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Ataque a comboio humanitário deixa milhares de sírios sem ajuda, alerta CICV

Segundo Ingy Sedky, porta-voz em Damasco, caminhões transportavam materiais de primeira necessidade a 78 mil pessoas

Um menino inspeciona um caminhão de ajuda danificado após um ataque aéreo na reigão de Aleppo
Foto: AMMAR ABDULLAH / REUTERS
Um menino inspeciona um caminhão de ajuda danificado após um ataque aéreo na reigão de Aleppo Foto: AMMAR ABDULLAH / REUTERS

RIO — Milhares de sírios ficarão sem receber ajuda após o bombardeio contra um comboio humanitário na região de Aleppo, alertou Ingy Sedky, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Damasco. Atingidos por um ataque aéreo na segunda-feira, os caminhões transportavam ajuda de primeira necessidade para 78 mil pessoas na cidade de Orem, em uma área rural. Segundo Sedky, um depósito do Crescente Vermelho Sírio (SARC) foi incendiado e danificado. Suprimentos humanitários como farinha, roupas de inverno e cobertores também foram destruídos.

— Infelizmente, os materiais danificados no ataque vão privar 78 mil pessoas de Orem de receber ajuda essencial — afirmou a porta-voz ao GLOBO nesta terça-feira.

Cerca de 20 civis foram mortos no bombardeio, incluindo um diretor local do Crescente Vermelho Sírio. O comboio tinha sido organizado pelas Nações Unidas e transportava assistência de diversas agências humanitárias da ONU.

Dos 31 caminhões que formavam o comboio, 18 ficaram totalmente destruídos. Sedky classificou o ataque de “ultrajante” e disse que é uma violação ao direito internacional.

— Atacar trabalhadores humanitários e infraestruturas é uma clara violação ao Direito Internacional Humanitário. Não impacta só a nossa capacidade de ajudar os milhões de afetados por este conflito brutal, como também priva as pessoas de ajuda humanitária vital — denunciou a porta-voz.

Ajuda humanitária é vista espalhada no chão na cidade de
de Orum al-Kubra, na periferia de Aleppo
Foto: OMAR HAJ KADOUR / AFP
Ajuda humanitária é vista espalhada no chão na cidade de de Orum al-Kubra, na periferia de Aleppo Foto: OMAR HAJ KADOUR / AFP

O bombardeio forçou a ONU a suspender as operações com comboios humanitários na região, mas o CICV afirmou que apenas adiou o transporte de um de seus comboios enquanto a situação de segurança está sendo reavaliada.

— Continuaremos buscando garantias de segurança necessárias de todas as partes do conflito armado. Há milhões de sírios que dependem da assistência do Crescente Vermelho e do CICV no país.

A porta-voz acrescentou que a situação humanitária em Aleppo e em áreas como Ghoutta, na região rural de Damasco e no Norte de Hama é particularmente alarmante.

— A ajuda humanitária deve ser separada do processo político. Precisamos ter acesso regular a áreas sitiada e de difícil acesso, onde cerca de cinco milhões e meio de pessoas vivem. A coordenação com todos os lados é crucial, mas é uma tarefa longa e árdua.

Após acusações dos Estados Unidos, a Rússia negou nesta terça-feira que a aviação russa e a aviação síria tenham realizado o ataque ao comboio. Segundo o Ministério de Defesa russo, os caminhões pegaram fogo, e não bombardeados.