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Após 7º lugar, Bimba elogia estrutura, mas lamenta falta de legado para Baía

Ricardo Winicki cumpre objetivo de disputar medal race da RS:X, e diz que não houve problema com lixo nas regatas. Aos 36 e sem adversários no Brasil, mira Tóquio

Por Rio de Janeiro

A Olimpíada do Rio de Janeiro terminou neste domingo para Ricardo Winicki, o Bimba, que ficou em sétimo lugar na classe RS:X geral das disputas de vela. O objetivo de disputar a medal race, entre os dez melhores, foi alcançado, quando chegou em sexto. Um dos velejadores que mais reclamou da poluição da Baía de Guanabara, Bimba elogiou a organização da competição e se mostrou satisfeito por sua classe não ter tido registro de problemas. Mas lamentou a falta de legado. Ele acredita que, "por sorte ou competência", a poluição não atrapalhou nenhum competidor. Antes do início dos Jogos, Torben Grael, coordenador da equipe brasileira, alertou que a "arena" da vela havia sido entregue com lixo.

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Ricardo Santos Bimba vela (Foto: Clive Mason/Getty Images)Bimba em ação neste domingo na Baia de Guanabara (Foto: Clive Mason/Getty Images)

- A organização foi nota 10. Até o lixo colaborou. Sei que muito pouco foi feito. Essas águas limpas não são reais. Em uma semana vão estar poluídas de novo. Infelizmente, não ficou o legado que tinha de ficar. Tinha dinheiro suficiente. Se não me engano, desde 1990, já gastaram algumas centenas de bilhões em tentativas de limpar a Baía e nada aconteceu. É uma pena. Em relação a evento, organizadores, juízes, não tenho o que reclamar. Fiquei muito satisfeito - disse.

Para uma Olimpíada no Rio, com competição de vela dentro da Baía, eu particularmente esperava muito mais. Meus adversários e amigos também"
Bimba, velejador brasileiro

Durante as regatas, os velejadores não tiveram problemas com sacos plásticos presos, por exemplo. Se não houve legado, ao menos o Brasil não passou vergonha.

- Se tiver (um legado), é tão insignificante que não é do tamanho de uma Olimpíada. Não tivemos problemas com saco plástico. Isso é preciso elogiar. Se foi por sorte ou competência, não sei. Para uma Olimpíada no Rio, com competição de vela dentro da Baía, eu particularmente esperava muito mais. Meus adversários e amigos também. Se alguém foi responsável por isso (falta de lixo durante as regatas), está de parabéns, tenho de admitir. Ninguém pode reclamar que teve sujeira de saco plástico. Estava com medo de passarmos vergonha, mas isso não aconteceu - completou.

Experiente e entre os 10 melhores velejadores do mundo aos 36 anos, Bimba espera não ter se despedido das Olimpíadas neste domingo. Sem adversários no Brasil, ele quer competir nos Jogos de Tóquio, em 2020.

- Estou feliz com meu sétimo lugar. Já são 12 anos entre os melhores do mundo. É a quarta final olímpica que faço. Sabia que seria difícil. Saio de cabeça erguida. Pretendo estar em Tóquio. Enquanto estiver entre os dez melhores do mundo e fazendo meu trabalho, vou estar velejando  - garantiu.

Confira outros trechos da entrevista com Bimba:

Ricardo Santos Bimba vela 3 (Foto: Mark Kolbe/Getty Images)Bimba ficou em sétimo lugar na classe RS:X (Foto: Mark Kolbe/Getty Images)

Desenvolvimento da vela
- As pessoas têm nojo de mergulhar na Baía. Não à toa estamos vendo uma praia do Flamengo linda e não tem ninguém nadando. É uma praia linda, bacana, mas ninguém quer entrar na água. Esse é um dos motivos pelos quais eu fui morar em Búzios. E lá também estão começando a poluir. Esperamos que haja uma cultura melhor do esporte. Não vemos trabalho nas escolas, aulas de educação física. Acho que o Brasil tem um excelente potencial e está ficando para trás. 

Projeto social
- Já criei vários adversários. Já perdi para eles, tive medo deles, mas chega na hora H, e a parte financeira acaba contando. Tem atletas que ganham no Brasil e no exterior falta experiência. Às vezes abro mão de campeonatos para dar oportunidade a alguns deles. Temos de seguir. Meu objetivo até março do ano que vem é dedicar 100% do meu tempo à minha escola e ao meu projeto social. Espero que a gente consiga andar para frente e que o projeto com Furnas saia do papel. O objetivo é colocar 100 crianças por ano velejando em Búzios.

Torcida perto
- Agora já posso falar. No primeiro dia eu estava super nervoso e quando passei pela boia e vi minha família, chorei. Pensei: "agora estou preparado". Quase ganhei a primeira regata, tirei em segundo na primeira boia. Fiquei muito confortável. Quem vem normalmente é quem tem carinho, não é um torcedor qualquer. É alguém da família. Isso dá um conforto legal e uma motivação extra. Tem muito estrangeiro. Minha família mesmo chegou com ingresso e ficou do outro lado da grade, porque tinha muita gente para entrar. Foi bom, porque deu para assistir. Foi fácil de encontrar. Com certeza, é uma energia que passa. Se conseguíssemos fazer mais regatas perto da praia, seria um sucesso. 

