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Umbandista que fez Enem diz que sofre na pele intolerância religiosa

Assunto foi o tema da redação deste ano: "Já fui vítima", diz candidata do Piauí
Danielly Sousa, de 16 anos Foto: Efrém Ribeiro
Danielly Sousa, de 16 anos Foto: Efrém Ribeiro

TERESINA, Piauí - A estudante Danielly Sousa, de 16 anos, saiu de seu local de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em Teresina, no Piauí, satisfeita com o tema da redação deste ano, “Caminhos  para combater a intolerância religiosa no Brasil”. Ela contou que sofre na pele o drama do preconceito disseminado no país. Por conta disso, o espaço de uma lauda foi pouco para a candidata resumir tudo o que gostaria de escrever.

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- Já fui vítima de intolerância religiosa e discriminação. A religião é um motivo para discriminação do próximo. Sou católica, mas frequento os templos de umbanda, sou umbandista e hoje tenho certeza que os umbandistas e praticantes de candomblé são os que mais sofrem preconceito no Brasil - criticou a participante do exame.

A jovem acrescenta que muitas pessoas julgam e discriminam a religião, sem ao menos conhecer e saber do que se trata, além de terem falsos julgamentos. “Não só eu sofro com a intolerância das pessoas, mas os membros da minha família também, principalmente quando se vestem com as roupas características da umbanda”, disse.

O devoto de Nossa Senhora Aparecida, o jovem Bruno Wesley, que estava vestido com uma camisa da santa e está fazendo Enem para o curso de psicologia, falou que é católico e disse que o tema  da redação foi inesperado. “Eu pensava que seria qualquer tema, menos esse”, disse o jovem, adiantando que já sofreu com a intolerância religiosa por alguns protestantes que lhe chama de adorador de imagens. “Os evangélicos nos criticam e nos perseguem, além de nos chamar de adorador de imagens. Eles são mais intolerantes do que a gente que é católico”, afirmou o candidato.

A candidata a uma vaga de direito e evangélica, Cláudia Valéria, declarou que não gostou do tema da prova para tratar na redação, por ser muito complexo. Ela disse que por ser evangélica, já sofreu intolerância religiosa porque quando vai pregar o evangelho encontra muita dificuldade, porque as pessoas não aceitam ouvi-la. “Sou evangélica da Igreja Batista e ninguém quer nos dá atenção quando vamos pregar o evangelho nas residências das famílias”, completou.

A modelo Giskarlese da Silva Martins e está fazendo o Enem para direito disse que o tema da redação sobre intolerância religiosa no Brasil foi muito boa por que tem sido discutida amplamente pela mídia, ampliando o debate e que por isso ficou mais fácil trabalhar o tema. Ela declarou que é católica e nunca foi vítima de intolerância, mas sabe que no Brasil existe muitos casos de intolerância e cada vez mais entre evangélicos e católicos, mas reconhecem que muitos evangélicos sofrem intolerância, principalmente os Testemunhas de Jeová. “Ele visitam as casas e quase sempre são mal recebidos pelas pessoas, apesar de seu único objetivo ser querem divulgar o evangelho”, pontuou.