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Keke Rosberg paraibano quer batizar filho de Nico caso piloto seja campeão

Funcionário público recebeu o nome em homenagem ao piloto finlandês que venceu o campeonato de Formula 1 de 1982; Dinastia Rosberg pode aumentar em João Pessoa

Por João Pessoa

Keke Rosberg (finlandês) e o Keke Rosberg (paraibano) (Foto: Arte: José Luciano/TV Cabo Branco)Keke Rosberg (finlandês) e o Keke Rosberg (paraibano): unidos pela história (Foto: Arte: José Luciano/TV Cabo Branco)

O palco era Las Vegas. A cidade recebia a última corrida da temporada da Formula 1 de 1982. Um campeonato marcado pelo inusitado. Inclusive, esta prova aconteceu no dia 25 de setembro, um sábado. Favorito, o finlandês Keke Rosberg poderia chegar em sexto, que garantia o título. E foi desta posição que ele largou. Na sua cola, o britânico John Watson ainda sonhava. E Rosberg fez uma largada normal e permaneceu na mesma posição, o mesmo não aconteceu com Watson, que caiu de nono para 12º. Era difícil, mas o britânico acreditava. Para ser campeão, ele tinha que chegar em primeiro e Keke no máximo em sétimo. E sonhando com isso, ele começou a se recuperar e na volta 15 chegou a ultrapassar o favorito. Mesmo assim, nada adiantou. Watson em segundo, Rosberg em quinto.

O finlandês era campeão pela primeira e única vez na sua carreira. E assim, entrava para a história da Formula 1 e sem nem imaginar, também entrava para a história da família Azevedo. Isto porque o empresário, José Nascimento de Azevedo, um fã inveterado de Formula 1, resolveu fazer uma singela homenagem a Keijo Erik Rosberg e colocar o nome de Keke Rosberg no seu primeiro filho, que nasceria em João Pessoa, no dia 3 de novembro de 1982, 40 dias após a grande conquista do finlandês.

Nico Rosberg faz a pole position para o GP da Alemanha (Foto: AP)Nico está em 2º lugar no campeonato (Foto: AP)

E o mais curioso é que hoje, com 34 anos, o Keke Rosberg paraibano também pensa em batizar o seu filho com o nome de um piloto, justamente o herdeiro do campeão finlandês, o piloto alemão Nico Rosberg, que está em segundo lugar no campeonato de 2016 com 198 pontos, a 19 pontos do líder Lewis Hamilton.

- Eu quase coloquei o nome do meu primeiro filho de Nico. Ficaria bem engraçado o Keke e o Nico, assim como na Fórmula 1. Eu tive muita vontade de fazer isso, mas assim como foi importante o Keke ser campeão, eu consideraria importante o Nico ser campeão também. O interessante é que mesmo o meu filho se chamando João, meus amigos costumam chamá-lo de Nico – revelou.

O piloto alemão vinha liderando o campeonato até 10ª rodada, mas na etapa seguinte, no GP da Hungria, foi superado por Lewis Hamilton, mas apesar do revés, ele ainda é um dos favoritos ao título deste ano. Pelo menos, ele é o que espera o Keke paraibano. E caso seja, o nome do próximo filho já está escolhido, aí só vai faltar ajustar um último detalhe:

- Sinceramente, acho que este ano as chances do Nico são boas. No começo do ano, eu estava mais confiante, mas acredito que ainda dá e caso ele seja, então quem sabe no próximo filho possa ser Nico Rosberg, se a se a patroa deixar, é claro - brincou.

O interessante é que mesmo o meu filho se chamando João, meus amigos costumam chamá-lo de Nico"
Keke Rosberg, funcionário público

Hoje com 34 anos, o Keke Rosberg paraibano contou como receber o nome do finlandês influenciou na sua vida, desde o seu amor por Formula 1, como instinto competitivo em diversas áreas da vida. Funcionário público na Paraíba e ciclista nas horas vagas, ele se diverte ao narrar episódios nos quais chegou a ser “reconhecido” por causa do nome famoso.

