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Classificação de 18 anos a 'Aquarius' é 'injusta', diz Kleber Mendonça Filho

Pernambucano ressalta não ter elementos para afirmar que se trata de 'censura'
Kleber Mendonça Filho Foto: Divulgação
Kleber Mendonça Filho Foto: Divulgação

RIO — Kleber Mendonça Filho disse nesta quarta-feira que considera injusta a classificação indicativa de 18 anos a "Aquarius", determinada pelo Ministério da Justiça, conforme revelou a coluna de Ancelmo Gois na terça-feira . Mas diz não ter elementos para afirmar que se trata de censura vinda do governo, como foi especulado nas redes sociais.

Em maio, o cineasta pernambucano, junto com a equipe e o elenco do filme (incluindo a protagonista Sonia Braga), protestou no Festival de Cannes contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Na época, os artistas levantaram cartazes denunciando o que consideram um "golpe" no país.

O filme, que entra em cartaz no dia 1º de setembro, ganhou classificação indicativa de 18 anos por conter “situação sexual complexa”, segundo o relatório do Ministério da Justiça. Kleber, que está em Niterói para a pré-estreia do longa, defende-se:

— O relatório me pareceu muito bem feito. O problema é que é técnico demais, como se tivesse sido feito por uma máquina, e não um ser humano. Outra coisa: eu não seria doido de fazer um drama humano em que as cenas de sexo são desnecessárias. Eu sei onde está a linha que não pode ser ultrapassada.

Há três cenas de sexo em "Aquarius". Uma delas retrata uma orgia, em que é possível ver um pênis ereto, mas sem penetração explícita.

— Não é um filme com elementos de pornografia, com representação gráfica de penetração — diz Kleber.

Ele cita filmes brasileiros recentes que receberam classificação indicativa mais leve, apesar de apresentarem conteúdo sexual "franco". Entre eles, "Tatuagem" (2013), de Hilton Lacerda, que recebeu a classificação de 16 anos; "Praia de Futuro" (2014), de Karim Aïnouz (14 anos); e "Boi neon" (2015), de Gabriel Mascaro (16 anos).

— Ao todo, há 13 ou 14 segundos de elementos que poderiam ser considerados sexuais em "Aquarius". Não é justo — conclui Kleber. — Não tenho informações que levem a crer que exista censura, mas, no atual clima político do país, qualquer pessoa poderia pensar nisso. Não culpo ninguém.