Economia

Ex-presidente da Previ fica quase 4h na PF e diz que gostaria de contar o que sabe

Segundo documento da Greenfiled, Sergio Rosa teria recebido vantagem indevida da OAS
Sergio Rosa, ex-presidente da Previ chega à Polícia Federal, no Rio Foto: ANTONIO SCORZA / Agência O Globo
Sergio Rosa, ex-presidente da Previ chega à Polícia Federal, no Rio Foto: ANTONIO SCORZA / Agência O Globo

RIO - O ex-presidente do fundo de previdência complementar dos funcionários do Banco do Brasil (Previ) Sergio Rosa chegou às 9h55 desta terça-feira à sede da Polícia Federal, no Centro do Rio. Acompanhado de seu advogado, ele permaneceu por quase quatro horas na sede da PF. A Previ é um dos fundos que estão sendo investigados na Operação Greenfield, deflagrada na segunda-feira. Postalis, Funcef e Petros, de Correios, Caixa e Petrobras, respectivamente, também estão sendo investigados.

Após 3h45 de depoimento, em que esteve acompanhado de advogado, o ex-presidente da Previ deixou a sede da PF dizendo que gostaria de contar “tudo o que sabe”, mas o processo corre em segredo de Justiça.

— Vou colaborar prestando depoimento como hoje — afirmou o executivo, sem informar quando se apresentará novamente à PF e quais dados levou às autoridades.

Sergio Rosa, ex-sindicalista que presidiu a Previ de 2003 a 2010, afirmou não saber se seus sucessores também serão convocados pela polícia.

Segundo o despacho do juiz Vallisney de Souza Oliveira , Sergio Rosa “teria recebido por meio da empresa R.S. Consultoria e planejamento Empresarial vantagem pecuniária indevida da OAS para que a Previ realizasse investimentos do interesse da OAS (no caso Invepar)”.

A Operação Greenfield investiga fraude em “pelo menos” oito fundos de investimentos. De acordo com o despacho do juiz, ao qual O GLOBO teve acesso, 40 pessoas são investigadas por gestão temerária e fraudulenta nos fundos de pensão. São gestores, corretores e grandes empresários que aplicavam em Fundos de Investimentos em Participações (FIPs) Cevix, Multiner, Sondas, OAS Empreendimentos, Enseada, RG Estaleiros, Florestal e Global Equity.

Além dos casos que envolvem os fundos de participação, os investigadores também identificaram outros dois casos de irregularidades. Um deles é a Invepar, onde houve investimentos dos fundos de pensão. Há ainda a alienação subfaturada de salas no edifício da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília, pela Funcef, fundo de previdência da Caixa Econômica Federal, com "total desprezo para com o patrimônio do Fundo de Pensão".

Em 2015, a Previ apresentou déficit acumulado de R$ 16,1 bilhões em 2015. No ano anterior, no entanto, houve superávit de R$ 12,5 bilhões.

Na segunda-feira, após o início da Operação Greenfield, a Previ informou que nenhum integrante do fundo de pensão foi alvo de mandado de prisão ou de condução coercitiva. Em nota, o fundo informou também que a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na sede da entidade no Rio. De acordo com o comunicado, “toda a documentação requerida foi disponibilizada”.

“Ressaltamos que, no âmbito da CPI dos Fundos de Pensão concluída recentemente na Câmara dos Deputados, o relatório final da investigação confirmou a boa governança da Previ. Nenhum dirigente ou executivo da entidade estava entre as pessoas indiciadas pela comissão, assim como qualquer constatação de irregularidades do fundo”, afirmou o fundo de pensão na segunda-feira.