- Pelo fato dele ter sido um campeão, o nome sempre me deu muito orgulho. Então tudo que eu faço, quero fazer bem feito, terminar em primeiro, me destacar. Isto sempre influenciou positivamente na minha vida, assim como minha paixão por Fórmula 1. Eu gosto, independente do ano. Tipo, se é um ano bom ou não para os brasileiros, estou sempre acompanhando o campeonato. O engraçado é que gostar é quase como se eu tivesse que assistir porque se eu chego em algum lugar e alguém reconhece o meu nome, me pergunta sobre o campeonato, o que eu estou achando. Também querem saber de determinado piloto. As pessoas perguntam, reconhecem - comentou Keke.

João, filho de Keke, costuma acompanhar as etapas de Fórmula 1 com o pai (Foto: Hévilla Wanderley / GloboEsporte.com/pb)João, filho de Keke, costuma acompanhar as etapas de Fórmula 1 com o pai; próximo herdeiro pode se chamar Nico
(Foto: Hévilla Wanderley / GloboEsporte.com/pb)

Recentemente, Keke foi à sede do banco onde trabalha, em Fortaleza, e ao se apresentar a um de seus colegas, justamente, um pouquinho mais velho, com aproximadamente 50 anos, foi questionado imediatamente sobre o esporte. Entretanto, não são apenas os fãs mais antigos de velocidade que reconhecem o nome.

- Para minha surpresa, também encontro caras na minha faixa etária, de 30 anos, que gosta de Formula 1 e que conhece os campeonatos anteriores e sabem de onde vem o meu nome - explicou.

Um paraibano chamado Keke

O ano era 1982 quando o apaixonado por Fórmula 1, José Nascimento Azevedo resolveu batizar o filho de Keke Rosberg. A homenagem era mais ao esporte do que ao piloto, que o seu José nem era tão fã assim.

- Eu não era tão fã do piloto em si, mas da Formula 1 como um todo. Foi mais porque eu gostei da sonoridade do nome. Desde muito moço, eu sempre assisti as corridas, então, pelo meu entusiasmo, nada mais justo do que quando o primeiro filho viesse, eu colocasse o nome de um piloto que na época havia sido campeão – afirmou José Nascimento Azevedo.

Keke Rosberg, Formula 1 (Foto: Hévilla Wanderley / GloboEsporte.com/pb)Keke Rosberg assiste à Fórmula 1 e torce pelo sucesso de Nico (Foto: Hévilla Wanderley / GloboEsporte.com/pb)



A paixão pela Fórmula 1 era tanta, que José pensou em homenagear o segundo filho, também com um nome de outro piloto. Desta vez, a escolha seria por uma sonoridade francesa, mas ele esbarrou na recusa da esposa.

- Eu tenho outro filho que se chama Felipe. Se dependesse de mim, ia ser Philippe Alliot ou Didier Pironi, mas aí a patroa não deixou. Ela disse: vamos encerrar esta carreira aqui em casa. Eram os nomes que eu achava bonito. Naquele momento eu não estava analisando a história do piloto - disse.

De pai para filho

Foi na temporada de 1986 que Keke resolveu se aposentar. Vinte anos depois, ele via o seu filho Nico Rosberg estrear na Fórmula 1, e este ano, chegar com chances de ser campeão mundial, assim como foi em 1982. Com 20 vitórias na carreira, cinco só neste ano, o piloto alemão lidera o campeonato de 2016 com 24 pontos de vantagem sobre o segundo colocado Lewis Hamilton. 

Keke Rosberg e o pai José do Nascimento (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)Keke Rosberg e o pai José do Nascimento: fanáticos pela Fórmula 1 (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)

E apesar de ter visto todas as temporadas do Rosberg pai, José Azevedo não acompanhou a do Rosberg filho. Saudosista, ele conta que as corridas já não são tão competitivas como antigamente e isso abrasou um pouco do seu sentimento e, assim, o santo domingo de Fórmula 1 agora é sagrado apenas para o seu filho Keke.

- No domingo era quase sagrado: ou alguém vinha na minha assistir a corrida ou eu ia à casa de alguém. Uma vez eu estava sem televisão, então fiquei sentado no batente da minha casa ouvindo o ronco do motor da casa do vizinho. Ele era novato e eu não podia dizer: bicho, deixa eu ver a corrida ainda na sua casa, então fiquei só ouvindo.Em função talvez desta história que piloto tenha que ter um bom patrocínio acima do talento, talvez eu tenha me desgarrado, deixo mais para Keke, talvez ele seja mais fanático por Formula 1 do que eu - relatou José.