Política Impeachment

STF adia julgamento de denúncia contra a senadora Gleisi Hoffmann

Petista só responderá à ação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro após votação do impeachment

Gleisi Hoffman discursa no plenário do Senado durante julgamento do processo de impeachment
Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado
Gleisi Hoffman discursa no plenário do Senado durante julgamento do processo de impeachment Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado

BRASÍLIA – O julgamento da denúncia contra a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que estava marcado para ocorrer na próxima terça-feira, foi retirado da pauta da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). O relator da Lava-Jato no tribunal, ministro Teori Zavascki, pediu o adiamento antes que a defesa fizesse isso. Considerou que a análise da acusação contra Gleisi não poderia coincidir com o julgamento do processo do impeachment no Senado, já que a parlamentar não poderia acompanhar ao mesmo tempo as duas sessões. Não há nova data para o julgamento no STF.

Também foram denunciados o marido de Gleisi, o ex-ministro Paulo Bernardo, e o empresário Ernesto Kugler. Se a maioria dos cinco ministros que integram a turma aceitar a denúncia, os investigados passarão à condição de réus em uma ação penal. O tribunal também pode simplesmente arquivar o caso, por falta de provas suficientes para justificar a continuidade das investigações. Compõem a Segunda Turma os ministros Gilmar Mendes, Teori Zavascki, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Celso de Mello.

Segundo a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a campanha de Gleisi ao Senado em 2010 recebeu R$ 1 milhão do esquema de desvios de dinheiro da Petrobras. Há indícios de que o dinheiro teria sido entregue pelo doleiro Alberto Youssef. A quantia teria sido paga em quatro parcelas a Kugler, a pedido de Gleisi e do marido.

Gleisi foi ministra da Casa Civil no governo de Dilma Rousseff entre junho de 2011 e fevereiro de 2014. Paulo Bernardo foi ministro do Planejamento no governo Lula, de 2005 a 2011, e das Comunicações no governo Dilma, de 2011 a 2015. Assim como Kugler, o casal é suspeito de ter cometido corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O casal foi citado na Lava-Jato em delações premiadas de Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Em seguida, veio a delação do advogado Antônio Carlos Fioravente Pieruccini, que detalhou como o dinheiro teria sido repassado para a campanha de Gleisi. Em depoimento ao Ministério Público Federal, Pieruccini afirmou ter transportado R$ 1 milhão de São Paulo para Curitiba, a pedido de Youssef. O doleiro teria dito que a destinatária final do dinheiro era a campanha da petista.

Pieruccini disse que as entregas ocorreram em uma sala de propriedade de Ernesto Kugler, localizada em um shopping de Curitiba. Pieruccini teria levado uma caixa lacrada com a inscrição “P.B./Gleisi”. Ainda segundo Pieruccini, Kugler contou as notas, em um total de R$ 250 mil, e disse que o valor “não dava nem para o cheiro”. Teriam ocorrido outras três entregas no mesmo molde, segundo o delator.