Política Lava-Jato

Declaração de Eike Batista, um dos alvos da Arquivo X, levou Mantega à prisão

Empresário é investigado por contratos com a Petrobras em parceria com Mendes Júnior
O empresário Eike Batista Foto: Michel Filho 17-11-15 / Agência O Globo
O empresário Eike Batista Foto: Michel Filho 17-11-15 / Agência O Globo

BRASÍLIA — Além do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, que foi preso temporariamente em São Paulo , o empresário Eike Batista é um dos alvos centrais da 34ª fase da Operação Lava-Jato deflagrada na manhã desta quinta-feira, batizada de Arquivo X. Como adiantou o blog de Lauro Jardim , uma das 49 ordens judiciais cumpridas pela Polícia Federal é um mandado de busca e apreensão realizado nesta manhã na sede da empresa OSX, no Rio de Janeiro.

Em depoimento ao Ministério Público Federal, Eike Batista declarou que recebeu pedido de um então ministro e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, para que fizesse um pagamento de R$ 5 milhões para o Partido dos Trabalhadores (PT).

Em seu depoimento à força-farefa, o empresário disse ter feito um depósito de US$ 2,3 milhões no exterior para as contas de João Santana e Monica Moura. Ele assumiu o pagamento depois que O GLOBO revelou que Moura relatou o mesmo à força-tarefa, durante tentativa de delação premiada.

Para operacionalizar o repasse da quantia, o executivo da OSX foi procurado e firmou contrato fictício com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava-Jato por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes. Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em 19 de abril de 2013 foi realizada transferência de US$ 2,35 milhões, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários.

A Polícia Federal também fez buscas em endereços das empresas Kriadon, Conceito, JCIS e RT. Elas estariam em nome de Júlio César Oliveira Silva, suposto operador de pagamentos de propina em nome de Eike e da Mendes Júnior. Segundo investigadores, as empresas simulavam prestação de serviços para fazerem pagamentos ilegais no esquema de corrupção da Petrobras.

Em recuperação judicial, a OSX é investigada por irregularidades em um consórcio com a construtora Mendes Junior. As empresas ganharam um contrato para fazer duas plataformas para a Petrobras, a P67 e a P70, mas o contrato foi repassado aos chineses da Offshore Oil Engenieering Corporation em 2015.

Entre as 49 ordens judiciais, estão 33 mandados de busca e apreensão, oito mandados de prisão temporária e oito mandados de condução coercitiva em cidades nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal.

Guido Mantega foi preso temporariamente pela manhã na entrada do hospital Albert Einstein, onde ele acompanhava uma cirurgia da mulher.Agentes da Polícia Federal também cumpriram mandado de busca e apreensão na casa do ex-ministro. Depois de receber críticas por conta da forma com que foi feita a prisão, a Polícia Federal respondeu, em nota, que a detenção ocorreu “de forma discreta” e em “viatura não ostensiva”.

Ex-ministro Guido Mantega foi preso enquanto acompanhava cirurgia da mulher em hospital Foto: Fernando Donasci / Agência O Globo
Ex-ministro Guido Mantega foi preso enquanto acompanhava cirurgia da mulher em hospital Foto: Fernando Donasci / Agência O Globo

Em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi preso o diretor de Negócios Industriais da Mendes Júnior, Ruben Costa Val. Também foram presos temporariamente na operação: Luis Eduardo Tachar, Danilo Souza Batista, luiz Eduardo Guimaraes Carneiro, Luiz Claudio Machado Ribeiro e Francisco Corrales Kindelan. Somente um mandado de prisão contra Júlio César Oliveira Silva, não foi ainda cumprido, porque o investigado se encontra na Espanha.