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Hamilton diz não estar preparado para perder, mas lembra: "Já ganhei três"

Tricampeão mundial reage na temporada com duas vitórias consecutivas, mas seu companheiro Nico Rosberg pode garantir título antecipado com vitória no GP do Brasil

Por Cidade do México

header livio oricchio (Foto: Editoria de Arte)
Lewis Hamilton no GP do México (Foto: Reuters)Lewis Hamilton no GP do México (Foto: Reuters)

E mais uma vez o GP do Brasil pode ser o cenário da definição do campeonato. Seria a sétima. A vitória de Lewis Hamilton na prova do México, neste domingo, por mais paradoxal que possa parecer, não elevou suas chances de conquistar o título porque o companheiro de Mercedes, Nico Rosberg, terminou em segundo. Agora se o piloto alemão vencer em Interlagos, dia 13, independentemente da colocação de Hamilton, celebra, com méritos, seu primeiro mundial.

O GloboEsporte.com esteve na coletiva dos dois pilotos no motorhome da Mercedes, duas horas após o pódio. E lembrou Rosberg de que ele venceu as duas últimas edições do evento em São Paulo depois de largar na pole position. Portanto, sabe como ganhar o GP do Brasil. “Sei disso e é muito bom estar numa situação como a minha, mas não posso mudar a forma de encarar as duas corridas finais. Tenho de seguir dando o máximo da minha performance. O que posso te dizer é que se vencer no Brasil vou ficar muito feliz”, disse Rosberg.

O GloboEsporte.com perguntou a Hamilton se, depois de ter sido bicampeão no ano passado, obtendo o terceiro título, está preparado para, eventualmente, perder a disputa para o companheiro de equipe, pela primeira vez na carreira. “Não sei como alguém pode se preparar para a derrota, acho que ninguém está. Eu já passei por isso, perdi o campeonato de 2007, sei como é dolorido. Perdi também várias corridas, campeonatos (não para o companheiro)".

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O piloto inglês falou mais sobre o seu momento no campeonato, com 19 pontos a menos de Rosberg, 330 a 349, depois de 19 etapas. Restam apenas a prova de Interlagos e a no Circuito Yas Marina, em Abu Dhabi, dia 27. “No cenário atual, sei que tenho mais chances de perder do que de ganhar. Está difícil, claro, mas se for assim é o que tem de ser.” O GloboEsporte.com lhe faz outra questão: ficará triste? “Vou adiante, superarei, já conquistei três campeonatos. Espero que no ano que vem eu não tenha tantos problemas com o carro como enfrentei nesta temporada".

A matemática do título é favorável a Rosberg. Ele será campeão em Interlagos se:

- Vencer, independentemente do resultado de Hamilton
- Chegar em segundo e Hamilton no máximo em quarto
- Chegar em terceiro e Hamilton no máximo em sexto
- Chegar em quarto e Hamilton no máximo em oitavo
- Chegar em quinto e Hamilton no máximo em nono
- Chegar em sexto e Hamilton no máximo em décimo

Nico Rosberg e Lewis Hamilton no pódio do GP do México (Foto: Reuters)Nico Rosberg e Lewis Hamilton no pódio do GP do México (Foto: Reuters)



A assessoria de Hamilton deverá lhe apresentar as combinações que levam Rosberg a vencer o campeonato nos próximos dias. Mas já neste domingo o inglês comentou que não considera o assunto encerrado. “Eu tenho o exemplo do meu primeiro ano da F1 (2007), perdi no último minuto, por isso não vou desistir nunca. Fui, aqui, mais rápido que ele (Rosberg) durante todo o fim de semana e é o que eu tenho de continuar fazendo.”

Uma maneira de tirar o máximo de si, explicou Hamilton, é não pensar na disputa com Rosberg. “Aqui não focalizei no campeonato, apenas na minha performance, entender como ser melhor o tempo todo. Vou para o Brasil com o mesmo pensamento".

Tal pai, tal filho

Em resposta ao GloboEsporte.com, a respeito de como encara as duas etapas que podem levá-lo a repetir o feito do seu pai, Keke Rosberg, campeão do mundo de 1982, pela Williams, o companheiro de Hamilton falou: “Não penso no que meu pai conseguiu, tanta coisa pode acontecer nessas duas provas. Tenho de fazer o que estou fazendo, ir para as corridas pensando em vencer”.

Garante que não vai correr perguntando a seu engenheiro, Tony Ross, se a sua posição na corrida de São Paulo e a de Hamilton lhe conferem ou não o título.

Também para o GloboEsporte.com, Rosberg respondeu se está um pouco tenso, afinal trabalhou a vida inteira para chegar a esse ponto, ser campeão do mundo, e agora está perto de realizar o sonho. “Tenso? Não, não estou. Sinto estar no meu nível normal de adrenalina.”