01

BICAMPEÃO OLÍMPICO TAMBÉM LAMENTA BAÍA

pódio RS:X masculino: Dempsey (prata), Rijsselberghe (ouro) e Le Coq (bronze) (Foto: Mark Kolbe/Getty Images)pódio RS:X masculino: Dempsey (prata), Rijsselberghe (ouro) e Le Coq (bronze) (Foto: Mark Kolbe/Getty Images)


A medal race da RS:X foi disputada já com ouro e prata definidos. O holandês Dorian van Rijsselberth já havia se sagrado bicampeão olímpico, e o britânico Nick Dempsey tinha a prata assegurada. Restou a disputa pelo bronze, que ficou com o francês Pierre Le Coc, que precisou apenas de um sétimo lugar para subir ao pódio. Assim como Bimba, Dorian foi um grande crítico da Baía de Guanabara durante o ciclo olímpico. Perguntado se ele havia mergulhado na água para comemorar o título, algo tradicional na vela, disse que não e sorriu.

- O Brasil fez uma promessa nos últimos anos e não cumpriu. É um país com muitos problemas, mas muito bonito. Eles tentaram, ainda estão tentando. Não soube de nenhum problema na minha classe, só um cara da Finn que teve problema com plástico. 

02

PATRÍCIA FREITAS PROCURA ALGUÉM PARA APOSENTÁ-LA


Patrícia Freitas também disputou a medal race da RS:X feminina, com chances improváveis de medalha. Chegou em quarto lugar e terminou a Olimpíada em 8º. Seis velejadoras chegaram neste domingo com chance de medalha, e a francesa Charlie Picon levou o ouro ao ficar na segunda posição, superando a chinesa Peina Chen por apenas dois pontos perdidos - 64 a 66. A russa Stefaniya Elfutina levou o bronze. Patrícia ficou satisfeita com sua primeiria medal race em três Olimpíadas. Depois de Londres pensou em desistir. Agora, pensa em seguir enquanto não houver rivais no país.

 - Procura-se alguém para velejar e me aposentar (risos). 

03

domingo ruim para os outros brasileiros



O domingo não foi bom para as brasileiras da classe 470. Fernanda Oliveira e Ana Luiza Barbachan queimaram a largada da primeira regata do dia. Isso significa que a dupla perdeu 21 pontos – 20 (como se estivesse ficado no último lugar) mais um, independentemente da posição em que terminam a disputa. A dupla completou a regata sem saber que tinham queimado a largada e terminou em terceiro lugar, mas de nada adiantou. Na segunda regata do dia, Fernanda e Ana Luiza ficaram em oitavo. Assim, vão para a segunda-feira em oitavo na classificação geral e dentro da zona de medal race. As líderes são as britânicas Hannah Mills e Saskia clark, com 20 pontos perdidos. Faltam três regatas, mas a medal race.

– Foi um dia difícil. Não tivemos um bom desempenho. Queimamos uma largada em uma regata boa em que ficaríamos em terceiro lugar. Isso nos deixou bem chateadas, porque fizemos a regata bem disputada. Na segunda, vínhamos razoáveis, mas o vento oscilou e não conseguimos pegar essa rodada. Não conseguimos um desempenho tão bom. Foi um dia bem difícil para nós, porque eram duas regatas de alta pontuação. Nem temos certeza se queimamos a largada. Vamos pedir para rever, porque não acreditávamos que tivéssemos queimado. Corremos a regata inteira. Foi uma surpresa – disse Fernanda.

Fernanda Oliveira e Ana Luiza Barbachan vela (Foto: Clive Mason/Getty Images)Fernanda Oliveira e Ana Luiza Barbachan vela (Foto: Clive Mason/Getty Images)



Quem também esperava ter ido melhor neste domingo foi Jorge Zarif na classe Finn. Ele conseguiu um 15º e um nono lugares nas duas regatas do dia. Apesar de não ter sido como imaginava, o velejador terminou a fase classificatória em sexto lugar e garantido na medal race, mas com chances reduzidas pelo bronze – tem 81 pontos, contra 69 do croata Ivan Kljakovic Gaspic, terceiro. O britânico Giles Scott já assegurou a medalha de ouro.

A classe Nacra 17 também foi à Baía de Guanabara neste domingo. Os brasileiros Samuel Albrecht e Isabel Swan terminaram as três regatas em sétimo, oitavo e oitavo lugar, nesta ordem. Apesar disso, a dupla está em 10º lugar, com 101 pontos, classificada para a medal race, mas sem chances de medalha. Os argentinos Santiago Lange e Cecília Carranza lideram com 65 pontos perdidos.

O Brasil também queimou largada na 470 masculina. Henrique Haddad e Bruno Bethlem se complicaram na primeira regata do domingo e terminaram a segunda em nono lugar. Eles estão em 24º lugar, com 115 pontos. Os croatas Sime Fantela e Igor Marenic lideram. 

04

Scheidt tenta bronze nesta seguda


Catorze regatas estão previstas para esta segunda-feira, com destaque para as medal races da Laser, com Robert Scheidt almejando o bronze, e Laser Radial. Elas serão disputadas na raia do Pão de Açúcar, próximas à praia do Flamengo. O bicampeão olímpico tem 87 pontos perdidos e para alcançar a sexta medalha em Jogos vai precisar tirar a diferença para o neozelandês Sam Meech, com 77 pontos perdidos, e o francês Jean Baptiste Bernaz, que perdeu 86. Para isso precisa ficar a uma distância de cinco posições de Meech e duas de Bernaz. O ouro será disputado pelo croata Tonci Stipanovic, com 57 pontos perdidos, e pelo australiano Tom Burton, com 67. Na Laser Radial, a holandesa Marit Bouwmeester leva vantagem na disputa pelo ouro.

Também estão programadas três regatas da 470 masculina, três da 470 feminina, três da 49er, três da 49erFX. Começam a partir das 13h05, caso houver vento.