre a intensa boêmia carioca que termina no golpe de 64.
Argentina domina mostra latina
Sete longas-metragens disputam na categoria latina de Gramado. A Argentina aparece em quatro produções.
“A Argentina há muito tempo é um dos países com maior número de coproduções com quase todos países da América Latina. A lei de cinema argentina facilita a coprodução. Por isso, é natural que um filme uruguaio seja coproduzido por Argentina e, agora, Brasil e Paraguai”, explica Eva.
“Acho que é muito legal porque permite observar a conveniência das coproduções, tanto econômicas, como também culturais e sociais. Um filme coproduzido tem ao menos dois países e dois mercados onde estrear. É um objetivo que os produtores latinos e do Mercosul procuraram muito tempo e hoje finalmente tem frutos”, conclui.
Há ainda representações de Bolívia, México, Venezuela, França, Cuba, Chile e Uruguai (confira a lista completa abaixo).
Outros homenageados
Além de Sônia Braga, outros artistas serão homenageados e têm presença garantida no festival. O cineasta José Mojica Marins, conhecido como Zé do Caixão, receberá o Eduardo Abelin, que é entregue como reconhecimento a diretores, produtores e técnicos pelo trabalho desenvolvido em prol do cinema brasileiro.
A atriz argentina Cecilia Roth, famosa por estrelar as obras de Pedro Almodóvar, será homenageada com o Kikito de Cristal. Já o troféu Cidade de Gramado será dado ao ator Tony Ramos.
- Serviço
44ª Festival de Cinema de Gramado
Data: De 26 de agosto a 3 de setembro
Onde: Palácio dos Festivais (Av. Borges de Medeiros, 2697)
Quanto: De R$30 (sessão) e R$ 100 (premiação)
- Todos os filmes da mostra competitiva
Longas-metragens brasileiros
- "Barata Ribeiro, 716" (RJ), de Domingos Oliveira
- "El Mate" (SP), de Bruno Kott
- "Elis" (SP), de Hugo Prata
- "O Roubo da Taça" (SP), de Caíto Ortiz
- "O Silêncio do Céu", (SP), de Marco Dutra
- "Tamo Junto" (RJ), de Matheus Souza
Longas-metragens estrangeiros
- "Guarani" (Paraguai/Argentina), de Luis Zorraquín
- "Campaña Antiargentina" (Argentina), de Ale Parysow
- "Carga Sellada" (Bolívia, México, Venezuela e França), de Julia Vargas
- "Espejuelos Oscuros" (Cuba), de Jessica Rodrigues
- "Esteros" (Argentina/Brasil), de Papu Curotto
- "Sin Norte" (Chile), de Fernando Lavanderos
- "Las Toninhas Van al Leste" (Uruguai/Argentina), de Gonzalo Delgado e Verónica Perrotta
Curtas-metragens brasileiros
- “A Página” (SP), de Guilherme Andrade
- “Aqueles Anos em Dezembro” (SP), de Felipe Arrojo Poroger
- “Aqueles Cinco Segundos” (MG), de Felipe Saleme
- “Black Out” (PE), de Adalmir da Silva, Felipe Peres Calheiros, Francisco Mendes, Jocicleide Valdeci de Oliveira, Jocilene Valdeci de Oliveira, Martinho Mendes, Paulo Sano e Sérgio Santos
- “Deusa” (SP), de Bruna Callegari
- “Horas” (RS), de Boca Migotto
- “Ingrid” (MG), de Maick Hannder
- “Lembranças do Fim dos Tempos” (SP), de Rafael Câmara
- “Lúcida” (SP), de Fabio Rodrigo
- “Memória da Pedra” (BA), de Luciana Lemos
- “O Ex-Mágico” (PE), de Mauricio Nunes e Olimpio Costa
- “O Que Teria Acontecido ou Não Naquela Calma e Misteriosa Tarde de Domingo no Jardim Zoológico” (RJ), de Gugu Seppi e Allan Souza Lima
- “Rosinha” (DF), de Gui Campos
- “Super Oldboy” (SP), de Eliane Coster
Curtas-metragens gaúchos
- “A Rua das Casas Surdas” (Porto Alegre), de Flávio Costa e Gabriel da Fonseca Mayer
- “Another Empty Space” (Porto Alegre), de Davi de Oliveira Pinheiro
- “Às Margens” (Porto Alegre), de Boca Migotto
- “As Três” (São Leopoldo), de Elena Sassi
- “Bandidos Desalmados” (Porto Alegre), de Zaracla
- “Carol” (Porto Alegre), de Mirela Kruel
- “Dia dos Namorados” (Porto Alegre), de Roberto Burd
- “Escape” (Porto Alegre), Jonatas Rubert
- “Escotofobia” (Porto Alegre), de Rafael Saparelli
- “Horas” (Porto Alegre), de Boca Migotto
- “Inatingível” (Porto Alegre), de Rodolfo de Castilhos Franco
- “Interrogatório” (São Leopoldo), de Raul Fontoura
- “Lipe, Vovô e o Monstro” (Porto Alegre), de Felippe Steffens e Carlos Mateus
- “Mundo de Wander” (Porto Alegre), de Lisandro Santos
- “O Jardim dos Amores de Woody Allen” (Porto Alegre), de Gustavo Spolidoro
- “Objetos” (Porto Alegre), de Germano de Oliveira
- “Outono Celeste” (Pelotas), de Yuri Minfroy
- “Pobre Preto Puto” (Santa Cruz do Sul), de Diego Tafarel
- “Quando Pisei em Marte” (Pelotas), de Analu Favretto e Taís Percone
- “Sesmaria” (Pelotas), de Gabriela Richter Lamas
- "Tabaré Inácio", de Luiz Alberto Cassol
- “Vida Como Rizoma” (Porto Alegre), de Lisi Kieling
- “Venatio” (Canoas), de Ulisses da Motta
- “Vento” (Porto Alegre), de Betânia Furtado