Reuters

24/08/2016 17h54 - Atualizado em 24/08/2016 18h03

'Águas Rasas' tem Blake Lively fugindo de ataques de tubarão

Atriz fica sozinha na tela durante praticamente todo o filme.
Momentos de tensão acontecem mais na costa do que em alto-mar.

Da Reuters

'Águas Rasas' tem Blake Lively tentando escapar de ataques de tubarão (Foto: Divulgação)'Águas Rasas' tem Blake Lively tentando escapar de ataques de tubarão (Foto: Divulgação)

A televisão norte-americana vai reviver o clássico personagem dos anos 80, MacGyver, na próxima temporada de outono nos Estados Unidos. Mas Blake Lively bem que poderia reivindicar este título e pegar o papel para si pelo que demonstra em “Águas Rasas”, na pele da estudante de medicina, Nancy Adams.

Sozinha na tela em praticamente todo o longa de Jaume Collet-Serra, ela não apenas luta contra um implacável tubarão no alto de um pequeno recife, onde se refugia, como também mostra que brincos, um pingente de colar e roupas de neoprene podem fazer parte de seu kit de primeiros socorros. Da mesma forma, uma pistola sinalizadora é capaz de solucionar emergências de vários maneiras.

Por mais que o clássico “Tubarão” (1975), de Steven Spielberg, venha à memória sempre que o animal está em cena, a trama desta texana em uma praia deserta no México (na verdade, da Austrália, onde ocorreram as filmagens) se parece mais com a do casal de mergulhadores do verídico “Mar Aberto”.

O diferencial, além dos momentos de tensão acontecerem na costa e não em alto-mar, está justamente no drama sobre o duro processo de luto escondido na estrutura de um filme de terror. Após a ressaca levar sua colega a deixá-la na mão, Nancy resolve ir sozinha ao lugar secreto, só conhecido pelos locais, onde sua mãe esteve em 1991, quando estava grávida dela. Para a moça, conhecer aquela praia é um modo de reencontrar a mãe depois de sua morte, que ainda não foi superada por ela.

A moça chegou a trancar a faculdade por questionar se poderia encarar aquele sofrimento outras vezes. Só não esperava cruzar com um tubarão que iria morder a sua perna e transformar o final de seu dia de surfe em horas de suplício, ficando ferida e ilhada no arrecife.

As convenções do roteiro de Anthony Jaswinski ficam aparentes no modo como as soluções encontradas pela protagonista estão encaixadinhas no decorrer da trama. Ainda assim, não chegam a atrapalhar a narrativa, assim como a rasa construção da personagem, sustentada pelos rápidos diálogos expositivos da irmã e do pai, cujo videochat aparece na tela através de grafismo.

Até a escolha fácil por Nancy falar com ela mesma e a gaivota machucada que a acompanha naquela pedra, longe do minimalismo silencioso de “Até o Fim” e próxima da dinâmica de “Náufrago” com a bola Wilson, funciona como recurso para a superação mental daquele sofrimento.

A direção de Collet-Serra oscila entre close-ups, giros e imagens aéreas, em alta velocidade ou slow motion, com ritmo para entreter o espectador. Bastam duas cenas, porém, para o catalão perder a mão com um visual forçado na aura fantástica das águas-vivas e em um momento crucial com o tal tubarão cair no estilo desenho animado.

Neste ponto, até o animal criado através de computação gráfica se apresenta de forma mais artificial, distante dos animatronics de Spielberg.

Contudo, há êxitos técnicos também, a exemplo do instigante trabalho de desenho de som, em particular na sequência que acompanha a perspectiva da protagonista entrando e saindo da água. Igualmente, a escolha pela música da cantora Sia se encaixa no drama de Nancy e até na simbologia da gaivota como representação de sua mãe a protegê-la, em uma leitura do filme como analogia das dificuldades de superar o luto.

Esse processo de amadurecimento da personagem torna-se nítido para o público por causa da entrega de Blake Lively e sua capacidade hipnotizante de cativar a plateia e fazê-la “lutar junto” com a jovem naquele recife.

(Por Nayara Reynaud, do Cineweb)

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