O menisco é uma estrutura fibrocartilaginosa e tem basicamente a função de amortecer as forças aplicadas ao joelho em todo o arco de movimento. Chama a atenção o que chamamos de “anatomia vascular do menisco”. Estudos demonstraram que sua periferia é bem irrigada, por isso chamada de “zona vermelha”, e sua região central não, recebendo nutrientes por embebição, por isso chamada de “zona branca”.
O menisco discoide é uma variante anatômica humana relativamente rara que afeta geralmente o menisco lateral do joelho. Normalmente uma pessoa com esta anomalia não tem queixas até iniciar determinada prática esportiva, principalmente esportes que envolvem giro e flexão profunda do joelho. Sintomas comuns são dores na região lateral do joelho, inchaço recorrente e, principalmente estalos audíveis. O problema é muito comum entre os adolescentes.
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Por que ele ocorre?
O menisco discoide é uma anomalia congênita do joelho encontrada em 3% da população, principalmente entre orientais. Apesar de tipicamente afetar o menisco lateral, pode ser encontrado bilateralmente em 20% dos casos. A massa grossa forma um disco diferente de sua formação tradicional em “C” ou semilunar. Fatores genéticos podem estar presentes.
Por que é mais propenso a lesões?
Como o menisco discoide é uma estrutura mais “grossa” do que o normal, existe a tendência de que fique aprisionado entre a tíbia e o fêmur. Além disso, seu fornecimento de sangue vascular é geralmente diminuído, dificultando sua cicatrização.
Outro fator anatômico importante é o fato de que sua ligação com a cápsula do joelho ser relativamente fraca. Isso se deve à ausência de um ligamento chamado Wrisbeg, que serve para estabilizá-lo durante os movimentos do joelho. Isso o torna mais propenso a ser pinçado e levando a rupturas em comparação com um menisco normal.
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No entanto, o paciente pode apresentar dor, inchaço ou um estalo ouvido a partir do joelho afetado. As lesões meniscais causam sintomas característicos, como dor bem localizada com períodos de alívio e agravo a determinados movimentos. Agachar e cruzar as pernas, inchaço, e bloqueio (travamento) são alguns deles.
O exame padrão para avaliar a presença de um menisco discoide é a ressonância magnética. O diâmetro transversal de um menisco normal é de cerca de 10 a 11 milímetros. Pelos cortes de imagens que o exame proporciona, consegue-se visualizar a estrutura aumentada e, muitas vezes, também lesionadas.
Quando não se tem acesso a este exame, as radiografias também podem mostrar alargamento do espaço articular lateral, sugerindo a presença de um menisco discoide.
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Tratamento
O tratamento é muito semelhante ao das lesões meniscais em geral. Os casos de diagnóstico casual, sem sintoma, não devem evidentemente ser tratados cirurgicamente. Estes pacientes devem ser acompanhados, pois a chance de futuramente apresentarem problemas é relativamente maior. Costumo realizar avaliações biomecânicas e testes de equilíbrio de força, como a dinamometria, para que se reduza o risco de contusões.
Quando existe um menisco discoide com lesão, devemos abordar de maneira semelhante às outras lesões meniscais. Apesar de que, muitas vezes, por muitos destes pacientes serem adolescentes, inicio o tratamento pela fisioterapia e correção de fatores que ocasionam a lesão.
Nos casos que não evoluem bem, apesar do tratamento conservador, optamos pelo tratamento por videoartroscópia, onde é realizado um procedimento denominado meniscoplastia. Ou seja, é retirada somente a parte lesada do menisco, sendo que o resultado final do procedimento pode nos gerar um menisco do tamanho que originalmente deveria ter. Evidentemente, o tratamento varia conforme o tipo de lesão e a brevidade do tratamento.
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*As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com
ADRIANO LEONARDI
Médico ortopedista especialista em traumatologia do esporte e cirurgia do joelho. Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Ambientes Remotos e Esportes de Aventura. www.adrianoleonardi.com.br