O tom de voz é baixo e, durante a entrevista, percebe-se certa timidez. Mas ao ser questionado sobre o futuro, João Victor Oliva fala sem rodeios e com segurança: "quero fazer a minha vida em cima dos cavalos". A afirmação segura chama atenção por ele ainda ter 20 anos. Mas a certeza para cravar isso é porque ele já tem traçada a rota que pretende seguir. Além de competir como cavaleiro no hipismo adestramento, o filho da ex-jogadora de basquete Hortência quer também criar cavalos. Desta forma, unir as duas paixões que tem: a pela competição e pelo animal.
Após a disputa da Olimpíada do Rio de Janeiro, o jovem retorna para a Alemanha, onde treina e mora. Lá, pretende também ter a criação de cavalos. Filho do empresário e criador de cavalos José Victor Oliva, João quer seguir os passos do pai e vê o mercado alemão como bom para a criação do animal.
– Pretendo fazer minha vida em cima dos cavalos. Crio cavalos lusitanos aqui no Brasil. Estou com sete cavalos na Europa. Não quero nunca deixar os cavalos de lado. Então, tento fazer a minha vida em cima dos cavalos. Como? Vamos ver se é compra de cavalos, fazer negócios... Mas, claro, nunca deixando o esporte de lado e sempre priorizando o esporte – afirmou.
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– Eu crio no Brasil, mas lá na Alemanha é onde eu treino. Então, seria mais fácil ter cavalos na Alemanha. Lá o mercado é maior, as competições, os concorrentes estão todos na Alemanha. É o centro mundial desse esporte. Então, aqui no Brasil fica um pouco difícil. Mas está crescendo esse esporte. A Olimpíada está ajudando bastante – completou.
O pai de João Victor é criador de cavalos puro-sangue lusitano, mas recentemente começou a criar também a raça warmblood. Dos sete cavalos de João Victor, três são warmblood e quatro são puro-sangue lusitano. Para entrar no ramo da criação, o jovem pretende estudar mais sobre o assunto e a parte empresarial da área.
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– O mercado de cavalo é muito grande no mundo. O cavalo é um
animal que você pode fazer dinheiro em cima. Então, pretendo sim. Claro
que selecionando os cavalos de esporte e os à venda, conciliando isso e
fazer com que dê certo os dois – disse.
balanço da olimpíada
A Olimpíada do Rio de Janeiro foi a primeira da carreira de João Victor. Nessa quinta-feira, 11, o cavaleiro se apresentou na primeira fase da disputa de adestramento e foi o brasileiro com a melhor média: 68,071%. Ficou na 46ª colocação entre os 59 competidores. Apesar de o Brasil não ter avançado à segunda fase da modalidade, João Victor faz balanço positivo da estreia nos Jogos Olímpicos.
– Achei que fui dentro do esperado. Gostei muito da minha apresentação.
Claro que faltaram algumas coisas, que normalmente não acontecem. Erros
que normalmente não cometo. Coisas que são mais difíceis, fiz
facilmente. Então, acho que foi boa a minha apresentação. Estou contente
com o meu cavalo. Consegui tirar aplausos do público. Estou contente
com isso. A pontuação, no momento, é a maior pontuação brasileira da
história em Olimpíada. Então, estou bem contente. Sabendo que tem muito a
melhorar – analisou.
A equipe brasileira, com média de 21 anos, foi a mais nova entre os 11 países que competiram. Assim como os demais integrantes da equipe, João Victor prevê o crescimento do time e, consequentemente, em melhores resultados nos próximos Jogos Olímpicos.
– Acho que o Brasil tem muito o que evoluir. Temos a idade média mais
nova. Elevamos bastante a pontuação. Para frente, se manter o trabalho,
só vai melhorar. É um esporte de carreira longa. Tenho só 20 anos e tem
gente com 60 competindo – destacou.
em busca de evolução
Como não pretende deixar de lado as competições para criar cavalos, João Victor Oliva espera evoluir nos próximos anos para seguir representando o Brasil. Passados os Jogos Olímpicos, planeja disputar taças mundiais no próximo ano.
– Tenho muito que aprender ainda. Estou em boas mãos. Tenho muito que
aprender com o meu treinador (o alemão Norbert Van Laak). Meus cavalos também. O que quero mesmo da
vida é saber ensinar cavalos, e não só saber apresentá-los. Quero entrar em
provas com cavalos que ensinei. Acho que isso vale mais do que qualquer
medalha. Ensinar um cavalo e colocá-lo em alto nível – afirmou.