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Sete erros: confira os motivos que levaram o Coelho de volta à Série B

Um ano após o retorno à elite, América-MG é rebaixado e terá de aprender com
as falhas para tentar retornar e permanecer na Primeira Divisão no futuro

Por Belo Horizonte

Se faltava apenas a matemática, não falta mais. O iminente rebaixamento do América-MG foi confirmado após 35 rodadas do retorno do time à Série A do Campeonato Brasileiro. O aval dos números veio somente após a derrota para o Flamengo por 1 a 0, nessa quarta, no Mineirão, que acabou com a chance do Coelho de sair do grupo dos quatro últimos colocados até o fim da competição. No entanto, a sensação da queda era nítida desde o início do segundo turno do Brasileirão. O fracasso na campanha não poupa dirigentes, comissão técnica, jogadores e torcida, que juntos estarão na disputa da Série B em 2017. Para tentar explicar as razões que provocaram rebaixamento do Coelho, o GloboEsporte.com listou sete fatores que custaram a permanência do time na Primeira Divisão do futebol nacional:

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ilusão do estadual

O América-MG entrou no Brasileirão ainda comemorando o título do Campeonato Mineiro. Nas fases decisivas do Estadual, o Coelho desbancou Cruzeiro, na semifinal, e Atlético-MG, na final, e levantou o troféu. A conquista mascarou as fragilidades do elenco e do clube. Sem conseguir vencer nenhuma partida fora do Independência, a equipe de Givanildo Oliveira correu sério risco de não se classificar para as semifinais do Estadual. Avançou em quarto lugar, fez os resultados em casa no mata-mata e comemorou a conquista com um empate no Mineirão. Se esse retrospecto como mandante fosse mantido no Brasileiro, o fantasma do rebaixamento poderia ter ido assombrar em outro lugar.

Comemoração do América-MG no Mineiro (Foto: Agência i7)Após empate com o Atlético-MG, jogadores do América-MG comemoraram o título do Mineiro (Foto: Agência i7)


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entre e sai de jogadores

Contratações mal avaliadas. Assim pode ser definida parte dos reforços acertados pelo América-MG para a temporada. Jogadores de nível Série B para disputar a Série A. Dos 31 que chegaram ao clube em 2016, 15 deixaram o Coelho durante o Campeonato Brasileiro: os zagueiros Suéliton, Artur e Adalberto, os meias Alan Mineiro, Rafael Bastos, Eduardo, Diego Lopes e Eisner Loboa, e os atacantes Tiago Luís, William Barbio, Borges e Victor Rangel - além deles, os atacantes Maranhão e Romário já haviam abandonado o barco durante o Estadual. Cesinha não chegou nem a ser apresentado pelo clube, se transferindo para a Coreia do Sul, após participar de parte da pré-temporada no CT Lanna Drumond. E nesta reta final de Brasileiro, o elenco pode perder mais um: o lateral Pablo, que está prestes a assinar a rescisão.

Cesinha e Christian, do América-MG (Foto: Carlos Cruz/AFC)Cesinha (de blusa verde): chegou e treinou, mas não foi apresentado oficialmente (Foto: Carlos Cruz/AFC)


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fator casa

Dono do Independência, o Coelho não soube transformar o estádio em um caldeirão. A presença de público nas partidas do time no Horto foi abaixo da expectativa. O América-MG teve pouco mais de 3.300 torcedores por jogo como mandante. Esse número leva em conta os 22.828 pagantes que acompanharam o duelo diante do Palmeiras, em Londrina, no Paraná, e a média de 2.327 pessoas em confrontos no Independência. A falta de apoio refletiu na tabela. Se levarmos em conta apenas os jogos como mandante, o América conseguiu apenas 23 pontos em 18 partidas, ficando apenas na frente do Santa Cruz, que conquistou somente 19 atuando em casa, até agora, neste Brasileiro.

