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Presidente do Corinthians foi alertado por fundo sobre erro em ata, mas não a corrigiu

Presidente do Corinthians foi alertado por fundo sobre erro em ata, mas não a corrigiu

Advogado disse à polícia que Roberto de Andrade foi informado sobre assinatura irregular em outubro de 2015, mas o cartola se omitiu. Intimado três vezes por delegado, mandatário não compareceu para depor

RODRIGO CAPELO
05/12/2016 - 08h00 - Atualizado 05/12/2016 11h44
Roberto de Andrade, presidente do Corinthians (Foto: Daniel Augusto Jr.)

Roberto de Andrade, presidente do Corinthians, foi alertado pelo fundo que administra a Arena Corinthians sobre a irregularidade na ata da assembleia-geral do estádio – o cartola assinou a lista de presença de uma reunião realizada dois dias antes de ser eleito. A informação foi passada por Sérgio Luiz Verardi Dias, advogado da BRL Trust, responsável pelo fundo, à Polícia Civil em inquérito que investiga as fraudes do dirigente corintiano. Apesar do aviso, disse o advogado aos investigadores, Andrade não retificou o documento.

O advogado do fundo relatou à polícia que a reunião de 5 de fevereiro de 2015 – na qual os cotistas da Arena Corinthians deliberaram sobre um aditivo do contrato com a Odebrecht, um aditivo no contrato de financiamento com a Caixa e as assinaturas de contratos de estacionamento e ar-condicionado do estádio – não aconteceu presencialmente. Os assuntos foram tratados por e-mail previamente e formalizados pela ata. Dias afirmou que Mário Gobbi era o presidente no momento das negociações, no fim de janeiro, mas a ata só foi assinada depois que Andrade já tinha assumido a presidência, após a eleição em 7 de fevereiro daquele ano.

Dias disse aos investigadores que meses depois uma auditoria realizada no fundo alertou a BRL sobre a irregularidade. O advogado, então, avisou o Corinthians a respeito do problema por meio do advogado Luiz Felipe Santoro, que por sua vez o respondeu que o clube tomaria providências para corrigir a ata. Até os fatos se tornarem públicos, em reportagem publicada por ÉPOCA, o advogado afirmou que nenhuma retificação da ata foi feita pelo clube, nem pelo fundo.

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O delegado Roberto Tadeu Sampaio Lopes, titular do 52º DP, no Parque São Jorge, responsável pelo inquérito, também intimou Andrade três vezes para que depusesse sobre o caso. Nas duas primeiras, marcadas para 8 e 16 de novembro, o dirigente não compareceu nem deu nenhum retorno à polícia. Na terceira intimação, agendada para 25 de novembro, Andrade pediu por meio de advogado para que o depoimento fosse adiado por causa de compromissos profissionais.

Procurado por ÉPOCA, o presidente do Corinthians confirma que não tomou nenhuma providência sobre a irregularidade. “Optamos por aguardar, pois não víamos a necessidade de retificação naquele momento, uma vez que se tratava de mero erro material, pois o presidente só havia assinado o documento depois da posse”, afirma Santoro, o advogado do clube citado por Dias no depoimento, acionado por Andrade para responder em seu nome à reportagem.

>> Presidente do Corinthians também fraudou contrato

Dias também foi procurado por ÉPOCA para esclarecer qual auditoria alertou a BRL sobre a irregularidade, bem como para se posicionar, mas ele não respondeu ao e-mail enviado às 16 horas de sexta-feira (2).

As irregularidades cometidas por Andrade na ata da assembleia-geral e no contrato de estacionamento da Arena Corinthians, assinado pelo cartola na condição de presidente e datado de 10 de janeiro de 2015, portanto 27 dias antes da eleição, são a base de um processo de impeachment requerido por opositores no clube.

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