RIO - Meia dúzia de acessórios, um prato, uma antologia de poesias de Drummond, dois passarinhos de madeira, um instrumento de louça e um vestido estão espalhados sobre uma mesa.
— Ainda vou emoldurar esse vestido — promete a cantora Roberta Sá, enquanto alisa a peça com as mãos.
O modelito da estilista Isabela Capeto, bordado e com tule, tem valor simbólico. Foi usado por Roberta bem no comecinho da carreira, numa temporada de shows no Centro Cultural Carioca, em 2003. Também foi fotografado na primeira vez em que a Revista O GLOBO visitou o armário da cantora, em 2007 — à época, foi taxado de “vestido-deusa” e “objeto de desejo das amigas”. É uma das poucas peças que sobrevivem em seu atual guarda-roupa, totalmente repaginado. Se antes fazia o estilo esvoaçante, contido e florido, agora está mais sensual.
— Tinha uma coisa mais romântica, que acho que é fase da vida mesmo. Hoje tenho a necessidade de ser mais feminina, mais exposta — reflete Roberta, que fará o show de abertura da segunda edição do Veste Rio, na terça-feira, na Marina da Glória.
A sensualidade é traduzida em decotes ousados (“Fui uma adolescente que me cobria muito, era meio protegida”, diz) e em poderosas sandálias de salto alto.
— Depois dos 30, acontece um negócio, você fica confiante o suficiente. Acho que a bagagem sustenta o decote. E o salto dá uma dignidade...
Roberta carrega cabelos mais curtos, com as pontas alouradas. A sobrancelha grossa ainda é uma marca registrada. Está sentada numa cadeira de couro nas cores vermelha e branca, igualzinha à de um salão de beleza, no escritório de seu apartamento, no Leblon, enquanto o maquiador Teodoro Jr. prepara seu visual para a sessão de fotos. Há tempos, o cômodo perdeu a função original para atuar como um camarim. Bancada de madeira e um espelho iluminado nas beiradas dão o clima. Parte do armário de Roberta, adivinhe?, está lá também. A outra fica no quarto.
Acostumada a vestir modelos desenhados por sua irmã, Helô Rocha, pelas estilistas Isabela Capeto e Cris Barros e da Animale, ela diz que amadureceu com relação aos hábitos de consumo. Compra menos, mas gasta o mesmo. Aposta em acessórios das grifes Saint Laurent e Prada, e em calças jeans da marca francesa Zadig & Voltaire, que “duram a vida toda”.
— Compro peças melhores que vou usar por muito tempo. Sapato, principalmente. Há dois anos, entrei na Saint Laurent e na Prada, em Roma, e levei duas sandálias pretas. Uso até hoje — diz Roberta, que vestiu um dos pares na gravação do DVD “Delírio no Circo”, que será lançado em novembro.
Outro hit de seu acervo é um body liso da Haight (“É minha camiseta branca”).
Personagem fiel no elenco do carnaval de rua carioca, a cantora ganhou de presente de Rosa Magalhães a “cabeça” do figurino de Carmen Miranda, que usou na abertura dos Jogos Olímpicos.
— Cheguei lá de short jeans. Na hora de me arrumar, coloquei a blusa e o acessório e me senti pronta para o carnaval. A Carmem é uma grande referência de mulher — opina a cantora.