Foram 45 anos na fila. Fila, esta, que durou muito mais para quem veste
azul, branco e vermelho. Tudo podia conspirar contra. Afinal, conspirara
por quase cinco décadas. Mas hoje não. Hoje, num alinhamento qualquer
dos astros, não teve praga de lavadeira ou cabeça de burro que
impedisse. Hoje, era dia de Fast. E a tarde deste sábado (22) vai ficar
para sempre na história como o dia em que o Rolo Compressor rompeu mais
um jejum histórico. Rompeu os boatos de uma sequência de má gestão.
Rompeu o tabu de que não é capaz de montar elenco vitorioso. Apostou,
com poucas fichas, e - que ironia - muita sorte, no título. A chuva
abençoou, ou só choveu porque o Fast saía da fila. Mas o que importa,
mesmo, hoje, é que é com a taça que os fastianos vão dormir. Os gols
foram de Peninha, Cassiano e Charles Chenko.
+ Veja como o Tempo Real da final entre Fast e Princesa
O jogo
Muito mais incisivo nos, pelo menos, 20 minutos iniciais, o Fast dominou
o ataque e ditou, completamente, o ritmo de jogo. Pecava nas saídas de
bola pela lateral esquerda, mas, daí mesmo, de tanto errar, passou a
acertar. Andrézinho, em dia inspirado, foi essencial para servir
Peninha, que jogava mais enfiado que o normal. Cassiano deva o sustento
na entrada da área e Charles, mesmo com chances frustradas, apareceu
para receber. Foram três boas chances de gol para o Fast. Mas, até
então, Rascifran, o goleiro, não precisara sair da zona de conforto.
+ Cabeça de burro e praga de lavadeira: 44 anos de lendas e jejum do Fast-AM
Foi aí que, em contra-ataque em alta velocidade, que começou com Deurick
e Gelvane, o Princesa teve sua primeira e grandíssima chance de gol.
Jefferson - sempre ele - recebeu na entrada da lateral esquerda e mandou
direto para o gol. Sucuri, com seus mais de dois metros de altura,
precisou se esforçar para chegar na bola rasteira e salvar.
Depois da primeira grande investida do Princesa o jogo começou a tomar
forma de Final. Mais equilibrados, os times passaram a ter dificuldade
de sair, com boas chances, da intermediária. Mais confiante, o técnico
Zé Marco soltou o time para tentar mais criações pela ponta direita.
Numa dessas, mais uma vez, em contra-ataque, Emerson Martins arriscou de
fora da área, no cantinho, e Rasci voou para segurar.
Foi aí que, aos 40 minutos, Robinho tentou invadir a pequena área pela
ponta esquerda e levou entrada dura do goleiro Rascifran. Pênalti a
favor do Fast. Justo. Peninha foi para a cobrança, tomou distância, e
bateu com confiança para abrir o placar. 1 a 0. No fim, até de calcanhar
o camisa 17, Charles chenko, tentou mandar de calcanhar. Mas não deu.
A volta do intervalo começou com os nervos à flor da pele. À la final,
mesmo. Logo no segundo minuto de jogo teve início de confusão por falta,
a favor do Princesa, na área do próprio Tubarão. Os atletas do Fast
contestaram a falta por recuo de bola, mas os ânimos foram contidos logo
no início da discussão.
A chuva que caía na Arena só podia querer dar sinais de que algo maior
estava por vir. Cassiano, aos 10 minutos, pegou a sobra de uma bola na
saída pela ponta direita, deixou dois para trás, e completou sozinho
para o fundo das redes de Rascifran, de canhota.
Mas, em meio às reviravoltas do jogo, do toma lá-dá-cá, o Princesa
diminuiu, cheio de clichês. Aos 14 minutos, o árbitro marcou pênalti
após Emerson colocar a bola na mão. Jefferson partiu para a cobrança e
consolidou o 2 a 1.
Não demorou. Aos 18 minutos, Charles Chenko. ele, sumido há algum tempo
em campo, ganhou a bola de Emerson, nos pés. Pedalou, ficou livre, e
mandou para fundo das redes para concluir o 3 a 1 e assegurar a vantagem
fastiana.
À vontade, o elenco tricolor passou a dominar a Arena da Amazônia. Com a
música sendo tocada pelo time de Cavalo, era difícil para o Princesa
criar investidas com potencial de gol. Zé Marco tentou colocar Léo, para
movimentar o ataque, mas a diferença foi pequena. Enquanto isso, o
destino conspirava para que, até as bolas ruins, levassem perigo ao gol
de Rascifran.