Política Eleições 2016

Crivella pede desculpas por possíveis ofensas em livro

Candidato diz que referências ao catolicismo foram ‘lamentável erro’
Livro lançado em 2002 mostra imagens de ritual da Igreja Universal na África Foto: Agência O Globo
Livro lançado em 2002 mostra imagens de ritual da Igreja Universal na África Foto: Agência O Globo

RIO — Em nota enviada ao GLOBO a respeito do livro “Evangelizando a África”, Marcelo Crivella disse amar “os católicos, espíritas, evangélicos e a todos” e pediu perdão caso os tenha ofendido “alguma vez”. Crivella afirmou que o pedido também vale “em relação à homossexualidade”. No texto, o senador diz que o livro foi escrito “há décadas” quando ele vivia na África, “num ambiente de guerras, superstição e feitiçaria”.

Ele classificou as referências ao catolicismo de “equivocadas e extremistas feitas por um jovem missionário, cujo zelo imaturo da fé, levou a cometer esse lamentável erro.”

O pedido de perdão ocorre 17 anos depois do lançamento da edição do livro em inglês, em 1999. Na época, Crivella tinha 42 anos. “Evangelizando a África” foi publicado em português em 2002. Na nota, o candidato a prefeito pelo PRB afirma que no Senado tem sido, há 15 anos, um “intransigente defensor da tolerância, da liberdade, da dignidade da pessoa humana”.

Durante a campanha, Crivella tem procurado desfazer a imagem de intolerância em relação a homossexuais e a religiões de matriz africana.

Além de ter se reunido com representantes de religiões e de movimentos LGBT, assinou a “Carta-compromisso com os direitos humanos contra a violência, o racismo e a intolerância religiosa”, redigida pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa.

O candidato se deixou fotografar com umbandistas e declarou apoiar a união civil de homossexuais. Ressalvou, porém, que, no casamento religioso, a “família deve ser mantida como ela é”.

LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA

"O livro foi escrito há décadas em inglês e Zulu quando eu vivia na África num ambiente de guerras, superstição e feitiçaria. As poucas referências ao catolicismo foram equivocadas e extremistas feitas por um jovem missionário, cujo zelo imaturo da fé, levou a cometer esse lamentável erro.

Isso infelizmente ocorre.

Lembro que os próprios discípulos São João e São Tiago, conforme o que está escrito na Bíblia, quando jovens, também na imaturidade da fé, ao serem rejeitados na aldeia Samaritana, pediram a Cristo para que orassem e rogassem a Deus que enviasse fogo do céu e destruísse os impenitentes. Claro que Cristo os repreendeu. (Lucas 9:54) Mas isso não impediu que na idade madura, São João viesse a se tornar o Apóstolo do Amor. Amo os católicos, espíritas, evangélicos e a todos. Se alguma vez os ofendi, peço perdão. O mesmo em relação à homossexualidade.

Repito, infelizmente, na imaturidade da fé, mas sinceramente pensando em ajudar movidos pela convicção equivocada de um dogma religioso, ofendemos sem intenção a quem amamos. Há 15 anos no Senado Federal sou um intransigente defensor da tolerância, da liberdade, da dignidade da pessoa humana. Erros cometidos no passado, há muito corrigidos pela maturidade do presente, só confirmam o que disse antes: sou candidato a prefeito, não a perfeito.

Perfeito só Deus!"

Viu alguma irregularidade na campanha? Fotografou? Fez um vídeo? Mande para o WhatsApp Eleições 2016 do GLOBO: (21) 99999-9114

Livro de Crivella "Evangelizando a Africa" foi lançado em 2002, ano em que foi eleito senador Foto: Reprodução
Livro de Crivella "Evangelizando a Africa" foi lançado em 2002, ano em que foi eleito senador Foto: Reprodução