A gestão de José Mariano Beltrame à frente da Secretaria Estadual de Segurança (Seseg) do Rio de Janeiro durou quase dez anos, e nesse período os índices de criminalidade do estado apresentaram grandes variações, com uma queda acentuada de 2007 a 2012, e voltando a subir de 2012 até este ano. Em alguns crimes, os números mais recentes são bem piores que os registrados quando o secretário assumiu.
Com base nos dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), sempre no período de janeiro a junho de cada ano, o RJTV mostrou que o número de homicídios dolosos (em que há intenção de matar), foi de 3.135, em 2007 a 2.124 em 2012, para voltar a subir em 2016, quando foram registrados 2.470 assassinatos.
O padrão de queda e posterior aumento se repete com os latrocínios (roubos seguidos de morte), que em 2007 eram 89 e caem a 69 cinco anos depois, voltando a aumentar até chegar aos 113 casos de janeiro a junho deste ano. No primeiro ano de Beltrame, foram registrados 69.342 roubos, enquanto em 2012 o número de casos caiu para 54.350. Em 2016, contudo, já são 97.100 ocorrências.
A violência resultante dos enfrentamentos entre policiais e criminosos também repete as oscilações: de janeiro a junho de 2007, 15 policiais militares foram mortos no estado e o número de mortes decorrentes de confrontos (antes chamadas de autos de resistência) chegaram a 694.
Cinco anos depois, houve apenas seis mortes de PMs e 216 autos, mas no primeiro semestre deste ano já são 13 policiais assassinados e 399 mortes em confrontos.
'Secretaria de Segurança ficou sozinha'
Especialista em segurança pública, Paulo Storani afirma que a escalada da violência a partir de 2012 mostra claramente que o projeto de pacificação de comunidades por meio das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) perdeu fôlego desde seu lançamento, em 2008.
"Devemos entender que o projeto das UPPs e o conceito de pacificação inicialmente produziu indicadores significativos, com a redução desses índices de criminalidade", analisa Storani, ressaltando que o projeto foi importante por destacar o foco em planejamento.
"Quando o estado se debruça sobre o problema e estabelece e implanta uma estratégia, consegue resultados. Beltrame e sua equipe conseguiram isso, contudo a segunda fase do projeto, quando estado e município deveriam entrar com ações sociais nas comunidades pacificadas, não ocorreu. A Secretaria de Segurança ficou sozinha e sofreu o desgaste natural pela falta dessas ações sociais."
