Ao visitar a Floresta Amazônica e o sertão nordestino, há mais de 30 anos, o diretor Cacá Diegues viu um novo país nascer ali. Com a chegada da TV, novos hábitos culturais surgiram. E com a abertura de estradas, um Brasil atrasado e carente passou a alimentar o sonho de modernidade e desenvolvimento.

Passadas mais de três décadas, o G1 percorreu cerca de 8 mil quilômetros de estradas para saber o que mudou e o que segue igual nas cidades que serviram de cenário para “Bye Bye Brasil”. A viagem de 35 dias do jornalista Glauco Araújo e do repórter cinematográfico Luciano Cury foi registrada no blog Caminhos do Brasil – Caravana G1.

O resultado final da empreitada é uma série de nove reportagens sobre o interior do Nordeste e Norte do Brasil, com vídeos, fotos, mapas e relatos colhidos em 17 cidades de nove estados e do Distrito Federal.

Frases do filme

A igreja devia excomungar essa pouca vergonha”

Lorde Cigano, sobre os artistas de TV

Que isso, cara? O minério é o futuro da Amazônia”

Negociante de Altamira, no Pará
Ficha técnica de 'Bye Bye Brasil'
Gravação

1978/1979

Direção

Cacá Diegues

Elenco

José Wilker, Betty Faria, Fábio Jr e Zaira Zambelli

Lançamento

Fevereiro de 1980

Duração

110 min

Produção

LC Barreto

Roteiro

Cacá Diegues e Leopoldo Serran

Bilheteria

1,488 milhão de espectadores

Trilha

Chico Buarque, Roberto Menescal e Dominguinhos

Prêmios

Melhor diretor (Festival de Havana) e indicado à Palma de Ouro de Cannes

E para abrir o especial "Bye Bye Brasil, três décadas depois", entrevistamos Cacá Diegues, o ator José Wilker e a produtora Lucy Barreto para falar sobre as filmagens, relembrar as histórias marcantes ocorridas nos bastidores e avaliar a importância do filme para o cinema nacional.

Assista ao vídeo abaixo para ver “neve no sertão”, a dança sensual de Salomé, o caminho para Altamira (PA) e outras cenas emblemáticas de “Bye Bye Brasil”

Atrás da Caravana Rolidei...

Produção grandiosa até para os dias de hoje, “Bye Bye Brasil” cruzou o sertão nordestino e atravessou a Floresta Amazônica. Clique nas cidades, veja como cada local serviu para a construção da narrativa do filme e veja a rota feita pelo G1 mais de 30 anos depois.

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Cidade fictícia do sertão do Alagoas (Piranhas)

Depois de ‘prolongada ausência devido a compromissos em São Paulo’, a trupe mambembe da Caravana Rolidei retorna ao sertão por uma noite para seu espetáculo

... E a rota do G1

Já o repórter Glauco Araújo e o cinegrafista Luciano Cury reproduziram os passos da Caravana Rolidei, acrescentando na lista cidades próximas que ganharam repercussão nos últimos 30 anos, como Guaribas (PI), cidade modelo do Fome Zero.

Roteiro em cordel

Repórter lista as cidades visitadas pelo G1 em ‘cordel sertanejo’ improvisado.

Quem é quem no filme

A trupe mambembe na Caravana Rolidei rodava o sertão brasileiro vendendo ilusão e sexo para moradores e autoridade locais. O grupo circense perdeu espaço no mesmo ritmo em que as “espinhas de peixe”, antenas de TV que trouxeram mudanças culturais, ganharam os telhados das casas e mudaram a paisagem urbana das comunidades isoladas. O auge e a queda da Caravana – formada por Lorde Cigano, Salomé, Ciço e Dasdô – não deixam de ser um reflexo dessas transformações.

