• Tarcísio Alves
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Andrew Parsons, Presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (Foto: Comitê Paralímpico Brasileiro)

Andrew Parsons, Presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (Foto: CPB)

O esporte é um dos maiores veículos de mudança das perspectivas em relação às pessoas com deficiência. “O esporte paralímpico tem impacto na diversidade, no respeito à diferença”, afirma o carioca Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e vice-presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC). Para ele, “nós só mudamos a realidade quando mudamos a percepção das pessoas”.

Nesse sentido, os Jogos Paralímpicos Rio 2016 serão grandes catalisadores, em termos de avanços para a inclusão social da pessoa com deficiência, sobretudo após a aprovação da Lei Brasileira de Inclusão (LBI) - também chamada de Estatuto da Pessoa com Deficiência - no ano passado. “Os Jogos Paralímpicos não são um fim, mas um passo adiante, ajudando a botar a questão da inclusão na mídia e na agenda das autoridades”, opina Parsons. Sob a gestão dele, o Brasil saltou do 9º lugar no quadro geral das Paralímpiadas de Pequim 2008, com 16 medalhas de ouro, para o 7º nos Jogos de Londres 2012, com 21 ouros. A meta é atingir o 5º lugar no quadro de medalhas nos Jogos Paralímpicos Rio 2016.

Nesta entrevista, saiba mais sobre o pensamento de Andrew Parsons, que, no Sustainable Brands Rio 2016, vai participar da Plenária Impulsionando nosso Propósito Coletivo, no próximo dia 21.

Apesar do progresso verificado entre os atletas, em nível competitivo, o apoio oficial e empresarial aos esportes paralímpicos ainda enfrenta muitas barreiras. Isso, de alguma forma, reflete uma realidade quanto à inclusão social dos portadores de deficiências nos diferentes setores? E o que o esporte tem a ensinar sobre isso?
Andrew Parsons: Em tese, este é o maior desafio. Atualmente, contamos com o apoio do Ministério do Esporte, que, por meio de convênios, nos dá condição de elaborarmos um calendário de competições internacionais e treinamentos. Além de podermos contar com uma equipe multidisciplinar para orientação, desenvolvimento e avaliação dos nossos atletas em diversas modalidades. O paratletismo conta com o patrocínio da Braskem e 13 modalidades têm o patrocínio das Loterias da Caixa, nosso maior parceiro. Temos ainda o Time São Paulo, projeto em parceria com a Secretaria de Direito à Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, e o Time Rio, com a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Não tenho dúvida de que houve mudanças positivas em relação às questões das pessoas com deficiência, e de que o esporte tem grande parcela de responsabilidade nisso. O esporte é um dos maiores veículos de mudança das perspectivas em relação às pessoas com deficiência. Nós só mudamos a realidade quando mudamos a percepção das pessoas. O esporte paralímpico tem impacto na diversidade, no respeito à diferença.

A Olimpíada é, também, uma oportunidade para chamar a atenção das pessoas, por meio do esporte, para a questão da inclusão?
A.P.: Os Jogos Paralímpicos do Rio 2016 serão grandes catalisadores, em termos de avanços para a inclusão social da pessoa com deficiência, sobretudo após a aprovação da Lei Brasileira de Inclusão (LBI), também chamada de Estatuto da Pessoa com Deficiência, no ano passado. Os Jogos Paralímpicos não são um fim, mas um passo adiante, ajudando a botar a questão da inclusão na mídia e na agenda das autoridades.

A recente inauguração do Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, fruto de uma parceria com o governo paulista, pode ser um marco para uma mudança de mentalidade sobre essa questão no país? Ou ainda são necessárias outras medidas, no sentido de se fazer um trabalho de longo prazo com os atletas?
A.P.: Acredito que o CT veio para ser o eixo de desenvolvimento do esporte paralímpico no Brasil. Já começamos a utilizá-lo com foco na preparação final para os Jogos do Rio. Ele tem capacidade para abrigar 15 modalidades e, com certeza, será sede de várias competições importantes. Mas é preciso atentarmos para o fato de que a base do esporte está na escola. E a inclusão do aluno com algum tipo de deficiência nas aulas de educação física é considerado um grande avanço. Assim, aumenta-se a base de atletas e difunde-se a prática do esporte entre pessoas com deficiência, principalmente em alto rendimento.

Qual será o legado da Rio-2016 para os atletas paralímpicos? E qual a sua avaliação desse legado?
A.P.: Penso que será o maior reconhecimento pela sociedade brasileira, que certamente abraçará nossos atletas paralímpicos como representantes de um Brasil vencedor, que é o Brasil Paralímpico. Isso mudará a percepção da população a em relação às pessoas com deficiência em nosso País. Além disso, teremos legados tangíveis, como o próprio Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro e o aumento do financiamento ao esporte paralímpico, garantido pela aprovação e sanção da Lei Brasileira da Inclusão. A soma de tais legados permitirá voos ainda mais altos em Tóquio 2020 e no papel da pessoa com deficiência no Brasil.

Como o desenvolvimento de novos materiais e tecnologias impacta o desempenho dos atletas e dos Jogos Paralímpicos?
A.P.: O esporte paralímpico está para as pessoas com deficiência como a Fórmula 1 está para o mercado automotivo. Novas tecnologias em próteses e cadeiras de rodas, por exemplo, surgem primeiro no esporte de alto rendimento para, depois, chegarem às pessoas com deficiência em seu dia a dia. Tais novas tecnologias, em termos de materiais mais leves, resistentes e de melhor performance, levam os atletas paralímpicos a um novo patamar de rendimento, muitas vezes, mesmo em relação a atletas sem deficiência. Exemplo disso são as marcas do alemão amputado Markus Rehm, que, em 2015, no salto em distância, fez a marca de 8,40 m, superior à obtida por Greg Rutherford, quando conquistou a medalha de ouro olímpica em Londres 2012, com 8,31 metros.

Sob sua gestão no Comitê Paralímpico Brasileiro, o país saltou do 9º lugar no quadro geral das Paralímpiadas de Pequim 2008, com 16 medalhas de ouro, para o 7º nos Jogos de Londres 2012, com 21 ouros. O que esperar dos nossos atletas paralímpicos no Rio 2016?
A.P.: Temos intensificado a preparação nas 22 modalidades do programa dos Jogos Paralímpicos, dando especial atenção aos principais atletas de cada uma delas, proporcionando-lhes uma preparação sob medida para cada um deles com os projetos de alto rendimento. Neste sentido, o foco é a conquista de medalhas de ouro, que são determinantes para atingirmos o 5º lugar no quadro de medalhas nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

Sobre o Sustainable Brands
Sustainable Brands é uma comunidade global que se propõe a repensar o papel das marcas e sua capacidade de gerar valor, fortalecer tendências e disseminar soluções sustentáveis para a sociedade. Com o propósito de reunir a comunidade de líderes, no Brasil e no mundo, Sustainable Brands tem como principal ativo o evento que será realizado pelo quarto ano consecutivo no Rio de Janeiro, nos dias 21 e 22 de junho. SB Rio compõe uma rede global de conferências Sustainable Brands, com 12 eventos que incluem Bangkok, Barcelona, Boston, Buenos Aires, Istambul, Kuala Lumpur, San Diego, Copenhagen, Cape Town, Tokyo e Sydney. Para saber mais sobre o SB Rio 2016, acesse: http://events.sustainablebrands.com/sb16rio.