Apesar de não recorrer a acordos de leniência nem a delações premiadas, a Operação Greenfield, da Polícia Federal, conseguiu garantias financeiras de, ao menos, R$ 2,1 bilhões para a reposição de eventuais rombos gerados em razão de fraudes nos principais fundos de pensão do Brasil.

 

A Greenfield apura irregularidades nos quatro maiores fundos de pensão do país: o Funcef (Caixa), a Petros (Petrobras), a Previ (Banco do Brasil) e o Postalis (Correios). Balanços apontam um rombo de R$ 50 bilhões, sendo R$ 8 bilhões suspeitos de gestão fraudulenta.

 

Os investigadores da Greenfield têm feito uso de um tipo específico de acordo de colaboração, no qual as empresas se comprometem a dar informações às autoridades caso seja necessário, além de fornecer garantias bilionárias para que, em caso de condenação futura na Justiça, esses valores possam ser usados para cobrir rombos provocados por gestões fraudulentas. Em troca, são retiradas sanções contra as companhias, como bloqueio de bens e de contas bancárias.

Nos acordos de leniência, por outro lado, as autoridades exigem que a empresa colaboradora confesse participação em atos ilícitos. Nessa modalidade de colaboração, as empresas suspeitas também têm de pagar pelos prejuízos causados e revelar informações para as investigações.

Nos últimos 24 dias, já foram fechados, pelo menos, quatro acordos nos quais as empresas se comprometeram a auxiliar nas investigações caso seja necessário: com o grupo J&F holding que controla a JBS ; com a empreiteira OAS; com as empresas Engevix e Ecovix; e com o banco Bradesco.

Como adiantado pelo Blog, o último acordo fechado pela Procuradoria da República no Distrito Federal foi com a Engevix e com Ecovix, do mesmo grupo empresarial, somando R$ 288 milhões.

A J&S fechou o maior acordo com Operação Greenfield até o momento, no valor de R$ 1,51 bilhão. A OAS assinou um termo de compromisso de R$ 240 milhões e o Bradesco, somando até R$ 104 milhões.

O balanço da Greenfield de ao menos R$ 2,1 bilhões é provisório, podendo ser ainda maior porque outros acordos nos mesmos moldes estão em negociação. A operação levou ao sequestro de bens, ao bloqueio de ativos e contas bancárias de 103 pessoas físicas e jurídicas.