Rio

Estação de tratamento que custou R$ 40 milhões está parada há três meses

UTR de Irajá prometia remover 11% da poluição que chega à Baía de Guanabara
Compasso de espera. A unidade de tratamento construída no Rio Irajá
Foto: Pablo Jacob
Compasso de espera. A unidade de tratamento construída no Rio Irajá Foto: Pablo Jacob

RIO - Anunciada com pompa em 2011, com a promessa de remover 11% de toda poluição que chega à Baía de Guanabara, a Unidade de Tratamento de Rio (UTR) de Irajá, que custou R$ 40 milhões aos cofres público, está parada há quase três meses e ainda não tem data para entrar em operação. Nem a prefeitura nem o governo do estado têm interesse em custear sua operação. Nesse impasse, sobrou agora para a Cedae, que estuda, a contragosto, assumir o funcionamento da estação, que poderia reduzir em até 90% a carga de esgoto despejada no rio.

IMPASSE CONTINUA

As obras da UTR Irajá começaram em novembro de 2012, com a previsão de ficar pronta no ano seguinte. Sofreram três adiamentos no cronograma e só foram concluídas no final de julho passado. Conforme publicação feita nesta quarta-feira, 19, no Diário Oficial, o governador em exercício, Francisco Dornelles, determinou que a Cedae assuma a responsabilidade pelo equipamento.

No entanto, a companhia destacou, em nota, que nunca operou esse tipo de unidade e informou apenas que “foi aberto um processo administrativo para verificar a possibilidade técnica, operacional e administrativa deste tipo de serviço”. Segundo o secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, há uma resistência por parte da Cedae em assumir a UTR.

— Herdei isso e agora estou tendo que embalar esse filho. A secretaria vai fazer uma cessão do equipamento para a Cedae e isso precisa ser aprovado pelo conselho de administração da companhia. Já era para estar com a Cedae — cobrou o secretário.

As UTRs só podem ser operadas pela DT Engenharia, que patenteou o sistema de tratamento. Cabe ao poder público fiscalizar a operação e fornecer eventuais insumos. No município do Rio, todas as cinco UTRs em funcionamento (Arroio Fundo, Rio Carioca, Piscinão de Ramos, Rocinha e Guaratiba) são de responsabilidade da Rio Águas, uma fundação da prefeitura.

O deputado Carlos Minc, que foi secretário estadual do Ambiente entre 2011 e 2014, afirma que a prefeitura havia se comprometido a assumir o equipamento, mas depois desistiu do projeto. Em entrevista ao GLOBO, em agosto, o prefeito Eduardo Paes afirmou que o importante era priorizar o saneamento básico:

— Aquelas UTRs são um negócio privado que só um sujeito faz. Aquilo é um absurdo.

UM RIO DE ESGOTO

Já o presidente da DT Engenharia, João Carlos Gomes de Oliveira, diz que as unidades não substituem o saneamento.

— Elas servem como um complemento. Depois que implantar a rede de esgoto, precisam ser mantidas para garantir a qualidade da água — defendeu.

Enquanto não há uma solução a curto prazo, o esgoto corre, sem tratamento, pelo Rio Irajá, que nasce no Morro do Juramento, corta os bairros de Vaz Lobo, Irajá, Brás de Pina, Vila da Penha e Cordovil e deságua na já poluída Baía de Guanabara.