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Em alta na zaga do Corinthians, Pedro Henrique volta ao Mineirão após choro

Nesta quarta, zagueiro retorna ao palco de falha contra o Atlético-MG. Mais maduro aos 21 anos, ele enfrenta o Cruzeiro e revê Mano, que lhe deu primeira chance

Por São Paulo

 




A volta por cima de Pedro Henrique começou ainda no gramado do Mineirão, minutos depois de uma falha determinante para que o Corinthians perdesse do Atlético-MG, em junho passado, pelo Brasileirão. Amparado por um punhado de jogadores – do próprio time e do rival – ele deixou as lágrimas escorrerem, chorou muito, mas teve a certeza de que não estava só.

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Aos 21 anos, mais maduro, responsável e experiente, o zagueiro volta nesta quarta-feira ao palco do momento mais crítico de sua carreira. Mas que o transformaria para sempre. Quatro meses depois da falha, Pedro Henrique é titular do Corinthians e terá a missão de parar o Cruzeiro no jogo de volta das quartas de final da Copa do Brasil, às 21h45 (horário de Brasília). O Timão venceu o duelo de ida por 2 a 1 e só precisa de um empate para se classificar.

– Aquilo serviu para eu crescer, amadurecer. Se não acontecesse aquele lance, não que seja bom, mas eu não seria o Pedro Henrique que sou hoje. Depois desse lance, nos outros jogos pude fazer grandes apresentações, ganhei a confiança do grupo, da torcida, da diretoria, para trabalhar tranquilamente – afirmou o zagueiro.

Pedro Henrique Corinthians  (Foto: Diogo Venturelli)Pedro Henrique durante entrevista no CT Joaquim Grava (Foto: Diogo Venturelli)

O choro pela falha não foi nada diante dos quase dois anos que ele teve de esperar para ter uma chance na equipe profissional. Quem o promoveu à equipe de cima foi Mano Menezes, em 2014, que nesta quarta estará do outro lado – também fez alguns treinos sob comando de Tite, em 2013. O atual técnico do Cruzeiro, porém, é elogiado.

– Foi ele quem me deu a primeira oportunidade, ele me dizia na época que eu tinha grande potencial e era uma pedra a ser lapidada. Fui a vários jogos com ele, quase todos na temporada. Tenho boas lembranças – disse Pedro Henrique.

Em 15 minutos de conversa, o zagueiro falou das dificuldades no ano em que ficou sem jogar e do pensamento em desistir da carreira. Também citou a família, toda de Imbituba, Santa Catarina, e as tatuagens como portos seguros em todas as horas – a última tatuagem reproduz ele próprio, de costas, vestindo a camisa 34. Seu número da sorte.

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Veja abaixo os principais trechos da entrevista:

Nesta quarta você volta a um estádio que tem significado na sua carreira, certo? Como será o retorno ao Mineirão?
– É um jogo grande, jogo bom, retornando ao Mineirão, onde infelizmente teve aquela recuada em que errei. Mas ali eu cresci no futebol. Recebi muito apoio, tanto da torcida, quanto da diretoria e dos companheiros. Desde então venho fazendo boas partidas. Esses dois últimos jogos, principalmente, crescemos muito para ter tranquilidade nesse duelo decisivo. Vamos sair com a classificação de lá. 

No fim das contas, aquele erro acabou sendo algo positivo? No sentindo de você amadurecer, ver o carinho que tinha da torcida...
– Aquilo serviu para eu crescer, amadurecer. Se não acontecesse aquele lance, não que seja bom, mas eu não seria o Pedro Henrique que sou hoje. Depois desse lance, nos outros jogos pude fazer grandes apresentações, ganhei a confiança do grupo, da torcida, da diretoria, para trabalhar tranquilamente.

O que mais te marcou naquela noite? Alguma mensagem?
– Recebi mensagens de torcedores, ex-atletas do Corinthians, Chicão, Gil, Malcom. Depois do jogo também recebi um abraço do Léo Santos, do Arana, que também passou por esse momento e falou comigo. O Cristian, que estava machucado, me mandou mensagem. O Chicão foi quem mais me impressionou porque eu não conhecia, ele me mandou por meio do Alessandro. Ele conhece o clube, a torcida.

Tive momentos de pensar em desistir, mas minha família e minha esposa, que são muito presentes, conseguiam me colocar para cima.  Eu soube esperar, trabalhei, tive alegria, só tristeza por não jogar, mas a oportunidade apareceu e agarrei com as duas mãos
Pedro Henrique, sobre dificuldades na carreira

O fato de ter sido formado no Corinthians deixou sua emoção mais à flor da pele?
– Até falei com minha esposa depois desse jogo contra o América (domingo, pelo Brasileirão) que parecia minha primeira partida como profissional. Depois da volta da lesão, eu estava me sentindo um pouco nervoso. Parecia meu primeiro jogo dentro de casa. Como sou criado na base, sei da cobrança que temos dentro do clube e com a torcida. Imagine um cara da base ter um erro fatal como aquele? Poderíamos ter vencido ou empatado. Foi ali que acabei chorando, não porque quis, mas pelo sentimento de ser um torcedor do clube.. Eu sinto a emoção quando entro em campo, mesmo, e dou meu melhor. 

