28/08/2016 13h53 - Atualizado em 28/08/2016 20h55

'Elis', com Andreia Horta, abre mostra competitiva do Festival de Gramado

Atriz vive a cantora gaúcha em cinebiografia dirigida por Hugo Prata.
Filme estreia nos cinemas brasileiros em 24 de novembro.

Rafaella FragaDo G1 RS, em Gramado

Andreia Horta vive Elis em cinebiografia da cantora (Foto: Carlos Mossmann/Pressphoto)Andreia Horta vive Elis em cinebiografia da cantora (Foto: Carlos Mossmann/Pressphoto)

A cinebiografia da cantora Elis Regina teve sua primeira exibição em Gramado, na noite de sábado (27), abrindo a mostra competitiva do Festival de Cinema, na serra gaúcha. A sessão contou com a presença do diretor Hugo Prata e de parte da equipe, inclusive a protagonista Andreia Horta, que esteve recentemente na novela "Liberdade, Liberdade", na TV Globo.

Pouco antes da exibição, no tapete vermelho, a equipe foi recebida ao som de "Fascinação", ganhando aplausos da plateia. Ao subir ao palco, a atriz foi poética. "Esse é o momento sagrado da oferenda final. Que a carne e o espírito se encontrem e dancem com Elis", disse. O trabalho foi bastante aplaudido após a transmissão, e a atuação de Andreia, muito elogiada.

Ela não imita a Elis cantando. Ela vive aquela mulher"
Hugo Prata sobre a atuação de Andreia Horta

Em entrevista coletiva neste domingo (28), a atriz mineira, fã declarada da cantora, conta que era um sonho de adolescência interpretar Elis. "Eu era louca por ela. Com 14 anos, cortei cabelo joãozinho", relembra.

"Esse trabalho me fez fazer perguntas bem importantes para o meu ofício. Todos sabem que eu não sou a Elis. Ela morreu em 1982, eu nasci em 1983, nossas matérias nunca se cruzaram. O que foi me acalmando era a vontade de criar", complementa, explicando que não trata-se de uma "imitação de Elis".

"Ela não imita a Elis cantando. Ela vive aquela mulher", acrescenta o diretor Hugo Prata.

É o primeiro longa-metragem do cineasta, que traz na bagagem a direção de três curtas. Com experiência também em videoclipes e DVDs musicais, ele disse que o tema teve forte influência para dar início ao projeto.

"Sempre fui apaixonado por música. Ouço do berço o melhor da música brasileira. Consumo muita, até tentei fazer música, mas vi que não era o caso", ri. Segundo ele, o filme foi concluído poucos dias antes de sua primeira exibição pública. O desejo de uma cinebiografia de Elis, porém, é bastante antigo. Em 2012 começaram as tratativas para transformá-lo.

Elenco do filme Elis no tapete vermelho, em Gramado (RS) (Foto: Cleiton Thiele/Pressphoto)Elenco do filme 'Elis' no tapete vermelho, em
Gramado (Foto: Cleiton Thiele/Pressphoto)

No longa, a Pimentinha é retratada a partir da chegada à cidade do Rio de Janeiro, em 1964, quando tinha 19 anos de idade. Embora já fosse popular na cidade natal, em Porto Alegre, Elis ainda era uma cantora sem expressão nacional. Foi no Rio que ela se tornou, a partir de 1965, uma das maiores cantoras do Brasil.

O filme contempla diversas fases da vida de Elis: o início da carreira, o estouro nacional ao vencer o primeiro Festival de Música Popular Brasileira, a parceria com Jair Rodrigues, o primeiro casamento, com Ronaldo Bôscoli, o segundo casamento, com o músico César Camargo Mariano e a relação com os três filhos. A ditadura militar e o uso de álcool e drogas também aparecem, mas de forma mais amenizada. Elis morreu em 1982, com 36 anos de idade.

No entanto, outros momentos simbólicos na trajetória da cantora foram retirados do roteiro, que foi cortado quase pela metade. Da primeira versão, com 130 páginas, ficaram 80, que foram transformadas em cerca de duas horas de filme.

