• Soraia Yoshida
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Phil Libin, VC da General Calayst, venture capital que busca empresas para investir (Foto: Openspace)

Phil Libin, VC da General Catalyst, venture capital que busca empresas para investir (Foto: Openspace)

Phil Libin estava escalado para falar sobre o sucesso da Evernote, como surgiu e se tornou um negócio lucrativo, diante da platéia reunida nesta segunda-feira (07/11) no HSM Expo 2016, em São Paulo. Ele cumpriu o prometido à risca, com gráficos e exemplos. Mas há pouco mais de um ano no papel de investidor na General Catalyst, ele deixou bem claro que seu norte hoje é encontrar a próxima Evernote, uma empresa capaz de criar um produto que seja simples e integre as tecnologias hoje disponíveis a um nível avançado de pesquisadores.

“Como investidor, eu estou olhando muito para inteligência artificial (AI), máquinas capazes de aprender”, afirmou Libin. Ele tem acompanhado e aprendido mais sobre essas tecnologias e softwares. “Nos próximos anos creio que teremos produtos que vão integrar isso de tal forma, que [para interagir] nós só teremos que falar naturalmente. A inteligência artificial é a melhor plataforma”.

O ex-CEO da Evernote está de olho nos avanços da chamada ergonomia cognitiva, que estuda os processos mentais, a memória e maneira como o cérebro funciona. “No meu tempo ainda fazia sentido porque éramos ensinados assim, mas tenho certeza que para para uma criança hoje, qual diferença faz que o nome do livro começa com M? O cérebro faz uma associação diferente, com o que parece, o que é, não uma letra”, disse.

*Em 2013, na sua 1ª visita ao Brasil, Libin, ainda CEO da Evernote, falou a Época NEGÓCIOS

Embora a economia mundial não esteja lá essas coisas, Libin está entusiasmado agora não apenas com a nova fase em sua carreira, mas porque é exatamente em momentos assim que surgem grandes ideias e grandes companhias. “Os ciclos da tecnologia são assim”, sintetiza. Foi o que ocorreu entre 2007 e 2008, quando despontaram o AirBnb, Uber e a própria Evernote. Ele chegou a citar o momento em que sentiu esse vento da mudança devidamente materializado. “Eu estava na fila para comprar meu primeiro iPhone. E quando o segurei na mão pela primeira vez, eu senti ali que os próximos cinco anos fariam todo sentido para mim”.

A “cesta tecnológica” combinada no celular da Apple trazia avanços que estavam há algum tempo no mercado, mas empacotados no produto ajudaram a mudar a feição e os hábitos do consumidor em termos de mobilidade e comportamento social. "As coisas móveis e sociais já existiam, mas ainda não tinham ganhado espaço em um aparelho pequeno", afirma. Libin diz que uma nova leva de tecnologias está se tornando mais acessível agora aos que não são early adopters, e imagina que a empresa que souber como dar forma a algo novo pode se tornar o próximo Google, Facebook ou Apple.

“Agora que sou um investidor, acho que agora é o melhor momento na história do universo para começar uma coisa nova”, afirmou.

Para os empreendedores que o procuram - ele chegou a olhar para até 3 mil novos negócios no último ano e manteve encontros com pouco mais de 500 - ele diz que há uma pergunta básica: “Qual é o mundo que eu verei se a sua companhia for bem sucedida?” "Se me responder que vou ficar rico, não vai me interessar. Quero ver um mundo melhor." Essa visão de como será o mundo, diz, deve ser central a todo empreendedor.

“Acho que há dois caminhos para o futuro. Podemos ir mais para o lado 'Star Trek' ou para 'Mad Max'”, explica. Em “Star Trek”, a visão de futuro de Gene Rodenberry é de uma sociedade diversa, inclusiva, que usa tecnologia para implementar paz e trazer descobertas. No mundo oblíquo de “Mad Max”, do diretor George Miller, o mundo cão impera.

“O meu papel é nos puxar para chegar mais perto de ‘Star Trek’, para que as pessoas e as coisas tenham mais significado”.