Apesar da crise, candidatos do Rio não economizam promessas
Na busca pelo voto do eleitor, os candidatos à Prefeitura do Rio não têm economizado nas promessas. O candidato Pedro Paulo (PMDB), por exemplo, prometeu dez superclínicas de saúde, 58 quilômetros de BRT e mais de 300 novas escolas — isso só em obras. Marcelo Crivella (PRB) anunciou que levará o BRT ao centro da Ilha do Governador, e, entre outras novidades, criará clínicas com diversas especialidades médicas. Já Flávio Bolsonaro (PSC) pensa em armar a Guarda Municipal e ainda aumentar o efetivo da tropa em quase 70%.
Estas promessas todas custam dinheiro. E, como o eleitor sabe, ele anda curto. Mas os prefeitáveis juram que colocarão elas em prática, com a ajuda de corte de pastas e enxugamentos. Até Pedro Paulo, da atual administração, diz que pode diminuir custos aqui e ali, mas nega que a situação no Município seja ruim como a do Estado — quebrado.
— A prefeitura está em equilíbrio. Mas custo é igual unha: você tem que estar cortando sempre. Essa é a receita que a gente teve nos últimos anos — assinala o candidato.
Carlos Osorio (PSDB) pinta um cenário bem diferente da Prefeitura do Rio, na qual trabalhou no primeiro mandato de Eduardo Paes (PMDB). Segundo ele, lá não é um “oásis”, e culpa o “aparelho político” da administração.
— Tem 29 secretarias. Nossa proposta é cortar pela metade e também cargos comissionados — defende o candidato, que, por outro lado, acena com a promessa de universalização das vagas de creches e pré-escolas.
Outro que promete cortar pastas, caso seja eleito no próximo domingo, é Flávio Bolsonaro. O candidato planeja diminuir 11 secretarias, entre fusões e também extinções, mas já anunciou que vai criar a Secretaria de Segurança. A estimativa dele no corte de cargos comissionados beira os 20%.
— O dever de casa da minha prefeitura será a austeridade fiscal. Só vou gastar o que eu arrecadar — diz.
É bom mesmo os candidatos apertarem o cinto. A receita com impostos da cidade do Rio caiu. Por outro lado, os gastos com terceirizados aumentaram em 20%. O dinheiro da previdência, que serve para pagar os aposentados, mas também para investimentos, encurtou de R$ 1,8 bilhão para R$ 22 milhões desde 2008. Reino encantado? Que nada!
Linhas de ônibus com tarifa zero
A receita de Marcelo Freixo (PSOL) é tentar reverter a queda na arrecadação. Segundo o candidato, que também propõe uma experiência de linhas de ônibus com tarifa zero nas áreas mais pobres da cidade, a aposta é em empresas de tecnologia no Centro e em polos gastronômicos:
— E, por outro lado, cortar nos cargos comissionados.
Indio da Costa (PSD) também fala em gestão austera.
— Vou tratar o centavo com o mesmo cuidado do bilhão. Tem que parar de gastar dinheiro com o que não interessa — defende Indio, prometendo todas as escolas em tempo integral.
A candidata Jandira Feghali (PCdoB), por outro lado, não prevê cortes de secretarias. Ao contrário, promete abrir mais uma, para cuidar especificamente dos moradores de favela. Segundo ela, a diminuição da prefeitura pode acontecer, mas ela ainda estudará.
— Não vou fazer essa demagogia de falar que vou diminuir a prefeitura. Porque se eu quiser fazer mais pela população, vou precisar de uma estrutura — afirma: — Ninguém é melhor para arrumar a casa do que mulher. Eu vou. É a experiência que a gente tem.
Já o candidato Alessandro Molon (Rede) afirma que, se não mudar o rumo da prefeitura, ela vai quebrar. De acordo com o deputado, ano que vem, não vai ser um ano com um caixa folgado.
— Vai ser um ano para arrumar as contas da prefeitura e a bagunça que a prefeitura atual vai deixar — afirma Alessandro Molon.
A última pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada na última quinta-feira, o senador Marcelo Crivella tem 31% das intenções de voto. Cinco candidatos estão empatados tecnicamente: Marcelo Freixo tem 10%; Jandira Feghali e Pedro Paulo têm 9%; Flávio Bolsonaro, 7%, e Indio, 6%. Osorio é o próximo da lista, com 4%, e Alessandro Molon tem 2%.
Cuidado na gestão, adverte economista
Se não é para desespero, também não é um mar de rosas. A situação das contas da Prefeitura do Rio inspira cuidados, mas não está sob descontrole, de acordo com o economista e professor de finanças do Ibmec, Gilberto Braga.
— A princípio a situação da prefeitura é de relativo equilíbrio e superavitável. Mas o que não quer dizer que não inspire cuidados de gestão — explica o especialista.
Segundo Braga, a queda do ISS é um reflexo da crise econômica em que os prestadores de serviços são afetados. De acordo com ele, o quadro deve ser revertido ao fim do segundo semestre, com as receitas que vieram junto com os serviços prestados com a Olimpíada.
— Prevejo um cenário mais favorável na arrecadação em 2017, por uma melhoria do país — analisa.
A situação do rio
ISS: Os 7% de queda no Imposto Sobre Serviços não é pouca coisa, não. Isso representa R$ 10 milhões a menos nos cofres públicos. Nos primeiros seis meses de 2016, o Rio arrecadou R$ 177 milhões, contra R$ 187 milhões no mesmo período de 2015. Além disso, recolher menos ISS é um indício de que a economia da cidade não está indo bem.
Subida: No mesmo período, por outro lado, a arrecadação total da cidade aumentou. Passou de R$ 12,7 bilhões para R$ 14,4 bilhões. No segundo semestre de 2015, a cidade recebeu R$ 13,7 bilhões — totalizando R$ 26 bilhões. Já de julho até o dia 22 desse mês, a arrecadação havia chegado em R$ 4,9 bilhões — somando R$ 19 bilhões no ano.
Previdência: A situação da Previdência do Rio não é desesperadora, mas o sinal de alerta já foi ligado. A folha de pagamentos do Município, entre ativos, aposentados e pensionistas, fica em R$ 572 milhões mensais.
Apesar da crise, candidatos do Rio não economizam promessas
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