Política Eleições Rio

Crivella obtém apoio de mais da metade da Câmara de Vereadores

Levantamento do GLOBO mostra que pelo menos 30 dos 51 vereadores do Rio aderiram a candidato do PRB

Marcelo Crivella durante encontro com educadores no Centro de Convivência de Padre Miguel
Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo / Arquivo / 22/10/2016
Marcelo Crivella durante encontro com educadores no Centro de Convivência de Padre Miguel Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo / Arquivo / 22/10/2016

RIO - Terminado o primeiro turno das eleições municipais, o quadro que se avizinhava na Câmara do Rio era de um futuro prefeito com uma perspectiva bem diferente da de Eduardo Paes, que governou com uma margem folgada para aprovar seus projetos na Casa. Tanto os partidos da coligação de Marcelo Freixo (PSOL), como os de Marcelo Crivella (PRB) ficaram longe de eleger uma quantidade de representantes suficiente para uma construir uma base de governo. Passadas três semanas, porém, houve uma verdadeira debandada no Legislativo na direção do candidato do PRB, que, se for eleito, pode assumir o cargo com uma maioria semelhante à de seu antecessor. Um levantamento feito pelo GLOBO mostra que, agora, ao menos 30 dos 51 vereadores eleitos já declararam publicamente apoio ao senador.

— Ele (Freixo) me acusa de fazer alianças, mas quem governa sem os vereadores? A maior virtude de um político é a capacidade de entendimento, de ouvir a todos. Eles acham que a política é derrotar todos, eu acho que a política é unir todos — afirmou o senador num encontro na Associação Comercial, na semana passada.

NO PMDB, SETE DE DEZ ELEITOS JÁ RUMARAM PARA O SENADOR

Boa parte do apoio já consolidado por Marcelo Crivella vem exatamente de vereadores do PMDB, partido ao qual ele fez duras críticas no primeiro turno. Pelo menos sete dos dez eleitos para a Câmara demonstraram publicamente estar com o candidato do PRB. A onda começou com Rosa Fernandes, a mais votada da legenda, passou pelo presidente da Casa, Jorge Felippe, e chegou até Chiquinho Brazão, que declarou um apreço ao senador que parece até maior do que tinha por Eduardo Paes, seu colega de sigla.

“Considero que Marcelo Crivella está muito bem preparado para assumir a prefeitura do Rio. Eduardo Paes fez um bom governo, mas a nível de obras. Entretanto, a obra sozinha, ela é morta. A população precisa ser assistida como um todo”, disse Brazão em sua página no Facebook.

Nos bastidores da Câmara, o que se comenta é que a debandada para Crivella foi um movimento natural de vereadores acostumados a ser governo para poderem se vangloriar de benefícios para a sua região. Também há a perspectiva de cargos regionais ou secretarias, apesar de o candidato ressaltar que todas as suas alianças são “republicanas”. Com seis cadeiras de seu partido, Freixo não tem seguido o mesmo caminho de diálogo.

— O que está acontecendo agora é um jogo de cena da velha política, de movimentos de apoio de olho em futuras trocas por serviços, obras ou cargos nas regiões de atuação. Seja Freixo eleito ou não, queremos a Câmara como um lugar de debate de ideias — comenta Tarcísio Motta, vereador eleito do PSOL.

GAFE COM VEREADOR

Na semana passada, Crivella reuniu um grande grupo de vereadores num evento de campanha na Zona Portuária. Gravou vídeos para a internet com diversos deles. E até cometeu um gafe.

— Estou aqui acompanhado do reeleito doutor Eduardo Moura... — começou a dizer, logo sendo alertado por um assessor de que o vereador não havia conseguido votos para voltar à Câmara no ano que vem.

Outra cena curiosa aconteceu num evento que reuniu representantes de distribuidores de alimentos e bebidas, na quarta-feira. O vereador Marcelo Arar (PTB) brincou com Crivella ao dizer que perderá sua função de interlocutor do setor com a prefeitura porque o candidato do PRB irá receber todos diretamente. O senador retrucou também com bom humor:

— Então, vamos combinar o seguinte: toda vez que vocês marcarem audiência para reclamar com o prefeito, têm que marcar através do Marcelo Arar. Aí, vão ser recebidos.