29/10/2016 16h28 - Atualizado em 29/10/2016 16h28

Vídeo de bebês com microcefalia faz sucesso na web e quebra paradigmas

Projeto repercutiu nas redes sociais e teve mais de 13 mil visualizações.
'Não é o tamanho da cabeça que mede o amor", disse uma das mães.

Do G1 PI

Desconstruir preconceitos. Esse é o intuito de um grupo de mulheres que decidiu criar o projeto 'Macro Amor', para apoiar famílias que possuem crianças com microcefalia. A iniciativa ganhou repercussão nas redes sociais após um vídeo com ensaios fotográficos viralizar e chegar a marca de 13 mil visualizações e 295 compartilhamentos.

Comandado pela Comissão da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil no Piauí (OAB/PI), a ação foi desenvolvida diante da repercussão e dúvidas que surgiram sobre a Zika e microcefalia. Segundo Rutheene de Carvalho, que faz parte da comissão, a iniciativa se deu após uma das integrantes do grupo passar por uma situação semelhante quando teve o diagnóstico de Zika durante a gestação.

Lançado em maio deste ano, o 'Macro Amor' contou com uma lista de pouco mais de 30 mães que mostraram interesse de participar das fotos. As imagens foram feitas no Centro Integrado de Reabilitação (CEIR) que disponibilizou salas para a produção das mães e bebês.

A ação fala do amor, sentimento tão nobre que ajuda a superar barreiras inimagináveis"
Catianne Oliveira, fotógrafa que apoiou o projeto

“Conseguimos cabelereiros e maquiadores, o CEIR ofereceu as salas onde a fotógrafa levou os cenários e as mães foram produzidas. O trabalho foi todo voluntário”, explicou Rutheene de Carvalho.

Catianne Oliveira é fotógrafa especialista em ensaio de crianças e newborn, uma técnica que registra primeiros dias de vida do recém-nascido. Para ela o projeto busca ressaltar o amor, carinho e afeto que sempre existem na relação pais e filhos diante de uma doença que para muitos ainda é pouco conhecida.

“Não poderia deixar de revelar a satisfação pessoal em participar de um projeto que fala de amor, especialmente quando envolvem crianças. O 'Macro Amor' é uma forma de chamar a atenção para o problema do vírus Zika e de informar às famílias os direitos e garantias para o tratamento de complicações decorrentes da microcefalia. A ação fala do amor, sentimento tão nobre que ajuda a superar barreiras inimagináveis”, disse a fotógrafa.

Mais de trinta mães participaram do ensaio para o Projeto Macro Amor (Foto: Catianne Oliveira)Mais de 30 mães participaram do ensaio (Foto:
Catianne Oliveira)

Damiana Barbosa é mãe de Guilherme e decidiu participar do ensaio que, para ela, quebra paradigmas. Acompanhada do marido, a assistente social acredita que o 'Macro Amor' serve para mostrar a sociedade que um diagnóstico não é destino.

“As pessoas quando veem um bebezinho com microcefalia fazem aquela cara de susto. Acho que o projeto veio para quebrar paradigmas, afinal não é uma deficiência que me impede de gostar de uma criança e de ver a beleza física dela. Não é o tamanho da cabeça que vai medir a beleza e o amor que nós sentimos por nosso filho. Foi uma experiência transformadora”, disse a mãe.

Próximos passos
De acordo com Rutheene de Carvalho, o projeto ainda tem frutos a colher. A proposta é fazer uma exposição com as fotos em um lugar com grande visitação, onde a comissão possa arrecadar donativos para as mães mais carentes.

“Nem todas as mães que participaram das fotos são carentes, mas tem algumas que precisam de ajuda. Juntamente com a exposição vamos lançar também a Cartilha de Direitos das Crianças com Microcefalia, a primeira no Brasil”, explicou.

Ainda conforme a advogada, todas as mulheres que fazem parte da comissão organizadora ficaram felizes por conseguir mostrar com naturalidade o que é a microcefalia, além de elevar a autoestima das mães.

“Ficamos muito felizes, pois conseguimos com os ensaios mostrar que as crianças não são apáticas e doentes, são na verdade como qualquer outra, alegres e amadas. As fotos mostraram isso e elevaram a autoestima das mães que se sentiram valorizadas”, finalizou Rutheene.

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