Um dos prédios da reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) está ocupado por estudantes universitários desde a noite de segunda-feira (24), em Curitiba. Os alunos são contra a Medida Provisória 746, que estabelece mudanças no ensino médio, e contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita o aumento dos gastos públicos.
A ocupação conta com estudantes de pedagogia e de outros cursos da universidade, ainda de acordo com o movimento. Desde 3 de outubro, o Paraná vivencia o movimento de ocupação das escolas estaduais contra à apresentação da medida provisória que promove mudanças no Ensino Médio.
O movimento Ocupa Paraná afirma que são 850 instituições de ensino ocupadas, 14 universidades e três núcleos. A última atualização foi feita na sexta-feira (21). Onde há ocupação, as aulas estão suspensas.
Veja a lista completa das ocupações no site do movimento estudantil.
O número da Secretaria de Estado de Educação é diferente: 792 colégios estão ocupados – isso significa 33% das escolas.
Em nota, o movimento estudantil que ocupa a universidade disse que a decisão foi tomada em assembleia e convidou os manifestantes para uma assembleia geral na quarta-feira (26) no pátio da reitoria para decidir os próximos passos do movimento. Veja a nota na íntegra no final da reportagem.
A Secreteria de Educação do Estado do Paraná (Seed) disse que o governo do Paraná está sempre aberto ao diálogo com o movimento estudantil e que foram realizados mais de 30 debates com a comunidade escolar, no dia 13 de outubro. Veja a íntegra do texto no final da reportagem.
Estudante morto
Nesta segunda, o adolescente Lucas Eduardo Araújo Mota, que tinha 16 anos, foi encontrado morto com facadas no pescoço e no tórax na Escola Estadual Santa Felicidade, que também estava ocupada por estudantes em Curitiba. Após o crime, o local foi desocupado pelos demais estudantes.
O secretário de Segurança do Paraná, Wagner Mesquita, disse que Lucas e outro aluno da escola, de 17 anos, dividiram uma droga sintética e depois se desentenderam. O colega matou Lucas com uma faca de cozinha, conforme o secretário, e foi apreendido.
Para comentar sobre o assunto, o presidente da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES) convocou uma coletiva de imprensa às 11h45 no palácio dos estudantes, no bairro São Francisco.
Veja a íntegra da nota do movimento Ocupa UFPR
"Na noite da última segunda-feira (24) o Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná foi ocupado por estudantes da instituição. A decisão foi tomada em assembleia dos e das estudantes de Pedagogia, havendo adesão de alunos e alunas de outros cursos que também são contrários à PEC 241 e a MP 746. O movimento reforça apoio às ocupações dos secundaristas.
A Medida Provisória 746, que foi imposta sem diálogo com a comunidade estudantil, anula a obrigatoriedade do ensino das disciplinas de Sociologia, Filosofia, Educação Física e Artes.
A Proposta de Emenda Constitucional 241 congela por 20 anos o orçamento da educação, saúde e previdência. Altera também os critérios para cálculo das despesas mínimas nesses setores, que serão corrigidos pela variação da inflação do ano anterior, sem aumento real.
A UFPR sofrerá graves retrocessos, como a diminuição progressiva de recursos para estrutura universitária, investimento em assistência estudantil e em pesquisa, extensão e tecnologia.
Convidamos os e as estudantes da UFPR a comparecerem à Assembleia Geral de Estudantes, na quarta-feira (26) às 18h no pátio da Reitoria, para decidir os próximos passos desse movimento".
Veja a íntegra da nota da Secretaria de Educação do Paraná
"O Governo do Paraná está sempre aberto ao diálogo com o movimento estudantil. Sobre a reforma do ensino médio, foram realizados mais de 30 debates com a comunidade escolar, no dia 13 de outubro. Um relatório consolidando todas as contribuições para o debate sobre a reforma do Ensino Médio foi entregue em mãos ao ministro da Educação, Mendonça Filho, pelo governador Beto Richa e pela secretária da Educação, professora Ana Seres na terça-feira passada, dia 18.
Participaram dos debates mais de 16 mil pessoas, entre alunos, pais, grêmios estudantis, professores, funcionários, pedagogos, diretores e técnicos da Secretaria da Educação. Outras 4 mil pessoas participaram pela internet, por meio de um questionário online disponibilizado no portal da Secretaria.
Em relação às ocupações, o Governo do Estado tem apostado no diálogo para encaminhar a situação. Os pedidos de reintegração de posse das escolas estaduais estão a cargo da Procuradoria Geral do Estado (PGE) e muitas desocupações já foram realizadas pacífica e voluntariamente pelos próprios estudantes".
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