31/10/2016 19h24 - Atualizado em 31/10/2016 19h31

GDF retira 70 famílias que ocupavam área pública do Noroeste há 17 anos

Parte vai entrar em programas habitacionais; grupo vai para área de igreja.
Metade vai receber auxílio moradia durante seis meses, afirma secretário.

Do G1 DF

O padre  Paulo Renato de Campos e o secretário da Casa Civil do DF, Sérgio Sampaio, durante entrevista sobre desocupação em área do Noroeste (Foto: Luiza Garonce/G1)O padre Paulo Renato de Campos e o secretário da Casa Civil do DF, Sérgio Sampaio, durante entrevista sobre desocupação em área do Noroeste (Foto: Luiza Garonce/G1)

O governo do Distrito Federal retirou cerca de 70 famílias que ocupavam um terreno da Terracap no Noroeste de forma irregular há 17 anos. Desde maio, o GDF tenta remover as moradias improvisadas.

De acordo com o secretário da Casa Civil, Sérgio Sampaio, 54 famílias serão encaminhadas a programas de moradia do GDF, como o Habita Brasília. Destas, 12 já foram alocadas no Paranoá Parque. Até que a documentação das 42 famílias restantes seja analisada, elas ficarão abrigadas provisoriamente no terreno do Movimento Eureka, da Arquidiocese da cidade, que fica na quadra 906 da Asa Norte.

Outras 35 famílias receberão um aluguel social de R$ 600 durante seis meses. Segundo o secretário, essas pessoas não preenchem os requisitos para participarem de programas habitacionais. Sampaio afirma que o auxílio será distribuído até a próxima sexta (4). Estas famílias ficarão alojadas no espaço da Arquidiocese durante um mês.

O GDF afirma que foram compradas dez tendas de alvenaria para abrigar as pessoas no espaço da Igreja Católica. “Para não ficarem ao relento, vamos providenciar colchões, barracas, banheiros, e garantir a alimentação”, afirma Sampaio. Segundo ele, todos vão receber um benefício emergencial de R$ 408 para necessidades mais imediatas.

Outras 13 pessoas – que não são originárias de Brasília – também foram retiradas da região, que fica próxima à avenida W3, no acesso à Água Mineral. Estas receberam ajuda do GDF para comprar passagens de volta às cidades de origem.

"Muitas dessas pessoas também pedem auxílio para reinserção no mercado de trabalho e nós estamos tentando atender às solicitações, como vaga nas escolas para as crianças", afirma o secretário.

Representante da Arquidiocese, o padre Paulo Renato de Campos diz que a parceria com a igreja acontece por causa da relação que ele estabeleceu com as famílias que ocupavam o local.

"Há anos a Arquidiocese se faz presente com catequese, acompanhamento e celebrações de missas. Quando surgiu a demanda, a Arquidiocese buscou uma solução que pudesse ser feita com diálogo, de forma pacífica. Compreendemos que o modelo adotado deve se tornar referência para outras desocupações e problemas de habitação do DF", diz o padre.

"As famílias foram embora, fruto do diálogo entre elas mesmas. Essas pessoas perceberam que elas não eram originárias dali, que chegaram bem depois. A própria comunidade chegou e disse que o terreno estava mapeado."

De acordo com o secretário, havia uma preocupação de habitantes regulares do Noroeste com a ocupação das famílias de baixa renda. “Moradores relataram atos de violência praticados por pessoas dessa comunidade que vinha crescendo. Não eram maioria, mas a invasão poderia dar abrigo a pessoas que não tinham boa intenção de ali estar.”

Questionado sobre a capacidade financeira do GDF de fornecer auxílio financeiro às 70 famílias, Sérgio Sampaio afirma que este é um compromisso assumido pela secretaria e que o governo conseguirá pagar.

"Vamos honrar com ele [o compromisso] e nós conseguiremos pagar, sim, porque é um número limitado. Se fosse para todas as pessoas em condições de vulnerabilidade social do DF de uma vez, nós não conseguiríamos."

O secretário diz que o governo "não vai conseguir garantir os mesmos benefícios por questões orçamentárias" em caso de novas ocupações. Segundo ele, muitas famílias merecem essa atenção, "mas infelizmente não conseguimos atender todos a tempo e à hora".

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