Lorde Cigano

José Wilker

“Imperador dos mágicos"

Ilusionista e malandro, é o líder da trupe mambembe

Salomé

Betty Faria

“A rainha da rumba”

Dançarina e garota de programa quando a situação complica

Ciço

Fábio Junior

Sanfoneiro do sertão

Apaixonado por Salomé, pede para integrar a caravana

Dasdô

Zaira Zambelli

Mulher de Ciço

Grávida, é levada a tiracolo pelo marido na viagem

O rabisco do roteiro

Em entrevista exclusiva ao G1, Cacá Diegues fala da chegada da TV no interior nordestino e conta como teve a ideia de fazer “Bye Bye Brasil”.

- Cacá Diegues

Making-of

  • ‘Improvisos ensaiados’

    José Wilker fala sobre o personagem Lorde Cigano e relembra os improvisos feitos para que “Bye Bye Brasil” fosse rodado em cidades pobres e isoladas do interior brasileiro

  • ‘Entidade de outro mundo’

    O ator principal afirma que Betty Faria esbanja sensualidade como Salomé. José Wilker conta que as pessoas olhavam para ela como se fosse “uma entidade mística mágica”

  • ‘Tínhamos dois caminhões só de luz’

    A produtora Lucy Barreto fala sobre a parceria com Cacá Diegues e relembra dificuldades de gravar “um filme grande para época” nas estradas do sertão brasileiro

Histórias das filmagens

Diretor, ator e produtora relembram das semanas na estrada filmando “Bye Bye Brasil”

  • 'Improvisamos muito na filmagem'

    Cacá Diegues recorda a falta de conhecimento sobre o sertão brasileiro e a Floresta Amazônica. Ele diz que muitas cenas do filme foram improvisadas

  • Descoberta da Transamazônica

    Wilker lembra que a rodovia Transamazônica era um “lamaçal intransponível” no final dos anos 1970. Cacá fala que carros dividiam a estrada com carros de boi

  • ‘A gente botou fogo num puteiro’

    Estrelas de “Bye Bye Brasil” recordam com bom-humor dos perrengues das gravações, que teve incêndio em bordel de Belém, hotel e restaurantes improvisados

Eu acho que o Brasil continua ingênuo. Se você pode não encontrar mais pessoas crédulas a ponto de acreditar na neve no Brasil, hoje você encontra pessoas crédulas o bastante para eleger a Câmara dos Deputados que a gente tem”

- José Wilker

A história do filme em seis frases

  • Altamira é o centro da Transamazônica. Tem gente do Brasil inteiro indo lá para trabalhar na estrada e depois comprar terra. O abacaxi lá é do tamanho de uma jaca e as árvores do tamanho de um arranha-céu”

    Caminhoneiro do sertão, ao falar sobre as maravilhas Altamira (PA) para Lorde Cigano
  • Depois que os brancos chegaram a minha aldeia se acabou. Agora vou para a cidade, pacificar os brancos”

    Cacique de Marabá (PA), ao pedir carona na beira da Transamazônica até Altamira
  • Eu mal sei ler e escrever. Papel para mim só serve para embrulhar o pão e limpar a bunda”

    Lorde Cigano, para um comerciante que lhe ofereceu emprego em uma fábrica flutuante de papel em Santarém
  • A gente passa a vida inteira esperando ouvir isso de um homem com sinceridade. E, quando algo assim acontece, o coração da gente já está gelado”

    Dançarina Salomé para Ciço, após escutar um 'eu te amo' do sanfoneiro
  • Cabe mais alguém? Não cabe. E, no entanto, continua a chegar gente como vocês, do Brasil inteiro. E é justo: o futuro está aqui no Planalto Central”

    Assistente social de Brasília, durante a chegada de Ciço e família no Distrito Federal
  • Agora a gente vai para Rondônia. Vamos fazer show para índios, eles nunca viram nada parecido. Civilização”

    Salomé, ao explicar para Ciço qual seria o novo destino da Caravana Rolidei

Próxima parada: Piranhas

Confira a partir de agora as principais paradas da viagem pelas cidades de “Bye Bye Brasil”, publicadas diariamente pelo G1. A primeira delas é em Piranhas, interior de Alagoas, principal locação das filmagens e que não tinha energia elétrica há 35 anos.

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