O discurso proferido após a eliminação nos 100m era de que a
frustração não afetaria o desempenho nas provas seguintes. Com uma nova
desclassificação, desta vez na final dos 200m, Terezinha Guilhermina continua
afirmando que a cabeça está boa para as disputas que virão. Peça importante do
revezamento feminino 4x100m T11-13 nesta quinta-feira e ainda com os 400m pela
frente, a brasileira acredita que duas decepções ficarão no passado.
- Sou psicóloga e tenho uma psicóloga que me atende. Acabou
a prova. O passado a gente não pode mudar, o que aconteceu eu não posso mudar.
Dei descarga. Vou para a próxima prova livre, leve e solta para fazer melhor do
que fiz até agora. Se for da vontade de Deus, vai acontecer. Se não for, vou
continuar tentando - disse.
Desclassificada da final dos 100m sob a alegação de ter sido
puxada por seu guia, Rafael Lazarini, Terezinha sequer teve a chance de correr
a final dos 200m por ter queimado a largada. Na fase classificatória e na
semifinal a brasileira havia sido a mais veloz.
Nas entrevistas concedidas após a prova, Terezinha afirmou
que ficou surpresa por ter queimado a largada pela primeira vez em sua
carreira. Lembrou que a partida é justamente seu ponto fraco, com tempo de
reação considerado alto em relação às marcas das adversárias.
- Eu não estava ansiosa em nenhum momento. Realmente foi um
acidente. Minha reação não é boa, nunca foi. Sempre saio com 0s170. Acho que a
reação mais forte da minha vida foi 0s150. Mesmo assim queimei. Tanto que não
acredito até agora. Em 16 anos nunca queimei, não era para ter acontecido aqui.
Mas Deus sabe das coisas. Talvez nesses 16 anos eu tenha construído uma imagem
de um super-herói que não errava nunca. Hoje posso dizer para o mundo e para o
Brasil que eu também erro. Eu não sou super-herói. Eu erro. Embora tenha
acertado a maioria das vezes, hoje eu errei. Hoje me fiz tão humana quanto
qualquer brasileiro. Não é por isso que minha história em quadrinhos deixa de
existir.