Você subiu em 2014, com o Mano Menezes. Como foi essa trajetória de espera até a estreia nos profissionais, dois anos depois?
– Passei um ano sem jogar aqui, descendo para jogos da base. Tinha idade para disputar a Copa São Paulo. Cresci como profissional em um ano aqui, em 2014, mas meu ritmo de jogo eu perdi. Perdi espaço na base, fiquei no banco na Copinha de 2015 por não render o que vinha rendendo na base. Depois fui emprestado ao Bragantino, joguei cinco partidas e não fui mais aproveitado. Fiquei três meses sem jogar. Aí falei com minha esposa e decidi pedir para voltar. Voltei mais maduro, mais experiente, fomos campeões paulistas sub-20, e no dia do meu aniversário, 2 de outubro de 2015, recebi uma ligação do Osmar (Loss, técnico da equipe sub-20). Ele falou: “Pedrão, arrume suas coisas porque você vai treinar no profissional à tarde”. Foi um presente de aniversário, acabei indo para o jogo contra a Ponte, fiquei mais quatro jogos, desci, fui campeão, e em 2016 o Tite optou pela minha permanência. 

Pedro Henrique Corinthians (Foto: Diogo Venturelli)Pedro Henrique vive uma nova fase com a camisa do Corinthians (Foto: Diogo Venturelli)

Em algum momento dessa espera você teve dúvidas sobre sua sequência no futebol? Pensou em desistir?
– Tive momentos de pensar em desistir, sim, mas minha família e minha esposa, que são muito presentes, conseguiam me colocar para cima. Trabalhei, busquei meu espaço. Eu já conhecia o Yago, o Marlone, caras rodados. O Marlone falou que minha hora poderia não ser agora, poderia não ser esse clube, mas devia saber esperar. Eu soube esperar, trabalhei, tive alegria, só a tristeza por não jogar, mas a oportunidade apareceu e agarrei com as duas mãos.

Contra o Cruzeiro, você será o único titular dessa nova geração de garotos da base. Você acha que esse pessoal tem capacidade de assumir a responsabilidade no Corinthians?
– Todos que subiram têm condições. A oportunidade surge, mas tudo tem seu tempo certo. Se não é hoje, pode ser mês que vem. Assim como eu esperei, muitos que subiram agora têm de esperar também. A hora deles vai chegar. Esperei um ano e quatro meses para jogar, não me desesperei e trabalhei. A oportunidade vai aparecer para todos.

Pedro Henrique Corinthians (Foto: Diogo Venturelli)Tatuagem de Pedro Henrique com a camisa do Timão
(Foto: Diogo Venturelli)

As redes sociais tiveram papel importante nesse seu crescimento, não? Você vê as mensagens dos torcedores? Costuma responder?
– Eu posto as fotos, a torcida corresponde bem, me elogia, só tenho a agradecer a eles. Isso me motiva a trabalhar mais e me dedicar mais no dia a dia. Eu olho, mas procuro não responder. Agradeço, mas não respondo cada um. Mesmo assim, vejo isso com carinho e espero que seja assim pelo resto do meu contrato com o Corinthians, até dezembro de 2019.

Em uma de suas últimas fotos, há uma nova tatuagem com sua camisa. Como foi o processo?
– Eu gosto bastante de tatuagens. Estava para terminar uma no braço, onde tenho um Cristo e uma santa. Aí liguei para um tatuador, o Johnny, mas não queria terminar o braço, e sim fazer uma nova. Aí surgiu a ideia... Não sendo eu mesmo, mas alguma coisa sobre futebol. Ele mandou a imagem sem o número e o nome, senti que estava faltando algo. Decidi colocar meu número e meu nome.

O número 34 é especial para você? Tem algum significado?
– Quando subi, o Alessandro me chamou na sala e disse que meu número seria esse. Os números dos defensores estavam todos ocupados. Como estreei com esse número, gostei e levo como um número da sorte. Decidi tatuar por isso. E espero fazer mais.

Veja detalhes da próxima partida do Timão:

Próximo adversário: Cruzeiro
Local: Mineirão, Belo Horizonte
Data e horário: quarta-feira, 21h45 (de Brasília)
Escalação provável: Walter, Fagner, Pedro Henrique, Balbuena e Uendel; Camacho; Romero, Giovanni Augusto, Rodriguinho e Marquinhos Gabriel (Marlone); Guilherme
Desfalques: Yago, Danilo, Bruno Paulo, Gustavo e Jean
Pendurado: ninguém
Arbitragem: Wilson Pereira Sampaio (Fifa-GO), Fabricio Vilarinho da Silva (Fifa-GO) e Bruno Raphael Pires (Fifa-GO)
Transmissão: TV Globo (para SP, MG, PR - exceto Curitiba -, GO, TO, MS, MT, BA, AL, RN, CE, MA, PA, DF, ES, SE, PE, PB, PI, AM, RO, AC, RR, AP), com Cleber Machado, Casagrande e Bob Faria, e SporTV 2, com Odinei Ribeiro e William Machado.
Tempo Real: GloboEsporte.com a partir das 20h45