Equipe do filme Elis fala sobre a produção do trabalho (Foto: Cleiton Thiele/Pressphoto)Equipe do filme 'Elis' fala sobre o trabalho
(Foto: Cleiton Thiele/Pressphoto)

A parceria com Tom Jobim, a relação com outros artistas como Rita Lee e Milton Nascimento e a marcante passeata contra a presença de guitarras na música brasileira, por exemplo, ficaram de fora.

"Duas horas é pouquíssimo tempo. A gente tem que fazer uma seleção das coisas que vão entrar e não vão entrar. Grandes eventos ficam de fora. A gente estava querendo focar exatamente nisso de não ficar só abraçado ao mito, ao talento dela. Seria fácil só enaltecê-la. A gente queria se aproximar um pouco da mulher", explica o diretor.

Filme sobre Elis Regina (Foto: Divulgação)Filme sobre Elis Regina é dirigido por Hugo Prata
(Foto: Divulgação)

"Lógico que eu queria ter abordado Elis e Tom. A passeata esteve no primeiro tratamento do roteiro. Mas era uma cena grande, cara, complexa. Era uma coisa muito maior, era contra a cultura americana e tudo mais. Ficou conhecida como a passeata da guitarra, mas era uma situação bem mais complexa. Eu não teria tempo no roteiro para contextualizar tudo isso", justifica.

"Um filme de duas horas não dá conta de tudo. É um filme sobre a Elis, mas sugiro que se façam outros".

A interpretação de Andreia foi bastante elogiada, criando a expectativa de um Kikito de melhor atriz. Para ela, a experiência foi transformadora.

"Ontem, na noite da exibição, eu fiz 33 anos e um mês de vida. Falam por aí que é a idade do renascimento, do recomeço das coisas, né? O filme vem abrir esse momento pra mim. Esse filme ajudou a reafirmar que estou interessada na expêriencia, no enquanto eu faço algo.  Desde muito jovem eu quis fazer Elis no meu corpo. A experiência é o que me interessa. Isso pauta as minhas escolhas", analisa. O filme chega aos cinemas brasileiros em 24 de novembro.

Festival de Cinema de Gramado
Com 13 longas em disputa, divididos em títulos nacionais e latinos, a 44ª edição do Festival de Cinema de Gramado vai até o dia 3 de setembro na serra gaúcha. Ao todo, serão exibidos 50 filmes, entre curtas e longas-metragens, no telão do Palácio dos Festivais.

São seis longas brasileiros e sete estrangeiros, que disputam na categoria latina. A Argentina aparece em quatro produções, e inclusive em coproduções com o Brasil. Há ainda representações de Bolívia, México, Venezuela, França, Cuba, Chile e Uruguai.

Homenageados
Sônia Braga recebeu o Troféu Oscarito na noite de início do Festival de Cinema, quando foi exibido o filme 'Aquarius', de Kleber Mendonça Filho. O longa, no entanto, está fora da competição oficial,, e foi escolhido apenas para a sessão de abertura do evento. A atriz de 66 anos é protagonista.

Na noite seguinte, Tony Ramos foi homenageado em uma cerimônia emocionante. O ator, que tem mais de 50 anos de carreira e 128 personagens no currículo, recebeu o Troféu Cidade de Gramado.

O cineasta José Mojica Marins, conhecido como Zé do Caixão, receberá o Eduardo Abelin, que é entregue como reconhecimento a diretores, produtores e técnicos pelo trabalho desenvolvido em prol do cinema brasileiro. Já a atriz argentina Cecilia Roth, famosa por estrelar as obras de Pedro Almodóvar, será homenageada com o Kikito de Cristal.

- Serviço
44ª Festival de Cinema de Gramado
Data: De 26 de agosto a 3 de setembro
Onde: Palácio dos Festivais (Av. Borges de Medeiros, 2697)
Quanto: De R$ 30 (sessão) e R$ 100 (premiação)

Andréia Horta vive Elis Regina em cinebiografia da cantora (Foto: Cleiton Thiele/Pressphoto)Andréia Horta vive Elis Regina em cinebiografia da cantora (Foto: Cleiton Thiele/Pressphoto)

 

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