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Insegurança, promessas e salário levam Ricardo e Botafogo ao divórcio

Apesar da boa relação, treinador não gostou do fato de acordo verbal de renovação não ter sido assinado. Proposta e projeto do São Paulo seduziram o técnico

Por Rio de Janeiro

Ricardo Gomes Homenagem Botafogo (Foto: Vitor Silva / SS Press / Botafogo)Ricardo foi homenageado há menos de um mês ao completar um ano no Botafogo (Vitor Silva / SS Press)

É ingrato prever o futuro do Botafogo sem Ricardo Gomes. Gostem ou não, é indiscutível que o time alvinegro tinha a cara do treinador. Com três volantes, na zona de rebaixamento, o fato é que o Botafogo é um time organizado. Peca muito nas falhas individuais, mas prima pela organização.

Em 13 meses, Ricardo Gomes cativou o Botafogo. Nunca foi unanimidade entre os torcedores, mas tinha muito prestígio dentro do clube. A decisão final no futebol sempre era dele. Ricardo comprou o barulho de um clube com sérias dificuldades financeiras. Logicamente cometeu erros, mas a sensação que fica é que levou o time ao seu limite em vários momentos.

O Botafogo também cativou Ricardo Gomes. O clube lhe abriu as portas no momento em que ele estava fora do mercado por quatro anos, por conta de um AVC. Foi essa gratidão que o fez  permanecer em General Severiano, quando recebeu polpuda proposta financeira do Cruzeiro, no final do Campeonato Carioca. A recusa ao clube mineiro e a renovação com o Alvinegro soaram como um final feliz. Mas foi ali que os problemas começaram.

Para ficar no Botafogo, Ricardo Gomes ouviu promessas de um bom reajuste salarial, de um contrato com garantias e de reforços de peso. Apenas a primeira foi cumprida ao pé da letra. As contratações realizadas indiscutivelmente encorparam o elenco,  mas também não encheram os olhos do treinador. A grana curta impediu maiores ousadias no mercado.

No entanto, o que realmente chateou Ricardo Gomes foi o fato de o novo contrato nunca ter sido confeccionado e assinado. Na ocasião, quando anunciou a permanência do treinador, o presidente Carlos Eduardo Pereira revelou que o novo vínculo iria até dezembro de 2017, com multa rescisória para ambos os lados. O acerto verbal nunca foi para o papel.

– Quando você quer muito, tem que amarrar – disse uma pessoa próxima ao treinador.

O técnico, assim como o gerente Antônio Lopes, recebeu aumento, mas, sem contrato assinado com multa estabelecida em caso de demissão, conviveu com a insegurança de ser demitido em um futuro próximo, especialmente com a situação alvinegra na tabela. 

Ricardo Gomes seguiu trabalhando normalmente, o fato não foi determinante, mas colaborou (e muito) para a saída do treinador, que balançou com a oferta do São Paulo.  Ele não sai brigado, participou inclusive de um almoço de comemoração do aniversário do Botafogo, nesta sexta, mas é óbvio que o clube não aprovou a opção do técnico. A proposta para receber aproximadamente o dobro, com a garantia de um contrato com multa e um time teoricamente mais qualificado levaram Ricardo a buscar o divórcio, após um relacionamento com dificuldades, mas aparentemente feliz durante 13 meses.

ricardo gomes, botafogo (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)Ricardo Gomes estava feliz, mas balançou com a proposta do São Paulo (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)