No Enem 2015 houve aumento de 10,5% na média da nota da redação. A principal justificativa está no tema proposto: tanto a violência como o preconceito contra a mulher são questões bastante debatidas não só ao longo do ensino médio, como também nos meios de comunicação e nas redes sociais. Tanto que boa parte dos candidatos afirmou que considerou o tema “fácil”. De um modo geral, eles se sentiram à vontade para dissertar sobre o assunto.

Além disso, os textos de apoio deram muitas dicas, tornando-se quase um roteiro da dissertação. O primeiro mostrava o aumento de mulheres vítimas de assassinato; o segundo ajudava a exemplificar os tipos de violência sofrida. O terceiro texto de apoio lembrava ao candidato que existe preconceito envolvido nas agressões; o último, por fim, escancarava o paradoxo de que, embora exista a Lei Maria da Penha, a maioria dos casos nem são julgados e muito menos condenados, levando a perpetuar a impunidade.

Ora, bastava ao candidato interpretar e relacionar os textos de apoio na sua argumentação, pois a própria proposta do Enem já havia dado o caminho.

O terceiro motivo para a elevação das notas foi o susto que os candidatos levaram ao ver os resultados do ano anterior (o Enem 2014), quando mais de meio milhão de provas receberam nota zero. Esse foi um forte sinal de alerta para que escolas e estudantes passassem a dar mais atenção a esse exame.

Nessa linha, o resultado de 2015 é um estímulo para que os candidatos se dediquem cada vez mais, na preparação da reta final deste ano, às práticas de leitura e escrita. Se o tema for fácil novamente, muitos continuarão se saindo bem, o que torna a competição ainda mais acirrada. Se for difícil, tanto melhor para quem está atualizado sobre as questões da contemporaneidade e consegue dissertar, de forma analítica e crítica, sobre problemas e soluções.

A certeza que se fortalece, ano após ano, é que o Enem pode até mudar, mas a prova de redação será sempre decisiva e imprescindível. Ela permite aos avaliadores julgar uma série de aspectos qualitativos que a prova objetiva não tem como medir, tais como capacidade de leitura do mundo, encadeamento de ideias, criatividade, lógica argumentativa e até mesmo princípios e valores.