Edição do dia 24/07/2016

24/07/2016 08h30 - Atualizado em 24/07/2016 08h30

Em AL, projeto utiliza a natureza para gerar renda sem provocar danos

Organização não-governamental está ajudando comunidades carentes.
Ideia é gerar renda sem causar danos ao meio ambiente.

Ana Dalla PriaPiaçabuçu, AL

Tem nome de pimenta, mas não arde. O sobrenome é rosa, só que olhando de perto, ela é vermelha. O nome pimenta rosa foi dado pelos colonizadores europeus, que perceberam que esses frutinhos eram perfumados, saborosos e podiam ser usados como tempero, uma especiaria.

 

Aroeira, aroeirinha, aroeirinha de praia são os nomes populares da árvore nativa de toda a Mata Atlântica brasileira. O nome científico da planta é um pouquinho mais complicado: Schinus terebinthifolius.

A aroeira frutifica entre os meses de junho e agosto e muita gente garante um dinheirinho extra coletando e vendendo pimenta rosa. Como uma turma boa da cidade alagoana de Piaçabuçu, bem na beira do Rio São Francisco.

Todos fazem parte da Associação Aroeira, criada em 2010 para ajudar os coletores de pimenta a organizar e beneficiar a produção, gerando mais renda para todos.

A associação foi criada com a ajuda do Instituto EcoEngenho, uma ong que desenvolve projetos em comunidades pobres de Alagoas.

O engenheiro José Roberto Fonseca é fundador e diretor do instituto. Ele explica que o pessoal fez cursos para aprender a colher a pimenta, sem prejudicar a aroeira.

O povo trabalha rápido. Sobre uma lona plástica, para não pegar sujeira, os cachinhos de pimenta são retirados dos galhos e terminada a colheita é hora de descer o rio. A aroeira segue direto para sede da associação, onde fica a unidade de beneficiamento da pimenta. Os grãos são lavados e colocados em uma peneira para secar. Em seguida, passam por uma seleção criteriosa.

Chega a hora da pimenta ir para uma estufa, onde vai desidratar por oito horas. O equipamento é movido a energia solar. Para empurrar o ar quente para dentro da estufa, o equipamento usa turbinas elétricas. A energia também é produzida lá mesmo, a partir da luz solar.

Dentro da estufa solar, o ar aquecido circula de forma lenta e regular. A unidade tem capacidade para beneficiar cerca de uma tonelada de pimenta por mês.

Investindo em qualidade e fazendo da coleta à comercialização, os produtores conseguiram uma imensa valorização no preço da pimenta e nesta safra, o preço ficará ainda melhor: em torno de R$ 150 o quilo.

Com tanta qualidade, a pimenta da associação conquistou chefes de cozinha renomados do Nordeste, como Sérgio Jucá e Wanderson Medeiros, que criaram receitas requintadas com a pimenta rosa. Assista ao vídeo com a reportagem completa e conheça duas delas.

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