31/10/2016 13h18 - Atualizado em 31/10/2016 20h40

Corpo de Milton Cordeiro é velado em Manaus

Vice-presidente de jornalismo da Rede Amazônica morreu aos 84 anos.
Velório reúne parentes, amigos e funcionários na manhã desta segunda (31).

Do G1 AM

Familiares e amigos prestam últimas homenagens a Milton Cordeiro (Foto: Isis Capistrano/G1 AM)Familiares e amigos prestam últimas homenagens a Milton Cordeiro (Foto: Isis Capistrano/G1 AM)

O corpo do vice-presidente de jornalismo da Rede Amazônica e um dos fundadores do grupo, Milton Cordeiro, está sendo velado na manhã desta segunda-feira (31). Ele morreu por volta das 23h de domingo (30), aos 84 anos, vítima de pneumonia. O velório ocorre na Funerária Almir Neves, na Rua Monsenhor Coutinho, Centro de Manaus.

Emocionados, familiares e amigos reuniram-se para dar adeus e prestar as últimas homenagens a Milton. O velório reúne parentes, amigos, funcionários, além de profissionais da área de comunicação. O corpo deve ser levado para Belém, no estado do Pará, onde deve ser cremado.

"Cabe a nós netos, bisnetos e filhos honrar o exemplo que foi Milton de Magalhães Cordeiro. Tive a honra de tê-lo como avô, sempre foi um exemplo para nós em questão de retidão de caráter, ética e moral exemplar, disse o neto e advogado Douglas Monteiro, 27 anos.

Colega de profissão, o jornalista Arlindo Porto, recordou a trajetória vivia ao lado do amigo. "A nossa amizade se iniciou quando éramos bem jovens e ambos trabalhávamos na empresa Archer Pinto, juntamente com Felipe Daou, um ajudando o outro. Devido àquela reunião fraterna surgiu a ideia de fazermos o primeiro sindicato, onde eu tive a honra de ser o primeiro presidente e o Milton era o secretário-geral com aquela capacidade enorme de gerir e coordenar. Eu vim com enorme tristeza aqui, nunca imaginei a possibilidade dele partir para sempre. Fica os meus pêsames para a família dele, pela grande pessoa que ele foi", disse.

Presidente da Rede Amazônica, Phelippe Daou, prestou última homenagem ao amigo (Foto: Indiara Bessa/G1 AM)Presidente da Rede Amazônica, Phelippe Daou, prestou última homenagem ao amigo (Foto: Indiara Bessa/G1 AM)

"Ele tinha o coração do tamanho do monte. Meu pai teve fases difíceis e nos momentos difíceis ele ajudava muito a todos nós. É uma perda muito grande para minha família, gostávamos muito do Milton. Eu era muito ligado à Maria Edi e sinto muito por isso", completou o cunhado de Milton, o aposentado José Carlos, 78 anos, cunhado de Milton.

O senador e ex-ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse que o Amazonas está de luto. "Eu conheço o Milton e Maria Edy há muitos anos. O Amazonas está de luto por um homem que trabalhou a vida inteira para fazer do meio de comunicação uma forma de expressar não só os desafios, mas as alegrias e tristezas do nosso povo. Em meu nome e da minha família, presto as homenagens para o grande jornalista Milton Cordeiro, afirmou.

Carreira
Natural de Itacoatiara, Milton Cordeiro era viúvo de Maria Edy Cordeiro, que faleceu em 2014. O casal deixou 5 filhos, 10 netos e 5 bisnetos. Dr. Milton e D. Edy, como eram chamados, foram casados durante 55 anos.

A carreira de Milton Cordeiro na Rede Amazônica teve início com o convite dos amigos Phelippe Daou e Joaquim Margarido - que faleceu no dia 5 de outubro de 2016. O trio fundou a Amazônia Publicidade em setembro de 1978, onde "tudo começou". Na apresentação do livro "Rede Amazônica - 40 anos de Comunicação na Amazônia", ele narrou a empreitada.

"Tudo começou com a Amazonas Publicidade em duas salas na Av. Eduardo Ribeiro, nos altos da padaria Avenida. E, ali mesmo, a visão empreendedora do Phelippe constituía-se a empresa Rádio TV do Amazonas Ltda., para participar da concorrência pública aberta pelo Ministério das Comunicações para a instalação de uma emissora de imagem e som na cidade de Manaus", contou.

