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Aliansce vai comprar 25% do Shopping Leblon por R$ 310 milhões

Operação é condicionado a aumento de capital de ao menos R$ 300 milhões
Shopping Leblon Foto: Shopping Leblon / Agência O Globo
Shopping Leblon Foto: Shopping Leblon / Agência O Globo

RIO - O grupo Aliansce Shopping Centers planeja comprar uma fatia de 25,01% do Shopping Leblon, no Rio, num negócio estimado em R$ 309,9 milhões, valor que inclui uma dívida de R$ 122,4 milhões. A operação depende da aprovação dos acionistas e de um aumento de capital da companhia no valor mínimo de R$ 300 milhões. No próximo dia 13, os acionistas da Aliansce devem avaliar a operação em assembleia.

Segundo Eduardo Prado, diretor de Relações com Investidores da Aliansce, a principal motivação para o negócio vem da oportunidade de adquirir participação em um dos melhores shoppings do Brasil com uma taxa de retorno atraente:

— O Shopping Leblon apresenta desempenho superior à média. E tem localização sem concorrente à altura. Tem, ainda, oportunidades em rentabilidade pela expansão.

A Aliansce administra 29 shoppings no país, detendo participação em 19 deles, como Via Parque e Bangu Shopping. O grupo cuida da gestão do Shopping Leblon desde sua inauguração em dezembro de 2006.

— É uma aquisição que adiciona valor ao portfólio da Aliansce. O valor médio de venda por metro quadrado do Shopping Leblon é o dobro do registrado pelo grupo. Tem potencial de crescimento e mostra resiliência mesmo na crise — explica uma fonte do setor.

Nos últimos 12 meses, as vendas por metro quadrado do Shopping Leblon foram de R$ 2.572. No primeiro semestre deste ano, o mesmo indicador registrado nos shoppings da Aliansce foi de R$ 1.073,50/m². O desempenho do empreendimento carioca é melhor também em ocupação, com 99,5% em 2015, contra 97,2% na média do grupo em igual período, e inadimplência de apenas 1%, abaixo dos 4,5% da Aliansce.

REVISÃO DE CONTRATOS

Outro farol para ampliar as cifras é a revisão dos contratos que representam mais de 40% da receita com aluguel prevista para acontecer entre outubro e dezembro deste ano e os três últimos meses de 2017. Além disso, o Shopping Leblon já tem duas opções de projetos de expansão desenhados, para acrescentar 10% a mais de área para locação sem necessidade de ampliar o prédio. O prazo previsto para inauguração é de 18 meses.

Em comunicado, a companhia afirma que já existem empresas interessadas na expansão, mas não cita nomes.

— Seriam operações diferenciadas, classe A, e complementares ao atual perfil do shopping — contou Eduardo Prado, da Aliansce.

Este ano, abriram as portas no Shopping Leblon o restaurante Gero Trattoria, as marcas de vestuário Farm e Bobstore, entre outras. Chegam, ainda neste trimestre, outras como Verve e ATeen, de vestuário, e a delicatessen Vendita.

A aquisição, sustenta o diretor de Relações com Investidores, só será concretizada com o aumento de capital porque a Aliansce não quer elevar seu endividamento, que chegou a R$ 1,59 bilhão no primeiro semestre deste ano. O lucro líquido da companhia no primeiro semestre foi de R$ 7,2 milhões, um tombo de 20,3% sobre janeiro a junho de 2015. A geração de caixa operacional do período, contudo, medida pelo Ebitda, foi de R$ 178,29 milhões, alta de 0,9%. Ontem, as ações do grupo fecharam em baixa de 2,18%, a R$ 15,24.

A participação de 25,01% no Shopping Leblon faz parte da fatia de 35% que Renato Feitosa Rique detém no mall carioca. Ele é, ao mesmo tempo, sócio da Aliansce, com 11% de participação, e presidente da companhia. Ao lado dele, no Shopping Leblon, estão a construtora Santa Isabel e a General Growth Properties (GGP), gigante americana do setor de shoppings. Já na Aliansce, a composição acionária inclui ainda o Canadian Pension Plan Investment Board (Conselho de Investimento do Fundo de Pensão Canadense) e outros.

REFORÇO NO CAIXA DA ALIANSCE

Para financiar a aquisição, a Aliansce propõe fazer um aumento de capital envolvendo entre 20 milhões e 40 milhões de ações ordinárias da companhia, a um preço de R$ 15 por ação. Com isso, teria um valor de arrecadação de R$ 300 milhões a R$ 600 milhões.

— Os recursos obtidos pagam a aquisição e vão reforçar o caixa da companhia. Se houver captação acima de R$ 300 milhões, poderemos reforçar a estrutura de capital, sempre preservando a capacidade de fazer novos investimentos — explicou Prado.

Segundo ele, a dívida de R$ 122,4 milhões incluída no negócio é referente à fatia de 25,01% de Rique no Shopping Leblon.