Economia Negócios

Petrobras estuda voltar a contratar empresas ligadas à Lava-Jato

Bloqueio cautelar de mais de 30 empresas completa dois anos no fim de dezembro

A sede da Petrobras no Rio de Janeiro
Foto: Pedro Teixeira / Pedro Teixeira/25-5-2016
A sede da Petrobras no Rio de Janeiro Foto: Pedro Teixeira / Pedro Teixeira/25-5-2016

RIO - A Petrobras espera resolver a situação das cerca de 30 empresas que estão sob bloqueio cautelar até o fim deste ano para voltar a contratá-las. Isso porque no dia 29 de dezembro deste ano a proibição completa 24 meses, período que, de acordo com João Elek, diretor de Governança, Risco e Conformidade da estatal, é um “prazo longo para algo que foi desenhado para ser provisório”. Após palestra na Rio Oil & Gas, Elek elogiou os esforços dessas companhias nesses dois últimos anos.

— Se elas atingirem os critérios objetivos que desenhamos, e temos a oportunidade de verificar o que eles fizeram, quase que como uma auditoria, e se eles se mostrarem bem, vamos ter toda a segurança, independente do passado. Problemas acontecem, e as empresas corrigem ou não — afirmou Elok.

Elek disse que pretende chegar a uma solução até o fim do ano:

— Eu tenho o anseio de conseguir isso (até o fim ano). Isso não está só na nossa mão. Estamos em diálogo com os órgãos principais. Entendo que o primeiro órgão é a CGU. É o primeiro ponto de partida. Nós sabemos que dois anos é um prazo longo para algo que foi desenhado para ser provisório. Mas acho que está na direção certa.

Segundo ele, a preocupação é encontrar uma solução, já “que empresas que estão em bloqueio cautelar têm demonstrado um enorme comprometimento em melhorar sua situação”. Ele citou nomes de empresas que celebraram acordos como a Andrade Gutierrez, Camargo Correa e Toyo Setal.

— Se eu comparo como é hoje e como era há dois anos, elas mudaram a gestão, fizeram investimento em governança, em compliance e progrediram muito. Algumas celebraram com órgãos sancionadores. E isso é muito bom para o ambiente de negócios. Estamos buscando uma solução. Algumas avançaram mais, de corrigir problemas do passado, de fortalecer suas estruturas. E isso deve ser percebido de uma maneira favorável pela Petrobras. E estamos caminhando para buscar uma solução — disse Elek.

Segundo ele, a Petrobras está analisando com os órgãos de controle do governo e até internamente se pode fazer o desbloqueio sozinha, sem aval externo.

— Não existe uma regra pétrea dizendo quando é o prazo. Agora é uma hora oportuna para saber qual vai ser o encaminhamento. Isso está no forno. A nossa intenção é criar critérios objetivos que façam sentido e que preservem os interesses de todos. As empresas têm feito um esforço admirável em tentar evoluir. Ficamos satisfeitos quando as empresas avançam. A gente participa, visita e orienta. Para nós, isso é importante e está evoluindo. A intenção é agir rápido para que em curto prazo a gente possa se posicionar — destacou Elek.

O diretor explicou ainda o caso envolvendo a SBM, que chegou a selar acordo com a Petrobras. Ele disse que a SBM celebrou um acordo com CGU (hoje Ministério da Transparência), teve entendimentos com a AGU, e que contou com a participação do Ministério Público do Rio de Janeiro.

— E quando isso foi levado para a Quinta Câmara foram levantados alguns questionamentos. Nós somos intervenientes no processo, mas o acordo é entre SBM e autoridades — lembrou Elek, destacando que a estatal já recebeu cerca de R$ 380 milhões fruto da corrupção. — Mas não tenho estimativa dos valores que a companhia ainda tem a receber.