Cheguei atrasada ao restaurante. Dei boa noite, pedi desculpas pelo atraso e ainda não tinha me sentado quando uma das minhas amigas perguntou se eu já sabia da grande notícia do dia:
— O Eduardo Cunha foi atacado por populares no Santos Dumont.
— Que maravilha! — comemorei, genuinamente feliz.
— Como assim? — escandalizou-se o outro. — A gente quer que ele vá para a cadeia, a gente quer que ele se dane, mas a gente não pode celebrar esse tipo de coisa… Nem mesmo Cunha merece ser agredido por populares.
Ele tinha razão, claro. Eu havia falado sem pensar: um segundo depois já teria me manifestado de forma mais sensata. Mas a minha reação, que depois vi repetida incontáveis vezes pela internet, resumia o sentimento que Cunha passou a despertar em quase todos nós, brasileiros: um ódio tão visceral que se sobrepõe à civilidade e ao bom senso.
Não digo que Cunha não tenha feito por merecer este ódio. Fez. Mas acho que, acima de tudo, ele se transformou no símbolo de tudo o que detestamos na nossa classe política — a arrogância, a prepotência, o cinismo, a mentira, o pouco caso com o dinheiro público, a impunidade.
Há muitas figuras igualmente sinistras no noticiário político, há muitas que fizeram igual ou pior. Poucas, porém, reúnem de forma tão transparente tantas qualidades odiosas. Mesmo os poucos que o defendem na internet o fazem por admiração pela eficiência com que pratica (ou praticava) o mal. Que fique na cadeia por muitos e muitos anos.
Só precisamos, agora, de uma nova hashtag. Sugiro #forarenan.