Política Eleições 2014

Pezão afirma que Crivella priorizou fiéis da Universal no programa Cimento Social

Peemedebista participou de sabatina no SBT, e disse que manterá estratégia do segundo turno

O governador e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão, no calçadão de Macaé
Foto: Marcos Tristão / Agência O Globo
O governador e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão, no calçadão de Macaé Foto: Marcos Tristão / Agência O Globo

RIO e MACAÉ - O candidato à reeleição ao governo do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), manteve nesta quarta-feira o discurso deste segundo turno contra seu adversário, Marcelo Crivella (PRB), e o acusou, desta vez, de favorecer fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) no programa Cimento Social no Morro da Providência, no Centro do Rio. As declarações aconteceram apesar de a aliança do peemedebista ter decidido exibir depoimentos de líderes evangélicos nos programas de TV do governador , com objetivo de conter o descontentamento de setores religiosos com os ataques de Pezão à Iurd. E também a despeito de articuladores da campanha afirmarem que a Universal seria poupada nesta reta final de corrida eleitoral.

— Na Providência, quando começaram a ser escolhidos (os beneficiados pelo projeto de construção de moradias Cimento Social), tinham que ser membros da Igreja Universal. É um risco para o estado ter programas sociais vinculados a uma denominação (religiosa) — afirmou Pezão em sabatina no SBT, depois de afirmar que não mudaria a estratégia de vincular Crivella à Iurd. — Minha linha de campanha está colocada. Trouxemos para o debate a coligação e a união do Bispo Crivella — reiterou o candidato.

Já perguntado sobre sua religião, Pezão afirmou frequentar a Igreja Messiânica, a basílica católica de Aparecida do Norte, e também cultos do pastor Abner Ferreira na Assembleia de Deus em Madureira. Numa sabatina dominada pelo tema da segurança pública, Pezão voltou a ser questionado sobre o destino do pedreiro Amarildo de Souza. E, ao falar de suas relações com o ex-governador Sérgio Cabral, defendeu o correligionário.

- Sempre tive um relacionamento extraordinário com o governador Sérgio Cabral, somos amigos há mais de 30 anos. Ele fez um governo que vai marcar época. Foi o primeiro governador que enfrentou a criminalidade de frente, despolitizou as receitas do estado. Foi um governo que conseguiu colocar o estado com grau de investimento das duas agências de risco. Temos muitas conquistas - disse.

PEZÃO TENTA CONQUISTAR ELEITORES EM MACAÉ, ONDE PERDEU PARA CRIVELLA

Mais cedo, de olho na votação expressiva de Crivella em Macaé, no Norte Fluminense – onde o senador venceu com 28,11% dos votos – Pezão visitou a cidade. O peemedebista, que teve 27,79% dos votos, levou uma comitiva repleta de deputados e lideranças locais ao calçadão de Macaé, capitaneada pelo prefeito local, Dr. Aluizio (PV).

Embora não admitam publicamente, aliados de Pezão dizem que a campanha descuidou de Macaé. Preocupada em enfraquecer o ex-governador Anthony Garotinho (PR) na região, acabou cedendo espaço para o avanço de Crivella, que surfou nos votos do grande contingente de evangélicos de Macaé. Segundo Dr. Aluizio, esses votos beneficiaram o adversário.

— Essa eleição teve algumas novidades. A primeira é que a gente focou em dois grandes adversário, que foram Garotinho e Lindbergh, e a população de Macaé acabou encontrando no Crivella algumas prerrogativas que são importantes, mas no segundo turno temos convicção de que a gente vira. Macaé é uma cidade com uma comunidade evangélica significativa e que esse voto é muito enraizado, mas não vejo nenhuma dificuldade nesse momento — analisou.

Apesar da preocupação dos aliados com o seu desempenho na cidade – bem abaixo dos 41% que teve no estado – Pezão diminuiu a importância do cenário de primeiro turno.

— Considero meu resultado extraordinário. Era o candidato menos conhecido e tive 41% lutando contra três candidaturas fortíssimas. Eu andei em todas as cidades, devo ter sido o único. Não andei só em época de eleição. Aqui é quase um tríplice empate, perdi por 300 votos. Acho que agora a população conhece mais, a gente vê a representatividade de e prefeitos, ex—prefeitos e deputados. É a maior coligação e consegui ampliar — afirmou.

‘ELE DEVIA ESTUDAR MAIS’, DIZ PEZÃO

Contudo, Pezão voltou a atacar o adversário, desta vez acusando-o de falta de preparo para governar o Rio:

— Acho que meu adversário tem que se preparar cada vez mais. Ele ainda fala em vale transporte quando a gente discute Bilhete Único. Ele infelizmente menospreza todo o esforço que foi feito por toda a rede de educação para esse resultado do 4° lugar (no Ideb). São políticas que foram implantadas em mais de 16 estados brasileiros. Ele tem que conhecer mais o estado e as políticas públicas. Ele, que se candidata de 2 em 2 anos, devia ficar lá no Senado, trabalhando e estudando mais. Não conhece os problemas do estado — disparou.

Além do prefeito local, Pezão trouxe a Macaé os deputados estaduais Rafael Piccianni (PMDB), Christino Áureo (PSD), Janio Mendes (PDT) – os três foram reeleitos –, a deputada Aspásia Camargo (PV), e a ex-prefeita de São João da Barra Carla Machado (PT). Durante sua rápida passagem pelo município, ele ainda criticou os rivais por colocarem em xeque o resultado obtido pelo estado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Na última avaliação, o Rio subiu para o quarto lugar, mas a oposição acusa o governo se tirar da amostra os alunos repetentes e negou que a relação com os professores tenha ficado abalada após a greve de 2013, quando educadores foram agredidos por policiais militares em manifestações:

— Na nossa rede, só 270 professores fizeram greve, só os membros do sindicato. Nós tivemos um diálogo permanente, tiramos de uma das piores remunerações do país e valorizamos nos 8 anos. Incorporamos as gratificações, tem meritocracia hoje na educação. Esse resultado não caiu do céu. Menosprezar o trabalho do secretário (de Educação) Rizolia foi um erro primeiro do ex governador Garotinho e agora do bispo Crivella.