Keke Rosberg com o filho Nico Rosberg em 2014 (Foto: Getty Images)Keke Rosberg com o filho Nico Rosberg em 2014 (Foto: Getty Images)



No fim de semana na Cidade do México, Hamilton teve uma ótima notícia. As condições das 71 voltas da corrida foram bem menos exigentes do que esperava. Isso o fez poupar sua unidade motriz, pois é com ela que vai disputar os dois GPs finais da temporada. “Não tive de ir ao limite em nenhum instante, corri bem relaxado lá na frente, economizei tudo, motor, gasolina, e ainda com um bom ritmo.” Hamilton definiu a prova que lhe deu a 51ª vitória na carreira, igualando-se a Alain Prost, dessa forma: “Uma corrida única para mim”.

A partir do que Hamilton comentou sobre não ter tido ninguém que sequer se aproximasse ao longo da competição, o GloboEsporte.com perguntou a Rosberg a razão de ter sido tão mais lento que Hamilton nas voltas iniciais, depois do fim do safety car virtual, no fim da terceira volta, acionado por causa do acidente entre Pascal Wehrlein, da Manor, e Marcus Ericsson, da Sauber. Na 15ª, Hamilton havia aberto 5seg219 milésimos para o alemão.

Rosberg respondeu: “Eu estava administrando os pneus para me manter num bom ritmo na corrida, sabia que eu iria demorar para fazer o pit stop”. Rosberg e Hamilton largaram com os pneus macios, os mesmos usados no Q2 da classificação. O inglês fez a parada na 17ª volta e o companheiro manteve-se rápido por mais três voltas, quando também realizou o pit stop único e, com os médios, seguiu até a bandeirada. A Pirelli distribuiu ainda no México os pneus supermacios.

O alemão reconheceu que não havia o que fazer para vencer Hamilton no Circuito Hermanos Rodriguez. “Pode não parecer, mas fiz de tudo para tentar vencê-lo. Não houve como porque ele foi mais veloz durante todo o fim de semana.”

Hamilton como Max?

 


E confessou que ficou animado ao ver, bem na sua frente, Hamilton errar na freada da primeira curva, após a largada. “Achei que ele iria se complicar na corrida, foi para a grama mas...” Hamilton regressou à pista ainda em primeiro, cortando a curva, o que levou alguns jornalistas perguntarem a ele se o que fez não era o mesmo de Max Verstappen, da RBR.

Na 67ª volta, quando lutava com Sebastian Vettel, da Ferrari, e Daniel Ricciardo, RBR, pelo terceiro lugar, o holandês seguiu reto, também na curva 1, e como voltou na frente de Vettel os comissários entenderam que ele levou vantagem. Resultado: o puniram com cinco segundos, fazendo-o cair, no primeiro momento, para quinto.

Visão aérea de Lewis Hamilton passando pela grama e incidente entre Nico Rosberg e Max Verstappen (Foto: Divulgação)Visão aérea de Lewis Hamilton passando pela grama e incidente entre Nico Rosberg e Max Verstappen (Foto: Divulgação)


Com a punição a Vettel, por mudar de trajetória durante a frenagem, quando se defendia do ataque de Ricciardo, na 69ª volta, o australiano herdou o terceiro lugar, Max subiu para quarto e Vettel caiu para quinto.

Hamilton ouviu atentamente a explicação do jornalista inglês, visivelmente contrariado, sobre se a sua manobra fora legal. Afirmou, ríspido: “Não tenho ideia do que aconteceu com ele, não vi, não tenho nada a comentar”. Antes, havia dito a respeito de seguir reto: “Eu achatei meu pneu na freada da curva 1, saí da pista em primeiro e regressei em primeiro, não obtive nenhuma vantagem”. Foi a interpretação dos comissários também.

A esse respeito, ao bloquear a roda para não perder a liderança para Rosberg na primeira curva, Hamilton explicou ter enfrentado um sério problema. “O carro começou a vibrar de tal maneira que em alguns momentos não conseguia ver a pista direito. Achei que poderia comprometer a suspensão. A equipe pediu para eu me manter na corrida, sem parar. Achei que deveria antecipar o meu pit stop.” Ao deixar os boxes, na 17ª volta, com os pneus médios novos, o problema foi resolvido.

Para evitar o título de Rosberg no GP do Brasil, Hamilton terá de reverter sua história de pouco sucesso na prova. Disputou nove vezes a corrida de Interlagos, circuito que não esconde adorar, e nunca venceu. Chegou apenas três vezes no pódio: segundo nos dois últimos anos, com Mercedes, e terceiro em 2009, McLaren.

“Não há nada de particular comigo em Interlagos. Estive perto de poder vencer, mas alguma coisa acontecia. Lembro de ter tido um incidente com Nico Hulkenberg, na McLaren (em 2012) e nos dois últimos anos Nico (Rosberg) foi incrivelmente rápido. Vamos ver agora”, disse Hamilton.