Estádio Independência, em Belo Horizonte (Foto: Reprodução SporTV)Independência registrou pouca presença de torcedores nos jogos do América-MG (Foto: Reprodução SporTV)










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Troca de técnicos

Campeão estadual pelo Coelho, Givanildo Oliveira amargou uma sequência de cinco jogos sem vitórias nas primeiras rodadas do Brasileirão. Segundo técnico que mais comandou o América-MG na história do clube, foi demitido após dois empates e três derrotas. O treinador deu lugar ao português Sérgio Vieira, que assumiu a equipe após dirigir a Ferroviária no Campeonato Paulista. O trabalho no interior de São Paulo foi implantado no CT Lanna Drumond, mas sem sucesso. O estrangeiro permaneceu por pouco mais de um mês no comando do time e não resistiu a seis derrotas consecutivas no Brasileiro. Enderson Moreira foi contratado antes do fim do primeiro turno do campeonato, mas não conseguiu reverter o quadro que estava desenhado. Dos 19 jogos com Enderson à frente da equipe, o América-MG contabilizou cinco vitórias, quatro empates e onze derrotas. Foram 12 gols marcados e 24 sofridos.

GIVANILDO OLIVEIRA, SÉRGIO VIEIRA e ENDERSON MOREIRA (Foto: infoesporte)Coelho teve três técnicos na temporada: Givanildo Oliveira, Sérgio Vieira e Enderson Moreira (Foto: infoesporte)


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gestão

O América-MG iniciou a temporada sem diretor de futebol. Oswaldo Torres deixou o cargo no fim de 2015 e só foi substituído em meados de abril, quando o clube anunciou Sidiclei Menezes para o comando do departamento. Diante dos maus resultados e do entra e sai de jogadores, Menezes deixou o cargo em outubro, quando o América-MG oficializou a chegada de Ricardo Drubscky para a função. Os bastidores do conselho de administração do clube, formado por nove presidentes, também foram tumultuados em decisões que envolveram desde a chegada de atletas, troca de treinadores e a transferência do mando de campo, como no caso do jogo do Palmeiras.

Sidiclei Menezes assumiu a direção de futebol do América-MG (Foto: Reprodução/TV Globo)Sidiclei Menezes ocupou o cargo de diretor de futebol do América-MG por seis meses (Foto: Reprodução/TV Globo)




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deficiência no ataque

O América-MG deve fechar o Campeonato Brasileiro com o pior ataque da competição. Até o momento, o time conseguiu apenas 21 gols, oito a menos que o Figueirense, 19º colocado neste quesito. Para se comparar, o melhor desempenho ofensivo da disputa pertence ao Palmeiras, que anotou 57 bolas na rede. Dos 34 jogos que disputou no Brasileirão, o Coelho só conseguiu marcar em 19 partidas, sendo que em apenas dois desses confrontos a equipe fez mais de um gol. 

Borges; América-MG (Foto: Divulgação/ América-MG)Atacante Borges passou pelo América-MG e só fez um gol no Brasileirão 2016 (Foto: Divulgação/ América-MG)




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campanha de visitante

O Coelho pouco ameaçou os adversários quando atuou na condição de visitante. Em 17 partidas fora de casa, só conseguiu quatro empates, perdendo nas outras 13 oportunidades. Longe do próprios domínios, sofreu 34 gols e marcou apenas 10. Nesta conta não entra o jogo contra o Palmeiras, em Londrina, que a diretoria do América-MG, mandante da partida, optou por transferir para o interior do Paraná. Restam ainda mais dois jogos fora de casa para o Coelho tentar a vitória longe de BH e não amargar a pior campanha como visitante da Série A, na era dos pontos corridos. Em 2006, o Ipatinga, que na época disputou o Brasileirão como o nome de Betim, conseguiu apenas cinco empates e terminou o campeonato sem vencer em território rival.

Coritiba; América-MG (Foto: Site do Coritiba)Além de ter a pior campanha como visitante, Coelho ainda não venceu fora de casa do Brasileiro(Foto: Site do Coritiba)