Mundo

Trump pede fim de divisões nacionais em mensagem de Ação de Graças

Presidente eleito assume que alívio de tensões será longo processo após dura campanha
Donald Trump gravou mensagem de Ação de Graças para os EUA Foto: Reprodução
Donald Trump gravou mensagem de Ação de Graças para os EUA Foto: Reprodução

RIO — Em um pronunciamento de de Ação de Graças nesta quarta-feira, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, disse esperar que o país comece a curar as suas divisões. A mensagem foi divulgada pelas redes sociais na véspera do tradicional feriado para os americanos. O republicano afirmou que é hora de o país avançar fortalecido e unido depois de uma dura campanha presidencial, cujo resultado apertado nas urnas mostrou que a população ficou muito dividida entre as duas campanhas muito diversas entre si de Trump e sua ex-rival democrata, Hillary Clinton.

Trump disse ainda que, agora que a campanha presidencial — a que chamou de histórica — terminou, todos precisam se unir para reconstruir o país. Mas reconheceu que este será um difícil processo no atual contexto político em que se encontram os EUA.

— Meu pedido é que neste dia de Ação de Graças nós comecemos a curar nossas divisões e avancemos como um país fortalecido por propósitos compartilhados — declarou o magnata que deverá assumir a Presidência em 20 de janeiro. — Nós acabamos de terminar uma longa e contundente campanha política. As emoções estão cruas e as tensões não se curam da noite para o dia. Não passa rápido, infelizmente.

Mais cedo, o atual presidente, Barack Obama, também fez um apelo contra as divisões. Em uma cerimônia tradicional da véspera do dia de Ação de Graças, o chefe da Casa Branca refletiu sobre o espírito do feriado. E disse que é hora de lembrar que os americanos têm muito mais coisas que podem uni-los do que dividi-los.

SEM APOIO DE MINORIAS

Desde que foi eleito, Trump baixou o tom do seu discurso em comparação à retórica agressiva da sua campanha. O magnata já recuou das propostas mais polêmicas da corrida presidencial e, agora, faz apelos pela união do país — embora sua campanha tenha sido permeada por discursos de exclusão. No entanto, uma análise dos dados eleitorais feita pela agência Reuters mostra que esta poderá ser uma difícil missão para o futuro presidente, uma vez que a sua vitória teve menos apoio de eleitores negros e hispânicos do que qualquer outro presidente em pelo menos 40 anos

Trump foi eleito com 8% dos votos dos negros, 28% de apoio latino-americano e 27% de apoio asiático, segundo pesquisa Reuters/Ipsos feita no dia da eleição. Entre os eleitores negros, seu desempenho é comparável aos 9% obtidos por George W. Bush, em 2000, e Ronald Reagan, em 1984. Mas os ex-presidentes se saíram muito melhor com os hispânicos, alcançando 35% e 34%, respectivamente, de acordo com dados de borca de urna do Centro Roper de Pesquisa de Opinião Pública, uma instituição apartidária.

No caso dos eleitores de ascendência asiática, Trump teve o pior desempenho de um candidato presidencial desde que este item demográfico começou a ser contabilizado, em 1992.

As tensões aumentaram após a vitória de Trump, com celebrações de supremacistas brancos, protestos contra o presidente eleito e marchas pelos direitos civis, bem como centenas de crimes de ódio racista, xenófobo e antissemita documentados pelo instituto Southern Poverty Law Center (SPLC), que estuda grupos extremistas.

O SPLC relata que houve 701 incidentes de assédio e intimidação entre o dia posterior às eleições de 8 de novembro e 16 de novembro, com um aumento desse tipo de incidente logo após a votação.