Vice-presidente Milton Cordeiro em foto de setembro de 2013 (Foto: Reprodução / Rede Amazônica)Vice-presidente Milton Cordeiro em foto de setembro de 2013 (Foto: Reprodução / Rede Amazônica)

Em 1970, os amigos ganharam a concessão para explorar o canal de TV, que recebeu o número 5. A solene inauguração da TV Amazonas ocorreu por volta das 17h30, com o corte da fita simbólica pela Sra. Nazira Chama Daou, fato que relembrou com carinho no prefácio do livro em comemoração às quatro décadas do grupo.

"A Rede Amazônica mostrava opinião a respeito de temas de interesse coletivo. E a resposta do telespectador vinha no dia seguinte por telefone, parabenizando-nos e sugerindo comentar outros assuntos", relembrou em trecho do livro.

Nos anos 1980, ele ascendeu a direção de jornalismo da Rede Amazônica. Nos anos 2000, Milton Cordeiro assumiu o cargo de vice-presidente de jornalismo da Rede Amazônica.

"Nosso compromisso para com a Amazônia e sua população jamais foi desvirtuado para servir a propósitos mesquinhos e de duvidosa interpretação. A caminhada não foi fácil, entretanto, revigorada sempre pela crença no Brasil do amanhã, repleto de oportunidades para as gerações que um dia estarão á frente dos nossos destinos. Em quarenta anos de integração amazônica (...) não pretendemos ser donos da verdade, mas vexilários da livre iniciativa, com uma democracia verdadeira ao alcance de todos", escreveu Cordeiro em 2012, ano após ser homenageado com a primeira edição do Prêmio Milton Cordeiro, uma homenagem da emissora.

Joaquim Margarido (esq.), Phelippe Daou e Milton Cordeiro, fundadores da Rede Amazônica, em imagem de setembro de 2013   (Foto: Reprodução / Rede Amazônica)Joaquim Margarido (esq.), Phelippe Daou e Milton Cordeiro, fundadores da Rede Amazônica, em imagem de setembro de 2013 (Foto: Reprodução / Rede Amazônica)

Empenhado no compromisso de integrar os povos da Amazônia pela comunicação, Milton Cordeiro chegou a se definir certa vez, em depoimento ao grupo que fundou. Em suas palavras, Milton Cordeiro é "um homem de família, um homem temente a Deus, que abraçou uma profissão, que viu seu pai ser um grande redator e que procurou ser igual".

Estudos
Milton Cordeiro começou os estudos da infância no Colégio São Geraldo, indo depois para o Colégio Amazonense onde concluiu o Ensino Médio. Orador de turma, ele optou por seguir os estudos universitários no curso de direito.

A faculdade foi concluída em 1963, pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Como bacharel, ele chegou a atuar como delegado de polícia. Foi repórter, redator, secretário e diretor superintendente executivo da empresa Archer Pinto.

 Prêmio Milton Cordeiro reuniu jornalistas em Manaus (Foto: Sérgio Rodrigues/G1 AM) Prêmio Milton Cordeiro reuniu jornalistas em
Manaus (Foto: Sérgio Rodrigues/G1 AM)

Homenagem perene
Em homenagem aos 80 anos do jornalista, a Rede Amazônica lançou, no dia 29 de novembro de 2012, em Manaus, o Prêmio Milton Cordeiro de Jornalismo.

A homenagem e o prêmio foram objetos de segredo para o homenageado e para os convidados presentes na cerimônia. Além de familiares, amigos e colegas de trabalho, também se fizeram presentes autoridades e a imprensa local.

O evento começou com uma homenagem à história do jornalista, que atuou na área da comunicação 57 anos de sua vida. Com lágrima nos olhos, Milton Cordeiro disse nunca se sentir tão grato. "Estou muito feliz. Não esperava um dia receber uma homenagem tão importante. É o coroamento da atividade profissional a qual dediquei a minha vida", contou à época.

Na ocasião, o presidente da Rede Amazônica ressaltou a satisfação em homenagear o amigo, parceiro de profissão e de vida. "Esta é a maneira de fazer uma homenagem que não é passageira. Onde o prêmio estiver presente, estará presente a figura de Milton e a certeza de quem ainda existem bons jornalistas", disse.

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