Edição do dia 03/11/2016

03/11/2016 14h13 - Atualizado em 03/11/2016 14h13

Médicos estão testando tratamento para varizes à base de espuma

Escleroterapia usa injeção com medicamento em forma de espuma.
Ela seca os vasos com má circulação do sangue.

Mônica SanchesRio de Janeiro

 Uma técnica mais eficiente no tratamento de varizes está sendo testada em quatro hospitais públicos do Rio de Janeiro. Ela pode substituir a cirurgia e reduzir a longa espera nas filas.

A técnica da escleroterapia usa uma injeção com medicamento em forma de espuma que seca os vasos com má circulação do sangue. “Ao penetrar na veia a espuma causa uma reação inflamatória dentro do vaso causando um espasmo imediato e, a curto e médio prazo, o fechamento dessa veia. Essa veia não faz falta, na verdade ela estava atrapalhando a circulação venosa do paciente”, explica o médico Felipe Borges Fagundes.

Médicos treinados pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro estão usando esta técnica no tratamento de pacientes de quatro hospitais públicos. A iniciativa é para diminuir as filas de espera pela cirurgia de varizes.

No Brasil, estima-se que 45% das mulheres e 30% dos homens sofram com este problema. Só no Rio, 12 mil pessoas aguardam pelo tratamento, segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

De acordo com o Ministério da Saúde, 90 mil atendimentos de pacientes com varizes foram feitos pelo SUS em 2016.

A escleroterapia não é autorizada pelo Ministério da Saúde. A  incorporação de qualquer nova tecnologia no Sistema Único de Saúde (sus) leva em conta a avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS

Equipes da rede pública do país realizaram cerca de 90 mil atendimentos relacionados às varizes neste ano, mas a técnica que usa o medicamento em forma de espuma não faz parte dos procedimentos autorizados.

A incorporação de qualquer nova tecnologia no Sistema Único de Saúde (SUS) leva em conta a avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. O Ministério da Saúde informou que a incorporação de qualquer nova tecnologia no SUS depende da avaliação da Comissão.

Os médicos que trabalham neste projeto experimental no Rio querem apresentar os resultados a esta Comissão nos próximos meses. O Conselho Regional de Medicina  e a Sociedade Brasileira de Angiologia defendem a inclusão da técnica na listagem do SUS.

“Essa técnica já existe há mais de 30 anos. Com o passar do tempo, ela foi sendo desenvolvida. A utilização de produtos anteriormente importados passaram a ser utilizados com confecção nacional, o que barateou a técnica”, afirma Carlos Peixoto, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro. “É importante que haja codificação pelo Ministério da Saúde dessa técnica e milhares de brasileiros serão beneficiados com esse tipo de procedimento”, completa.

O tratamento à base de espuma também não está incluído na cobertura mínima dos planos de saúde. Só há cobertura quando as operadoras fazem um contrato mais amplo. A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) disse esse novo procedimento pode entrar na discussão sobre novas inclusões, que só vão entrar em vigor em janeiro de 2018. A ANS disse, ainda, que há cobertura para o tratamento cirúrgico de varizes.