João Carlos Cavalo chegou a Manaus em 2015. Bateu na trave
lá, quando caiu nas semifinais do Campeonato Amazonense. Mas neste ano não. Não
em 2016. Não mais uma vez. Mesmo no comando de um time que não conquistava um
título há 45 anos, não teve, sequer em uma entrevista ao longo do estadual, em
que o técnico "fraquejasse" ao apostar na quebra de jejum. E o tiro
foi certo. Depois de soltar o grito que estava engasgado, ele desabafou. Ou
desabou. Ou ambos.
Não esperou nem o clichê da pergunta sobre o sentimento de faturar o título.
Não esperou, sequer, o apito final. aos 44 já pulava no banco de reservas e
chorava, abraçado aos seus comandados. A resposta, que, segundo ele, deixou
entalada por tanto tempo, saiu assim. Sem ter como medir.
- É uma emoção imensurável. Não tem como você medir isso não. É uma sensação de
alívio. Meu Deus, que alívio! Muito alívio. Pelas pessoas, pelo torcedor. Foram 45 anos não
são 45 dias. É o sonho de todo mundo realizado. Eu tenho certeza que a
história vai mudar. Hoje começa uma nova história no Fast Clube.
Aí vieram as perguntas. Com um elenco que foi montado aos
poucos, com peças conhecidas do futebol amazonense, somadas às contratações
"surpresas" e a uma folha salarial apertada, o que explica a
arrancada tão heroica do tricolor de aço?
- Essa nossa equipe tem muito mérito. Sabe por que? É uma equipe humilde. Nunca
menosprezamos ninguém. Vocês nunca viram eu falar mal de ninguém. A gente
sempre trabalhou com os pés no chão. Humildade e união. Viramos família. Só
tenho que agradecer muito a Deus por isso.
Agora, depois de quebrar o jejum, o Fast, numa
tacada só, ganhou o título e um calendário cheio para 2016. O time está
automaticamente classificado para a Série D e Copa do Brasil. e aí, professor,
fica?
- A minha vontade é continuar sim. Vamos conversar. Mas o pensamento agora é
comemorar. Vamos comemorar muito, meu deus!
Justo.