Já tem medalha para o Brasil nos Jogos Paralímpicos do Rio!
Em disputa com final emocionante até os metros finais, Odair Santos ficou com a
prata nos 5.000m da classe T11, para deficientes visuais, na manhã desta quinta-feira, no Estádio
Olímpico. Com um sprint na reta final, o queniano Samuel Kimani tirou o tão
esperado ouro do brasileiro, que coleciona agora oito pódios em Paralimpíadas.
Wilson Bill, também do Quênia, levou o bronze (veja os melhores momentos da prova no vídeo acima).
Bicampeão campeão mundial, Odair deixou para trás qualquer
trauma pela hipertermia que impediu o tri em Doha, no Qatar, no ano passado, e
voltou a figurar entre os melhores. O brasileiro já tinha ficado com a prata na
mesma prova em Atenas 2004 e o bronze em Pequim 2008, mas competia na classe
T12, para atletas com baixa visão. Desde 2010, no entanto, ele perdeu a visão
completa por conta de uma retinose pigmentar, que começou a afetá-lo aos 9 anos.
A prata deixou Odair com uma mistura de sentimento. Apesar
do orgulho pela primeira medalha do Brasil em uma Paralimpíada em casa, o
fundista não escondeu a frustração pela derrota na reta final, mas reconheceu o
mérito do queniano.
- A gente fica frustrado por não ter ganhado, mas feliz por
ter conquistado a primeira medalha. Tenho tempo de 15m11s e não consegui
repetir (fez 15m17s55). Como eram três quenianos, eles são pedras no sapato em provas de
fundo. A estratégia era não se desprender do grupo. Eles ditariam o ritmo e
tinha que me manter no pelotão dosando um pouco no início para finalizar o mais
forte possível. Infelizmente, ele acabou me superando, mas fico feliz pela
medalha.
Com a imagem das filhas Júlia, de quatro anos, e Milena, de
dois, nas lentes dos óculos, Odair falou sobre a homenagem:
- Elas correm sempre comigo sempre, ainda mais em uma
competição importante como a Paralimpíada. Não só na lente, mas no coração
também.
No próximo dia 12, Odair Santos volta à pista do Estádio
Olímpico para a final dos 1.500m T11. Atual campeão mundial da prova e prata
nos Jogos de Londres 2012, o brasileiro é favorito para, enfim, subir ao topo
do pódio paralímpico pela primeira vez na carreira.
Estratégia quase perfeita
Um dos principais candidatos ao ouro, Odair foi paciente apesar da gritaria da torcida cada vez que passava pelo setor leste, o que concentrava maior parte do pequeno público presente no Estádio Olímpico. Sem deixar o trio queniano desgarrar, o brasileiro manteve o ritmo em cinco das sete voltas e meia da prova até acelerar nos últimos 800 metros. De uma só vez, pulou de quarto para primeiro e levantou a torcida. O ouro parecia questão de tempo.
Samuel Kimani, entretanto, fazia a melhor prova de sua vida e voltou a apertar. Na curva dos 200m, ultrapassou Odair, que ainda se manteve emparelhado até a entrada na reta final, mas não conseguiu se recuperar contra o queniano, que fez sua melhor marca pessoal: 15m16s11. Pouco mais de um segundo depois (15m17s55), o brasileiro cruzou a linha de chegada, seguido por Wilson Bill (15m22s96). Nada que impedisse a festa da torcida que ainda se acomodava no Engenhão.
Terezinha perde bateria, mas avança
Deu Liu Cuiqing no primeiro duelo com Terezinha Guilhermina
na Rio 2016. Depois de tirar os títulos mundiais da brasileira nos 100m, 200m e
400m T11 no Qatar, no ano passado, a chinesa venceu o duelo em bateria pela
primeira fase dos 100m, no Estádio Olímpico, e fez o melhor tempo da manhã
desta quinta-feira: 12s03. Com 12s19, Terezinha está classificada para
semifinal com a quarta melhor marca, atrás da britânica Libby Clegg e da também
chinesa Zhou Guohua, que fizeram 12s17.
Também brasileira, Jerusa Santos venceu a última bateria com
12s34 avançou. As semifinais, que acontecem na manhã de sexta-feira, contarão
ainda com Lorena Spoladore, vencedora da primeira prova das eliminatórias com
12s49. A medalha de ouro será disputada horas depois, às 18h52 (de Brasília).